18/05/2025 - 11:00
O 2008 elétrico, ou e-2008, como a marca prefere chamar, é um caso curioso. Sua chegada no mercado brasileiro deu-se antes mesmo da estreia da segunda geração do 2008 a combustão. Ou seja, tivemos primeiro elétrico, e depois turboflex. Normalmente, acontece o contrário.

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Bacana como sempre
Mas, estratégias mercadológicas da Peugeot a parte, o carro sempre foi bacana nessa versão totalmente elétrica: é rápido nas respostas do acelerador, tem direção precisa e direta pra instigar uma condução mais esportiva, enquanto o interior, bastante compartilhado com o o hatch 208, envolve o motorista como um cockpit. Coisa rara no segmento, assim como a posição de guiar mais baixa e acanhada.
Na reestilização de meia-vida que o e-2008 sofreu no ano passado, tudo isso acima foi mantido, com alguns bônus como o visual atualizado, motor elétrico mais potente, baterias de tração maiores e algum reforço (importante) nos itens de série. Todas melhorias esperadas, e que deixaram o SUV compacto elétrico mais competitivo.
Mais potente e rápido

Sim, ele segue com a pitada esportiva e jovial dos carros da marca, com o i-Cockpit de última geração, a mecânica quase impecável nos acertos entre dirigibilidade e conforto, e, graças a 22 cv extras no motor elétrico dianteiro, um fôlego a mais nas acelerações, retomadas e afins (são 158 cv no total).
O torque continua o mesmo, de interessantes 26,5 mkgf, e, como deve ser, só aparece de forma mais bruta no modo Sport de condução. No Normal e, principalmente, Eco, quem manda é o conforto, progressividade e suavidade. Bacana.
Ficou mais divertido guiar o e-2008 com esses avanços, e agora ele consegue honrar melhor a sigla “GT” que carrega inclusive no documento. Só do tempo de 0 a 100 km/h já ter baixado 1 segundo, chegando aos 8,9s, já é motivo de comemoração. E, de fato, ele tornou-se mais responsivo ao comando do acelerador, mesmo quando cheio.

Vai mais longe
Para viajar em médias e altas velocidades, um ganho e tanto. E nem falo apenas da cavalaria extra, mas também da bateria de 54 kWh de capacidade, ou 4 a mais que a anterior. Com isso, sua autonomia melhorou 60 km, segundo o ciclo WLTP (agora vai até 406 km com uma carga). O Inmetro, como sempre, foi mais modesto e registrou 27 km adicionais no alcance (261 no total). De qualquer forma, vai mais longe.
Na prática, de fato, ele está rendendo melhor. Não é o elétrico mais econômico do mercado, e nem promete isso, mas consegue chegar aos 7,8 km/kWh na cidade (totalizando 421 km de autonomia), ou rondar os 5,7 km/kWh na estrada, sempre aproveitando o modo Eco de condução (que “murcha” bastante o powertrain) e regeneração máxima de energia (quase um One Pedal).
Em quase 800 km rodados entre cidade e estrada, vazio e cheio, o teste foi encerrado com o computador de bordo indicando 6,6 km/kWh. Ou, falando de forma mais direta, algo um pouco acima dos 350 km por carga. Ele encarou viagens de até 250 km de estrada sem perigo de “deixar na mão” por falta de energia, e, comprovando a promessa da fabricante, demorou menos nas recargas. Ele suporta até 100 kW de potência em fontes de energia.

Recheado…
Aliás, a Peugeot parece ter pensado bastante no bem-estar de quem passa mais tempo a bordo do seu SUV compacto elétrico. Trocou a forração dos bancos por outra mais esmerada (couro sintético e camurça), e adicionou alguns bons equipamentos de conforto e comodidade.
O banco do motorista, por exemplo, passou a vir com os tão esperados ajustes elétricos e, de quebra, quem dirige tem o “mimo” da função de massagem no encosto (atua apenas na lombar, parte inferior). O carregador de celular por indução, com o triplo de potência, só fica devendo um sistema de refrigeração próprio. As comodidades inéditas vão além com câmeras 360º e conexões sem fio do celular com a multimídia. A praticidade falou mais alto com mais portas USB, também.
É um belo reforço aos já existentes ar-condicionado digital automático, teto-solar panorâmico, conjunto óptico full-LED, sensores de chuva e crepuscular, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, painel de instrumentos digital 3D, iluminação ambiente em LED personalizável, retrovisor interno fotocrômico, bancos dianteiros com aquecimento, freios a disco nas quatro rodas e por aí vai.
…e apertado
Ok, esse Novo e-2008, até agora, quase gabaritou na maioria dos testes. Ficou mais rápido, mais bonito, mais equipado e eficiente no quesito de energia/autonomia. Mas, algumas coisas desse Peugeot só poderão ser resolvidas numa futura troca de geração. Uma delas é a limitação do espaço interno, especialmente traseiro, onde a porta é pequena, as caixas de ar são altas e as colunas B e C, largas. Um adulto grande também deixa de encontrar a maior folga para pernas, pés e ombros.

O entre-eixos de 2,60 m não é imenso, mas também fica longe de ser criticamente pequeno. Combina com a pegada mais esportiva e com as dimensões externas do carro. O “porém” é que, por dentro, a Peugeot seguiu uma linha tão arrojada quanto a da carroceria, com bancos dianteiros grandes (parecem poltronas e são muito confortáveis, mas roubam bastante espaço), janelas pequenas e laterais de portas espessas. Para quem curte um SUV com pegada esportiva e mais descolada, é um prato-cheio. Mas quem busca aquelas cabines arejadas, claras e amplas, não.
É diferente do posto de motorista e copiloto, que, além de se acomodarem em bancos grandes, tem um “plus” de altura da cabine por conta do teto-solar panorâmico. Os movimentos de entra-e-sai e movimentação interna lembram os de um hatch médio.
Porta-malas agrada

Em contrapartida, curiosamente o porta-malas é bem amplo: 434 litros. Para efeito de comparação, um Renault Duster, referência nesse quesito, comporta só 40 litros a mais. É lá no espaço para bagagens do e-2008, aliás, que vai guardado o carregador portátil para tomadas residenciais de 220 Volts, item de série. Além do kit de reparo dos pneus, já que não há estepe.
R$ 270 mil
Talvez o que a Peugeot queira é um motorista feliz, que vai ergonomicamente sentado no seu posto, com um bom nível de esportividade, mas sem perder o conforto típico de um SUV 100% elétrico. Frear com competência, contornar curvas rápidas e chamar atenção pelas ruas são qualidades do e-2008 desde muito antes dessa linha 2025. Só é preciso ter os salgados R$ 269.990 que ele custa…