Bíblia da indústria automotiva norte-americana, a Car and Driver acaba de anunciar o novo SUV mais rápido já testado pela publicação desde 1956. E não se trata de nenhum Ford, Cadillac ou Dodge equipado com um truculento e sedento motor V8, mas sim de um recém-lançado SUV elétrico de absurdos 1.085 cv chamado Lucid Gravity Dream Edition.

Mesmo pesando mais de 2,7 toneladas, o SUV de luxo percorreu a prova de um quarto de milha (402 metros) em apenas 10,6 segundos, alcançando 224 km/h. Até a velocidade final, limitada eletronicamente a 257 km/h, foram 15,5 segundos, mais ou menos o que um carro popular leva para chegar aos 100 km/h (o que o Gravity faz em 3 segundos). Ficaram para trás nomes como BMW iX M60, Lamborghini Urus Performante e Porsche Cayenne Turbo GT, entre outros.

Mas poucos experimentarão aceleração tão vertiginosa. Não apenas porque a versão Dream Edition custa US$ 141.550 (R$ 791,3 mil), mas também por ser reservada a clientes selecionados. Para os demais há duas opções: Grand Touring, que já pode ser encomendada por US$ 94.900 (R$ 530,5 mil); e Touring, de US$ 79.900 (R$ 446,7 mil) e programada para o fim do ano. Na mais cara, a potência dos dois motores elétricos soma ainda impressionantes 840 cv e 125 kgfm de torque, enquanto o alcance da bateria pode chegar a 720 quilômetros.

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Com 5,03 metros de comprimento e 1,66 m de altura, o Lucid Gravity tem pinta de minivan. E muito espaço interno, consequência dos 2 m de largura e do entre-eixos de 3,04 metros, que beneficia sobretudo quem viaja na segunda fileira. Configurado para cinco ocupantes, o Lucid Gravity esbanja um porta-malas de até 3.400 litros de capacidade; com os bancos da terceira fileira (opcionais de US$ 2,9 mil) erguidos, sobram ainda 594 litros. Fora o porta-malas dianteiro, de 226 litros.

Talvez o mais impressionante no interior seja o Clearview Cockpit, que consiste em uma tela de 34 polegadas com tecnologia OLED e 6K de resolução. Nela são exibidos os principais sistemas do veículo e seu desempenho. Uma segunda tela de 11 polegadas, suspensa abaixo do painel, exibe sistemas secundários, como aquecimento e ventilação. Tamanho conforto interno é amparado por suspensões a ar.

Outra traquitana são as rodas traseiras esterçáveis, declaradamente inspirada no mesmo sistema do Porsche 911 da última geração. Isso, segundo a Lucid, aprimora a dinâmica de direção em alta velocidade e torna a condução diária mais fácil ao reduzir o espaço necessário para manobras, por exemplo.

“O Lucid Gravity é o primeiro SUV que realmente não abre mão de nada. Ele reinventa o que um SUV pode ser, oferecendo uma combinação sem precedentes de conforto e espaço, dirigibilidade, praticidade e autonomia”, defende Eric Bach, Vice-Presidente Sênior de Produto da Lucid.

Mas quem é a Lucid?

O inglês Peter Rawlison é considerado um dos protagonistas da eletrificação veicular comercial, que se aproxima de completar duas décadas. Depois de liderar a engenharia das também inglesas Lotus e Jaguar, Rawlinson foi para a Tesla assumir o cargo de Vice-Presidente de Engenharia de Veículos, tendo como principal missão liderar o desenvolvimento do Tesla Model S, primeiro carro elétrico a conquistar sucesso de vendas global e por isso o mais influente veículo do gênero.

Após desentendimentos com Elon Musk, Rawlison seguiu para a Atieva, empresa fundada seis anos antes por Bernard Tse, ex-diretor da Tesla, focada inicialmente na produção de baterias, fornecendo inclusive para a Fórmula E.

Durante 12 anos, Rawlison foi a figura mais importante da empresa. Esteve à frente da mudança de nome de Atieva para Lucid Motors, em 2016, foi a mente por trás do primeiro veículo da marca, o sedã Air, que no início do mês entrou para o Guinness por ter percorrido 1.205 quilômetros sem precisar de recarga.

Em fevereiro, Rawlison deixou o cargo de CEO para virar consultor técnico da marca. “Agora que lançamos o Lucid Gravity, decidi que finalmente é o momento certo para me afastar das minhas funções na Lucid”, explicou.

Os últimos passos da Lucid, agora comandada por Marc Winterhof, foram obter acesso aos 23,5 mil carregadores ultra-rápidos da Tesla nos EUA e iniciar operações na Europa. O próximo consiste em uma plataforma para ancorar modelos de médio porte, entre eles um SUV abaixo do Gravity e um sedã abaixo do Air.