R$ 105 mil é o valor mínimo que você precisa, hoje, para levar um carro automático 0 km pra casa. Sem descontos ou isenções: falo do preço de tabela. Parece salgado, mas, se olharmos o mercado, é uma cifra honesta para os padrões atuais. Quem custa esses R$ 105 mil? O Fiat Argo Drive 1.3 CVT, que já ocupa o posto de carro sem pedal de embreagem mais barato do Brasil há algum tempo.  

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Argo Drive CVT tem pacote opcional

Justamente um exemplar dessa versão foi meu companheiro por 1 semana e cerca de 530 km. Equipado com o pacote opcional S-Design, como o exemplar avaliado, ele sobe para pouco mais de R$ 109 mil, e passa a ser o quarto automático mais barato (atrás dele mesmo sem opcionais, Citroën C3 YOU! e VW Polo Sense). Equipadinho assim, tem rodas de liga, chave presencial, faróis de neblina em LED, sensor de ré e até ar digital automático. Luxo!

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O que oferece o Argo Drive CVT básico? 

Porém, vamos focar na configuração básica, aquela com calotas, manivelas para abrir os vidros traseiros, sem faróis de neblina ou com retrovisores de ajustes manuais. Apesar de o preço ser o foco principal, ele não abre mão de alguns itens legais, a exemplo dos novos faróis em LED (facho alto, facho baixo e luzes de seta), que estrearam na linha 2026 melhorando bastante a iluminação do hatch da Fiat.  

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A central de 7” também é padrão. Agora tem conexões sem fio com Android Auto e Apple CarPlay, e ganhou um layout mais moderno, igual ao das centrais de Pulse e Fastback. Mesmo modernizada, ainda combina com a cabine do Argo, que segue moderna e bonita, em que pese o fato de o carro ter sido lançado há quase nove anos.  

Pelo preço básico, o hatch conta ainda com ar-condicionado, direção elétrica, piloto automático, computador de bordo, volante multifuncional, vidros dianteiros e travas elétricas, telinha multifuncional de 3,5” no painel de instrumentos, porta USB traseira e monitor de pressão dos pneus.  

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Vida a bordo do Argo Drive CVT

Diferentemente do Cronos, o Argo não ganhou os bancos maiores e mais ergonômicos de Pulse e Fastback. Ainda assim, se vira bem com esses que tem: são um pouco menores, e não seguram o corpo tão bem, porém apostam na espuma confortável e macia. Aliás, conforto e maciez também são palavras de ordem em outros pontos do Argo, como acerto das suspensões ou então assistência elétrica da direção.  

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Essa versão Drive não é a mais silenciosa da linha Argo, afinal é também a opção de entrada do modelo. No caso dessa configuração automática, a transmissão CVT é mais ouvida de dentro da cabine (como um zumbido), assim como o motor 1.3 debaixo do capô. Mesmo sem incomodar durante o uso, fica claro que ele não tem o melhor isolamento termoacústico. É preciso cortar alguns custos para chegar nesse “precinho camarada”… 

Fiat Argo Drive CVT S-Design – Foto: Lucca Mendonça

Motorização honesta do Argo Drive CVT

Falando no powertrain, ele é dos mais tradicionais. Coringa, o motor 1.3 Firefly de quatro cilindros move também Cronos, Pulse e Fiorino, enquanto espera sua vez para chegar também aos modelos da Citroën, especialmente Basalt (vai ocorrer em 2026). Entrega medianos 98/107 cv de potência com 13,2/13,7 mkgf de torque (gas/eta), conta vantagem por ser simples na manutenção e, especialmente, bem econômico.  

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Como o Argo anda? Bem, obrigado. Como é um dos mais leves movidos pelo 1.3 Firefly, aproveita a ampla faixa de torque desse motor nas baixas rotações (graças também as duas válvulas por cilindro, ao invés de quatro), e consegue se manter ao redor dos 2.000 rpm nas baixas e médias velocidades. Só na estrada, porém, esse conjunto pode deixar um pouco a desejar: é um motor excelente em baixas rotações, porém não rende tão bem em alta. O pico de torque está aos 4 mil giros, e as vezes é preciso ir em busca dele, dependendo do uso.  

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Baixo consumo do Argo Drive CVT

Porém, como já disse, é mesmo no consumo que tudo se justifica. O Argo Drive CVT chega a ser “pão-duro”, conseguindo médias de mais de 19,0 km/l na estrada, ou então ronda os 14,0 km/l na cidade, com gasolina. Queimando etanol, faz pelo menos 14 km/l em rodovias, ou cerca de 11,5 km/l urbanos. Isso sem turbo, sem comando variável, sem Start & Stop, só com a raça da simplicidade mecânica e título de automático mais barato.  

Fiat Argo Drive CVT S-Design – Foto: Lucca Mendonça

A transmissão, fornecida pela japonesa Aisin, ajuda: além de suave, não deixa o motor subir muito o giro. É compacta, leve e, de quebra, permite passagens manuais das sete pseudo-marchas, diretamente na alavanca, para garantir alguma esportividade na condução. Falando nisso, também é de série no pacote desse Argo o modo “Sport” de condução: ele deixa o powertrain mais rápido, e serve bem nas ultrapassagens, por exemplo.  

Fiat Argo Drive CVT S-Design – Foto: Lucca Mendonça

Argo Drive CVT é fácil de guiar

O Argo não tem muito o que esconder. É um carrinho consagrado pelos anos de mercado, e já provou ser robusto quanto a mecânica (suspensão, freios), ou ter um baixo custo de manutenção. Honesto, te leva do ponto A ao ponto B com elevado conforto e dirigibilidade facílima, até mesmo para quem não é bom ao volante. Essas versões automáticas só pecam por não ter tantos porta-trecos na cabine. O console central fica “apertado” com a grande alavanca de transmissão, a mesma que vai nos Jeep Renegade, Compass e Commander.  

Espaço interno e porta-malas do Argo Drive CVT

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Ainda assim, sobra espaço interno. Em que pese a distância entre-eixos de 2,53 m, que não é das maiores, a engenharia da Fiat trabalhou bem a cabine do Argo quando o projetou, lá em meados da década passada. Com isso, conseguiram um bom vão entre os bancos dianteiros e traseiro, além de teto alto e carroceria não tão estreita. Ele acomoda com conforto adultos grandes, inclusive no banco de trás. O porta-malas segue a mesma cartilha, com interessantes 300 litros declarados.  

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Os concorrentes do Argo Drive CVT

A concorrência dessa versão Drive 1.3 CVT é forte: o C3 YOU! vem com turbo, tem desempenho esportivo e consegue ser ainda mais espaçoso que o Argo. Custa apenas R$ 500 a mais: R$ 105.400, para ser exato. Logo a frente, o VW Polo Sense, com motor 1.0 turboflex, transmissão automática de seis marchas e um belo pacote de equipamentos por R$ 108 mil. O Argo entra nessa briga, e consegue o menor preço. 

Fiat Argo Drive CVT S-Design – Foto: Lucca Mendonça