27/02/2024 - 9:55
Por Flávio Silveira
Reportagem Gian Luca Pellegrini
Agora mais à vontade no papel de abre-alas elétrico da Stellantis, a marca Fiat reafirma essa nova e surpreendente vocação com o inédito 600e, que ocupa o lugar do 500X vendido na Europa – este último até foi trazido ao Brasil no Salão do Automóvel de 2018 para testar a reação do público, mas logo desistiram de vendê-lo. Já o novo SUV pode estrear ainda este ano no Brasil, segundo o site Autos Segredos. Afinal, como a Stellantis parece ter desistido – ao menos por enquanto – de produzir e/ou importar o Jeep Avenger, o Fiat pode servir bem ao nicho de elétricos “premium”. E, se o primeiro carro a bateria do grupo, tanto na Europa quanto no Brasil, foi um hatch que conhecíamos bem, o simpático 500e (conhecido como “cinquecento”), o “seicento” é uma versão maior e melhor dele. Quer dizer, não exatamente.
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A Fiat vê no 600e – que tem duas portas a mais e ainda é 54 cm mais longo do que o irmão – sua essência verde (considerando apenas os gases de escape, mas não causemos polêmica).
Seria um carro moderno e politicamente correto, algo imperativo hoje.
Mas o mercado tem suas necessidades: as vendas de elétricos ainda são baixas, não só no Brasil, mas também em países europeus, como na Itália – para piorar, metade deles são da Tesla, lá, ou chineses, por aqui (e alguns, Tesla chineses).
Então, é preciso combinar a versão eco friendly com a da realidade pra ganhar mercado (e agradar aos concessionários e ao modelo de negócios).
A Jeep mostrou como se faz isso com o Avenger. Se o elétrico dá à marca uma imagem de sustentabilidade e não vende quase nada, as pessoas compram, por muito menos, o econômico 1.2 a gasolina: ele, inclusive, deveria ser exclusivo dos retardatários europeus da transição (italianos e espanhóis), mas, como o consumidor não é bobo, já chegou à Alemanha, à França e ao Reino Unido.
Apesar de usar uma plataforma da Jeep, toda a cabine segue o design da “família Cinquecento” – incluindo os não tão práticos controles do câmbio por botões. Seu quadro de instrumentos é digital, com tela central de 7,2 polegadas, enquanto a central multimídia tem 10,2. Entre os itens de série, há câmeras 360o. Já para quem esperava algo muito similar ao 500, o espaço traseiro surpreende – mas faltam saídas de ar para quem vai ali
Na pista de testes de nossa parceira italiana Quattroruote, avaliamos o 600e com o pacote “cool” La Prima (nome já usado pelo 500): na Itália, ele custa € 40.950 antes da generosa ajuda estatal e das promoções, preço justificado pela lista mais completa de itens de série e pelo acesso às cores mais originais.
Ou seja, não sairia por menos de R$ 267 mil, se importado. Sob a carroceria, há um Avenger BEV, então anda como um Avenger BEV:
• muito bem,
• com um excelente equilíbrio entre a vivacidade “natural” de um carro elétrico e um comportamento na estrada,
• que reafirma, mais uma vez, a superioridade da escola italiana neste campo.
Alcance
• A bateria tem capacidade de 51 kWh líquidos e alimenta um motor elétrico dianteiro de 156 cv e 260 Nm, que garante aceleração de 0-100 km/h em bons nove segundos, com máxima limitada a 150 km/h.
• O carregador de bordo suporta apenas 11 kW, mas em DC chega aos 100 kW – se você conseguir achar um desses funcional e desocupado.
• Já a autonomia oficial no ciclo europeu é de 400 quilômetros na estrada e 600 na cidade – mas, nos testes da Quattroruote, ficou em ainda bons 400 quilômetros no uso urbano e pouco mais de 300 no rodoviário.
O problema do 600e, na Europa, é que a versão híbrida chega em breve com um preço muito atraente, também muito bem equipada, e… só então o 600e será um verdadeiro sucesso de vendas e cumprirá sua missão, gerando vendas e lucros para a marca e para as revendas com seu bom custo-benefício e o interior espaçoso e tecnológico.
Aqui no Brasil, porém, a versão a bateria deve bastar, considerando a estrutura de ofertas do grupo Stellantis.
FIAT 600e
Preço estimado no Brasil R$ 269.900
Preço na Itália R$ 218.000
Motor: dianteiro, elétrico, síncrono, ímãs permanentes
Combustível: eletricidade Potência: 156 cv
Torque: 260 Nm
Câmbio: automático, caixa redutora com relação fixa
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: discos ventilados (d) e tambores (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,17 m (c), 1,78 m (l), 1,53 m (a)
Entre-eixos: 2,56 m
Pneus: 215/55 R18
Porta-malas: 276 litros (medição QRT)
Bateria: íons de lítio, 54 kWh líquidos
Peso: 1.520 kg
0-100 km/h: 8s8 (QRT)
Velocidade máxima: 150 km/h
Consumo na cidade: 7,2 km/kWh*
Consumo na estrada: 6,1 km/kWh
Consumo em rodovia (130 km/h): 3,5 km/kWh
Consumo médio: 5,2 km/kWh
Autonomia: 297 km (QRT)
Recarga máxima: 11 kW (AC) e 100 kW (DC)
Nota do Inmetro: A (estimada)