30/01/2024 - 14:17
Por Flávio Silveira
Tudo bem gostar de SUV. Mas nem todos gostam. Muitos leitores relataram ter saído de sedãs para SUVs e voltado, por não se adaptarem. Diversos engenheiros não veem neles um ideal de automóvel – afinal, os técnicos precisam buscar máxima eficiência e estabilidade (segurança), e o “formato básico” dos SUVs não ajuda. E quem curte prazer ao volante, sentir o carro “na mão” em uma serra, não gosta de SUV. Mas tudo bem, gosto é gosto. Eles têm posição de dirigir alta, passam a sensação de superioridade… Ou você pode precisar de um para levar bicicletas, o que for. Ou, digamos, é dos raros clientes que usa 4×4. Se o seu não é nenhum destes casos, eis o melhor motivo para não comprar um SUV: a 11ª geração do Honda Accord.
• Dentro da cabine, ele é praticamente o mesmo Accord de sempre, muito racional e mais espaçoso que qualquer SUV (afinal, o sedã tem 2,83 metros de entre-eixos e quase cinco de comprimento).
• No design, as linhas gerais ficaram mais horizontais e limpas.
• Já no acabamento, precisão absoluta na montagem, com couro natural e outros materiais que, se não são do nível de uma marca de luxo, estão quase lá.
• O quadro de instrumentos parece ser analógico, elegante e claro de ler, mas é digital e altamente personalizável, por meio de facílimos comandos no volante, nas informações: de um lado se escolhe celular, rádio e etc., do outro informações como fluxo de energia e consumo (que também são registrados na tela central, se assim preferir).
• O porta-malas é maior que na maioria dos SUVs médios, com 574 litros.
+ Compra do ano 2024 – Sedã Médio: Honda Civic
Ao volante
A posição de dirigir pode ir muito baixa a bastante alta (mas nunca dá a “sensação de SUV”, pois o carro é de fato mais baixo). Os bancos têm vários ajustes elétricos, incluindo de inclinação do assento, e o volante também é amplamente regulável.
O head-up display projeta no vidro informações dos diversos sistemas de assistência à condução – todos impecáveis em sua atuação –, que estão presentes também no cluster.
Os retrovisores são um tanto pequenos, mas com um ótimo espelho convexo (e ainda há o monitor do ponto cego direito por meio de câmera).
O sistema híbrido e:HEV dispensa recarga e ganha força em relação ao usado no Civic. Para quem tem saudades dos mais de 250 cv e 370 Nm da época dos Accord a combustão, o conjunto eletrificado que surgiu na geração anterior e agora foi aprimorado não empolga igualmente, claro, mas está longe de decepcionar: são “só” 184 cv, mas 348 Nm elétricos – ou seja, instantâneos (não fosse o leve atraso do sistema em captar e atender ao pedido do pé direito). É um sistema brilhante, com autonomia que pode passar de mil quilômetros.
Como nos outros híbridos da marca, em velocidades urbanas o Accord usa apenas o motor elétrico para tração – o 2.0 a gasolina, muito silencioso, só alimenta a bateria – e faz facilmente marcas acima de 20 km/l.
Em grandes avenidas ou estradas, em velocidades mais altas e constantes, o motor a gasolina passa a mover o sedã, conectado diretamente ao eixo dianteiro por meio do acoplamento de uma engrenagem (e, ao mesmo tempo, carrega a bateria quando “sobra” potência).
Precisa ultrapassar? O motor elétrico volta a tracionar e a unidade a combustão recomeça a gerar eletricidade – “fingindo” trocar marchas para não causar desconforto pela diferença de movimento e som.
No modo Sport há, ainda, uma discreta e agradável simulação de som por alto-falantes.
Outra sacada é o uso das aletas junto ao volante para aumentar a regeneração de energia nas frenagens, o que pode ser útil em descidas, para agir como freio motor, e em reduções – ainda poupando os freios e deixando o carro mais na mão em uma tocada esportiva.
Por fim, há uma excelente central multimídia – com pacote de serviços conectados grátis por um ano, como controles variados do carro por aplicativo –, muitos equipamentos e itens de segurança de sobra, além de uma direção rápida e suspensão silenciosas, que trabalham sempre de modo irrepreensível, priorizando o conforto sem sacrificar a dinâmica (imbatível se comparada à de SUV médios).
Compra com motivos definidos
Preço? R$ 324.900. E aí muita gente torce o nariz.
• “Por menos que isso, compro um Haval H6 PHEV de 400 cv e 770 Nm”, dirão. Mas é um SUV, sobre o que já falamos antes, e é uma novidade chinesa – e quem compra um Honda quer tradição e confiabilidade.
• “Se é pra ficar em sedã e marca conhecida, compro um premium alemão, um BMW 320i”. Sim, bem menor, não híbrido e com manutenção alta.
• “Mas dá muito mais status!” Claro que sim, mas em um país cheio de crimes, quem compra o Accord prefere a discrição.
Racionalmente, portanto, nenhum outro carro hoje, por este valor, entrega mais equilíbrio entre porte, equipamentos, tecnologia, consumo, confiabilidade e racionalidade do que este novo Accord. Porém, na mesma concessionária, o novo Civic Híbrido, por R$ 65 mil a menos, oferece quase o mesmo (mas não tudo).
Normalmente, quem compra um Accord é porque já teve outro. Sabe muito bem o que quer, e jamais se decepciona.
Honda Accord Advanced Hybrid
Preço básico R$ R$ 324.900
Carro avaliado R$ 324.900
Motores: quatro cilindros em linha 2.0, 16V, duplo comando com variação na admissão e no escape, injeção direta + elétrico gerador + elétrico de tração
Tipo: híbrido série-paralelo (Honda e:HEV)
Combustível: gasolina + eletricidade
Potência: 146 cv a 6.100 rpm + 184 cv = 184 cv
Torque: 188 Nm a 4.500 rpm + 335 Nm
Câmbio: automático e-CVT
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e multilink (t)
Freios: discos ventilados (d) e discos sólidos (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,971 m (c), 1,862 m (l), 1,459 m (a)
Entre-eixos: 2,830 m
Pneus: 235/45R18
Porta-malas: 574 litros
Tanque: 48 litros
Peso: 1.625 kg
0-100 km/h: 6,9 s (MS)
Velocidade máxima: 180 km/h
Consumo na cidade: 17,8 km/l
Consumo na estrada: 16,1 km/l
Emissão de CO2 76g/km
Nota do Inmetro: A
Classific. na categoria: A (Extra Grande)