Sergio Quintanilhai Sergio Quintanilha https://motorshow.com.br/autor/sergio-quintanilha/

21/09/2015 - 11:04

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Dois novos modelos vão balançar o mercado de picapes nos próximos meses. Estou falando da Renault Oroch e da Fiat Toro. A primeira chega agora em outubro, é baseada no crossover Duster e sai da linha de produção da Renault em São José dos Pinhais, Paraná. A segunda chega em fevereiro, é um projeto novo que usa a plataforma do Jeep Renegade e será produzida na fábrica da Fiat Chrysler em Goiana, Pernambuco. Muitas informações sobre essas duas picapes estão embargadas, mas já podemos fazer uma previsão de como elas mexerão no mercado.

A grande diferença da Oroch e da Toro – e essa é a razão do rebuliço que causarão no setor – é que ambas trazem um conceito totalmente novo. Tão novo que nem os fabricantes nem a imprensa especializada chegaram a um consenso sobre como batizar essa categoria. Isso porque a Renault chama as picapes pequenas (Fiat Strada, Volkswagen Saveiro e Chevrolet Montana) de “compactas” e o mercado chama as picapes médias (Chevrolet S10, Toyota Hilux, Ford Ranger, Mitsubishi L200, Volkswagen Amarok e Nissan Frontier) de “grandes”. Ora, grandes são a Ford F-150/250 e RAM 2500 (antiga Dodge). A Renault ensaia chamar sua nova picape de “intermediária”. Para diferenciar das picapinhas e das médias, prefiro classificar a Oroch e a Toro como picapes compactas ou, numa concessão linguística, como picapes crossovers (pois são como os automóveis com essas características).

Tecnicamente, a Renault Oroch e a Fiat Toro estarão mais próximas das picapinhas do que das médias. Isso porque também serão derivadas de automóveis ou terão projetos próprios com carroceria monobloco, só que bem maiores do que as já citadas Strada, Saveiro e Montana. As médias, como a líder S10, são na verdade pequenos caminhões, ou seja, uma carroceria sobre chassi com duas longarinas. Portanto, o comportamento dinâmico da Oroch e da Toro será  muito mais parecido com o de carros normais (como as picapinhas), trazendo a vantagem de uma cabine dupla espaçosa, caçamba volumosa e posição de dirigir alta. Graças à carroceria monobloco, a dupla Oroch/Toro oferecerá as mesmas sensações de dirigir dos crossovers Duster/Renegade. Para saber mais detalhes sobre o comportamento dinâmico de ambas, leia reportagens que sairão na revista Motor Show de outubro, em breve nas bancas.

Tais características levam a Renault a acreditar em dois tipos de clientes para a Oroch: o comprador de picapes médias usadas e o consumidor de picapinha cabine dupla que procura melhor custo-benefício. Afinal, a Strada Adventure custa R$ 67.110 e a Saveiro Cross sai por R$ 68.290, enquanto a Oroch de entrada deve custar um pouco menos. A Saveiro ainda tem mais duas versões de cabine dupla: Highline (R$ 59.990) e Rock In Rio (R$ 61.690). Por mais que a Strada e a Saveiro tenham feito enorme sucesso com suas versões de cabine dupla, ambas perderão feio na comparação com a Renault Oroch. Por isso, as vendas da Strada e da Saveiro devem cair, pois suas versões de maior sucesso são justamente as de cabine dupla. Com os preços atuais, não duvido sequer que as versões de cabine dupla encalhem nas lojas. Algo terá que ser feito.

A Renault não tem nada com isso. Mas a Fiat tem – e muito. Para não canibalizar a Strada, ela tratará de posicionar a Toro numa faixa de preço superior, entre R$ 80.000 e R$ 120.000. Sua estratégia será atacar as versões de entrada das médias com cabine dupla e até as que estão no topo de linha (algumas mais próximas dos R$ 200.000 do que dos R$ 100.000). Pena (para a Fiat) que a Renault também quis participar da brincadeira (e em 2018 participará também da briga das médias, com a novíssima picape Alaskan). Esse novo mercado de picapes compactas/crossovers parece ser tão bom que a Hyundai e a Mercedes já revelaram ter seus modelos em desenvolvimento. Afinal, a Oroch e a Toro estão oferecendo status, grande capacidade de carga, esportividade e aventura (atributos das picapes tradicionais) com algo que é simplesmente impossível para uma S10, uma Ranger, uma Amarok & Cia: o conforto, a estabilidade, a manobrabilidade, o desempenho e o consumo de um carro.

RANKING DAS PICAPES NO BRASIL

Vendas acumuladas janeiro-agosto de 2015

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