27/10/2023 - 17:41
Conteúdo atualizado e adaptado*
Primeiro a pandemia de Covid-19, depois a crise dos chips: a estreia do Nissan Ariya, inicialmente prevista para 2021, foi adiada por cerca de um ano, e o novo modelo chegou às revendedoras europeias em julho. Agora, a vinda ao Brasil está certa. Quanto vai custar? Sobre isso a marca não fala. Mas imaginamos que será um rival de VW ID.5 e Tesla Model Y, só para citar dois modelos.
O Ariya é grande, mas não exageradamente: tem 4,59 metros de comprimento, 16 cm a mais do que o médio Qashqai. Pode ser chamado tanto de crossover quanto de SUV-cupê, por causada do caimento do teto/traseira. De qualquer forma, o novo carro 100% elétrico de Yokohama tem um papel estratégico para a marca: representa um passo fundamental no processo de eletrificação da gama, com o lançamento de 12 novos modelos nos próximos 18 meses.
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Os designers mantiveram muito do conceito de 2019: o Ariya é sinuoso, elegante, com rodas de até 20”, para-lamas definidos por uma moldura preta brilhante e faróis finos, tão bem inseridos na grande grade que é quase difícil de identificá-los quando desligados. É original, mas evita excessos, deixa claro que é um elétrico de alta tecnologia sem precisar gritar. Há opções de bateria com 63 ou 87 kWh, e autonomia, teoricamente, de até 500 quilômetros (360 no básico), e a possibilidade de escolher entre tração nas duas ou quatro rodas.
Sinta-se em casa
Conheci o Nissan Ariya no circuito de Jarama, um local inusitado para testar as qualidades de um SUV elétrico. Obviamente, não estou lá para marcar tempo da volta: neste primeiro contato, simulamos a condução do novo Nissan entre cones e placas de trânsito, passando por cenários que vão da cidade à rodovia. Antes, tenho uns minutos para me familiarizar com o cockpit. Sem exageros, é um painel simples, linear, desprovido de qualquer comando físico, caracterizado por superfícies de madeira com comandos sensíveis ao toque embutidos e rentes ao estofamento: visíveis só quando o carro está ligado, respondem com uma leve vibração da superfície, confirmando a ativação. O efeito cênico é garantido, mas a praticidade ao dirigir é prejudicada.
Bem mais “inteligente” é o grande porta-objetos sob o painel, que, quando não está sendo usado, desaparece de vista, deixando o assoalho plano e sem barreiras (mérito da arquitetura dos carros elétricos). E, não sei se devido ao uso extensivo de microfibras – semelhante ao Alcantara – ou ao considerável espaço disponível, mas a impressão é de que a cabine é uma pequena sala de estar. Tal sensação é reforçada pelos bancos “Zero Gravity”, que, com o uso de espumas de diferentes densidades, tentam diminuir aquela sensação comum de afundar no assento após muitas horas ao volante.
Mas o conforto, no Ariya, também passa pelo funcionamento silencioso: algo que, em se tratando de um elétrico, pode parecer óbvio, mas nem sempre é tão óbvio assim: quando se fala, por exemplo, em manter o barulho dos pneus no asfalto bem longe das janelas, alguns modelos elétricos têm mais dificuldade. Deste ponto de vista, os engenheiros japoneses mostraram que fizeram bem o dever de casa, mesmo quando dirigimos na velocidade máxima do SUV-cupê, que é limitada eletronicamente a 160 km/h.
Um sistema original
Ao volante, o Ariya convence, transmitindo confiança ao motorista mesmo quando ele exagera na velocidade. Tudo graças a uma suspensão que não se entrega fácil e uma direção precisa e comunicativa: detalhes que não são fáceis de encontrar quando se trata de carros elétricos, ainda mais com a carroceria mais alta. Os japoneses também desenvolveram o sistema de tração nas quatro rodas, que chamam de e-4orce. Não consegui testá-lo no Ariya, pois a versão 4WD ainda não está disponível, mas sim – um detalhe meio bizarro – em um Leaf preparado para a ocasião (o modelo elétrico pioneiro da Nissan, que vende muito bem no Brasil).
O importante era apreender as peculiaridades do princípio de funcionamento. Além da contribuição em termos de segurança típica da tração nas quatro rodas, o Ariya terá um sistema de gerenciamento de frenagem. Em baixas velocidades, por exemplo, a frenagem regenerativa (que geralmente atua só no eixo dianteiro) também é aplicada no traseiro. A intenção dos projetistas é conter a sensação de movimento para a frente dos ocupantes. Um refinamento em termos de conforto, que é mais necessário quando o modo de condução e-Pedal é ativado, intensificando a regeneração.
Nissan Ariya 63 kWh 2WD
Preço básico
R$ 350.000*
Carro avaliado
R$ 350.000*
Motor: dianteiro, elétrico assíncrono
Combustível: a bateria Potência: 218 cv (160 kW)
Torque: 300 Nm
Câmbio: caixa redutora com relação fixa
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e multilink (t)
Freios: disco (d) e disco ventilado (t)
Tração: dianteira (4WD opcional)
Dimensões: 4,59 m (c), 1,85 m (l), 1,66 m (a)
Entre-eixos: 2,75 m
Pneus: n/d
Porta-malas: n/d
Bateria: íons de lítio, 63 kWh
Peso: 1.914 kg
0-100 km/h: 7s5
Velocidade máxima: 160 km/h (limitada)
Consumo: 18,7 km/kWh
Autonomia: 360 (WLTP)
Recarga: AC 22kW, DC 130 kW
Nota do Inmetro: A* Classificação na categoria: A*
*Números estimados