A Peugeot acelera no caminho da eletrificação. Em janeiro, a marca francesa esclareceu os termos do seu “projeto verde”, dedicado à mobilidade do futuro. Um plano que, em poucas palavras, diz o seguinte: ainda este ano, toda a gama da marca estará eletrificada; até 2025 todos os modelos terão ao menos uma versão elétrica a bateria; e, a partir de 2030, todos os Peugeot vendidos na Europa terão “emissão zero” (mas não no Brasil, onde teremos, por muito tempo, veículos flex). Nessa história, um dos modelos que mais interessa aos brasileiros é a terceira geração do 3008 – um carro cada dia mais importante, que nasceu em 2009, bem diferente de hoje (leia quadro).

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O próximo 3008 será apresentado ao mundo ainda na segunda metade deste ano, e chegará às lojas europeias e no Brasil no decorrer de 2024. Obviamente terá motorização elétrica, ao mesmo tempo em que também será – salvo improváveis surpresas – oferecido em versões com motor a combustão e/ou híbridas plug-in. Um forte sinal da importância crescente do modelo está no fato de que ele vai marcar uma verdadeira “virada” na transição do Grupo Stellantis para o carro elétrico, ao estrear a nova plataforma STLA medium, que dará origem a inúmeros modelos do grupo franco-italiano, incluindo o novo Jeep Compass.

Quem sabe é por isso também que a Peugeot ainda não revelou quaisquer detalhes sobre o novo “pacote técnico”: com certeza, só sabemos que SUV-cupê será oferecido com três opções de powertrain a bateria (talvez um deles ofereça um sistema de 400 volts), sendo que terá uma versão com apenas um motor (com potência na faixa de 180 a 200 cv) e outra “dual motor”, com uma unidade por eixo e, portanto, tração nas quatro rodas (potência de cerca de 300 cv). Além disso, os dados já sugeridos sobre a autonomia são inte-ressantes: falam em até 700 quilômetros, graças a uma bateria de altíssima capacidade (nossas fontes falam em duas opções, de 87 e 104 kWh).

NÃO SÓ ELÉTRICO

Como já dissemos, a terceira geração do 3008 não será exclusivamente a bateria: parte da oferta consistirá da nova versão MHEV (com sistema híbrido leve), que vai estrear na geração atual, como na maioria dos modelos da marca francesa. Neste caso, entra em cena o renovado 1.2 Pure-Tech de três cilindros (versões de 100 e 136 cv), “hibridizado” por um sistema de 48 volts e combinado com uma inédita caixa elétrica de dupla embreagem e seis marchas (batizada E-DCS6), que incorpora no mesmo conjunto um motor elétrico de 29 cv. Tal sistema, dotado de uma bateria que se recarrega durante a condução e garante melhor aceleração em baixas velocidades, permitirá, segundo o fabricante, reduzir o consumo e as emissões em cerca de 15%.

O restante da gama do 3008 – e isso deve valer também para o Jeep Compass, por isso é bom ficar de olho – será completada por modelos híbridos plugáveis. Seriam duas variantes: uma de cerca de 200 cv, a outra de 300, ambas com um animado motor elétrico (ao redor de 120 cv) combinado a uma renovação do conhecido 1.6 PureTech. A autonomia em modo elétrico puro deverá aumentar, graças a uma bateria com capacidade de 20 kWh.

MUDANÇA DE ESTILO

Mas quais seriam as formas da carroceria desta nova geração do 3008? Embora aclamado, o estilo atual vai mudar, sim, assumindo características das últimas criações da Peugeot – das quais o 408 que avaliamos na edição passada é o exemplo mais recente. Talvez ele seja ainda mais ousado e extremo, no sentido de que vai haver uma interpretação evolutiva do volume da traseira. Ela talvez fique mais curta e afilada, somando a um design ainda mais aguçado e dinâmico. Tudo sugere um 3008 em formato de SUV-cupê, que se afastará significativamente do futuro irmão 5008 – modelo que se tornaria, ainda mais que é hoje, a autêntica alternativa “familiar” da marca.

Esta hipótese é sugerida pelas “mulas” de teste que foram flagradas nas estradas, nas quais nos inspiramos para fazer as projeções por computador que você vê aqui. Se tal interpretação estiver correta, e temos motivos para acreditar que sim, o novo 3008 poderá apresentar uma dianteira com grade frontal mais envolvente, “arrematando” os feixes luminosos superfinos e incrustados em LED. É bom, então, apostar na confirmação das conhecidas “garras” das luzes diurnas, talvez com três elementos de cada lado, ao invés de um único.

Uma linha de cintura alta e forte e vidros traseiros reduzidos devem caracterizar as laterais do utilitário esportivo francês – que, graças à nova plataforma, deve ter uma distância entre-eixos mais generosa que atualmente (2,68 metros), além de ter a possibilidade de melhor aproveitamento do espaço interno. Isso poderia tornar a cabine ainda mais confortável do que a atual, mas de certa forma mais claustrofóbica, por causa da pequena área envidraçada.

A EVOLUÇÃO DO PAINEL

Já o famoso “i-Cockpit”, em seu décimo primeiro ano de vida, deve ser atualizado, inspirando-se, de novo, no 408. Tanto o volante com a coroa reduzida como a instrumentação digital em posição mais elevada estão confirmados, mas a tela do sistema multimídia e de informações deve ficar mais próxima dele, seguindo a tendência das marcas alemãs de luxo. Mas não deve chegar aos espetaculares “visores curvos”, nem mesmo ao layout inédito antecipado pelo conceito Peugeot Inception: a revolução prometida pelo tal “Hypersquare”, com o volante tipo joystick, terá que esperar.

CONSIDERANDO O VISUAL ESPORTIVO, A DISTÂNCIA PARA O IRMÃO 5008 VAI AUMENTAR

 

VIRADA DE JOGO

O Brasil teve as duas gerações do SUV médio francês importadas
O Brasil teve as duas gerações do SUV médio francês importadas. Foto: Divulgação

O Brasil teve as duas gerações do SUV médio francês importadas – e a segunda, que foi nossa Compra do Ano e por um tempo um excelente negócio, ficou cara demais com a disparada do dólar, e as vendas despencaram. Uma história bem diferente daquela na Europa, onde a segunda geração 3008 vendeu muito. Cá como lá, representou uma “virada de jogo” na imagem da marca. Além de ganhar o formato de SUV – a primeira geração, de 2009, era um crossover de modesto apelo estético – chegou com um design forte e inovador, incluindo o do habitáculo, como os controles no “teclado de piano”. Em suma, o SUV virou carro da moda, e isso beneficiou muito suas vendas (em 2020, após bela reestilização, ficou com a aparência atual). Na Europa, já foram vendidas mais de 1 milhão de unidades. Resultados que a Peugeot espera agora igualar e, quem sabe, até superar.

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