Por Rafael Poci Déa

Johnny Cash, Alan Jackson e Shania Twain estão entre os nomes famosos do country clássico norte-americano. É um gênero de música que, embora não esteja entre meus preferidos, fiz questão de ouvir ao volante desta também clássica picape dos EUA, a Chevrolet Silverado. Importada do México, ela me deu um gostinho da vida no Meio-Oeste e estreia no Brasil na versão High Country, de R$ 529.990, para incomodar as rivais Ford F-150 Platinum e Ram 1500 Limited.

Antes de tudo, precisei “resetar” a mente, pois estava acostumado com a S10 quer havia acabado de testar, e as dimensões superlativas da Silverado exigem uma dose adicional de atenção nas manobras ou mudanças de faixas, sobretudo com motociclistas. Afinal, este transatlântico sobre quatro rodas mede quase 6 metros de comprimento, ficando entre as “picaponas” da Ford (5,884 m) e da Ram (5,916 m).

O nome Silverado ficou marcado de modo positivo e forte entre os brasileiros, mas agora estou a bordo de uma caminhonete inteiramente distinta daquela que foi comercializada por aqui há cerca de duas décadas.

Configurada especialmente para nosso mercado, ela não apenas oferece uma enorme amplitude interna, graças aos espantosos 3,745 metros de entre-eixos, mas também tem itens de série que, mesmo para o exigente consumidor americano, são vendidos apenas como opcionais. Ou seja, é uma versão “supertop”.

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Interior

• A posição de dirigir é obviamente elevada e (muito) confortável, e é ajustada rapidamente por comandos elétricos nos bancos – que são aquecíveis e ventilados.

• A caminhonete é imponente – nenhum motorista se atreve a tentar disputar espaços com ela – e, lá de cima, pode-se enxergar bem o caótico trânsito de São Paulo.

• Os acabamentos mesclam apliques de madeira no painel e nas portas com couros azulado e preto, enquanto o quadro de instrumentos é de 12,3” e o sistema de infoentretenimento tem 13,4”, com software da Google (Ford F-150 e Ram 1500 têm telas de 12”).

A lista de equipamentos de série vai longe:
• teto solar,
• carregador por indução,
• coluna de direção com ajuste elétrico,
• ar-condicionado bizona,
• som Bose, head-up display,
• retrovisor interno por câmera,
• visão 360º,
• e banco traseiro aquecível.

Só faltou a tampa traseira Multi-Flex, que funciona como prolongador ou serve como degrau para acessar a caçamba com capacidade para 1.781 litros ou 716 quilos (na F-150, 1.370 litros e 681 quilos; na Ram, 1.200 litros, mais 107 em cada “Box”, e 528 quilos).

Para compensar, a tampa dela pode ser aberta ou fechada pela chave e o estribo lateral tem um motor elétrico e recua automaticamente, com um toque na lateral, para ajudar a acessar o “porta-malas” da Silverado.

Mas há um item esteticamente controverso: os retrovisores externos gigantes, pensados para o reboque de trailers. De fato asseguram excelente visibilidade lateral, apesar de inicialmente confundirem os olhos devido à divisão em duas partes, mas são feios.

(Divulgação)
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Nas fotos externas, os retrovisores exagerados causam estranheza. Acima, o teto solar e um porta-objetos “dentro” do encosto do banco traseiro – cujo assento pode ser levantado, como nos Honda City Hatch e Fit, para abrir espaço para tábuas e objetos mais altos. Os bancos dianteiros contam com ventilação e também aquecimento

Motor

• Os motores V8 são tradição dos norte-americanos, e é claro que esta Chevrolet Silverado tem um deles: o 5.3 da família Ecotec, naturalmente aspirado, é acoplado ao câmbio automático de dez marchas – o mesmo da concorrente Ford F-150 e do Mustang, mas com calibração diferente e trocas sequenciais por aletas no volante.

• São 360 cv e 519 Nm, que garantem boa desenvoltura à gigante. E recomendamos desconsiderar os números da ficha técnica, pois, como em muitos modelos, eles não mostram tudo: o que importa é a experiência de condução.

• O ronco é borbulhante, e, ao pressionar o pedal do acelerador com o câmbio em P (Parking), a carroceria sacode como nos muscle cars americanos.

• O motor oito cilindros é igual ao do Camaro e, embora com menos potência e torque do que oferecem Ford F-150 (405 cv e 556 Nm) e Ram 1500 (400 cv e 556 Nm), o conjunto muito bem acertado possibilita ganhar velocidade rapidamente e fazer ultrapassagens seguras.

Condução

Fácil de conduzir, a picape tem modos de condução Normal, Off-road e Esporte, que mudam a entrega do desempenho. Além disso, há um sistema de desativação de cilindros que permite rodar em boa parte do tempo com quatro cilindros. Em nossa avaliação rodoviária, o computador de bordo indicou médias acima de 12 km/l. Excelentes, considerando o peso de 2,5 toneladas e a potência.

As suspensões têm arquitetura com braços sobrepostos na dianteira e com eixo rígido e feixes de molas na traseira, proporcionando conforto e uma condução bem macia. Elas filtram muito bem as irregularidades do piso na cidade e na terra, mas, em velocidades mais altas, a carroceria oscila ligeiramente, principalmente ao se passar por remendos no asfalto.

Já as rodas com aro 20” calçam pneus 275/60 e a tração é predominante traseira, com opções 4×4, 4×4 com reduzida ou 4×4 integral (controla automaticamente a distribuição entre os eixos).

Ainda para encarar o fora-de-estrada, os amortecedores foram desenvolvidos para esse tipo de piso e os ângulos de ataque e de saída são de 24,8º e 21,6º, respectivamente. O vão livre do solo, entretanto, podia ser maior: são apenas 24,3 cm, contra mais de 30 em uma Toyota Hilux.

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O painel é bem ao gosto do norte-americano, com madeira e couro e um ótimo acabamento. Entre outros mimos, a direção conta com ajustes elétricos. Acima, o cluster digital, rico em informações e fácil de usar, e a alavanca de câmbio tipo joystick, com formato diferente.

Acima, a câmera que mostra como a carga se comporta na caçamba

 

Chevrolet Silverado High Country

Preço básico R$ 529.900
Carro avalidado R$ 529.900

Motor: oito cilindros em V 5.3, 16V, injeção direta, duplo comando de válvulas com variação na admissão e no escape, desativação de cilindros
Combustível: gasolina
Potência: 360 cv a 5.600 rpm
Torque: 518 Nm a 4.100 rpm
Câmbio: automático sequencial, dez marchas
Direção: elétrica
Suspensões: braços sobrepostos (d) e eixo rígido (t)
Freios: discos ventilados (d) e tambores (t)
Tração: 4×2 (traseira) ou 4×4, modo 4×4 A (pra asfalto), reduzida
Dimensões: 5,913 m (c), 2,063 m (l), 1,945 m (a)
Entre-eixos: 3,745 m
Pneus: 275/60 R20
Caçamba: 1.781 litros
Peso: 2.505 kg
Tanque: 91 litros
0-100 km/h: 7s4 Vel. máxima: 180 km/h (limitada)
Consumo na cidade: 6,0 km/l
Consumo na estrada: 7,2 km/l
Nota do Inmetro: E (Picape)