12/08/2025 - 6:00
A vida, aparentemente, não anda fácil para motoristas de app no Brasil. Em 2025, eles estão trabalhando mais para ganhar menos, conforme aponta um estudo da plataforma GigU, que fornece alguns serviços para motoristas e entregadores. Segundo ela, a culpa é do preço elevado dos combustíveis, oscilações de precificações dos apps, além da falta de transparência nos repasses.
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Motoristas trabalham até 60 horas por semana
Segundo o estudo, em 2025, motoristas de aplicativo trabalham, em média, 52 horas por semana. Em capitais como São Paulo, a carga chega a 60 horas semanais, com uma lucratividade mensal que não ultrapassa R$ 4.100. Em cidades como Maceió, onde o custo por quilômetro rodado é o mais alto entre os municípios analisados, a renda líquida média mensal cai para R$ 1.800.
Cidades com menor lucro para motoristas de app

De acordo com o levantamento, em mais da metade das cidades analisadas, o lucro mensal líquido dos motoristas é inferior a R$ 3.000. Os piores resultados foram registrados nas cidades de Manaus (Amazonas) e Pelotas (Rio Grande do Sul), onde os ganhos médios mensais líquidos não ultrapassam R$ 2.200.
Em outros casos, como o de Belém (Pará), cerca de 40% do faturamento dos motoristas é destinado ao pagamento de combustível: lá, eles gastam em média R$ 2.341,04 por mês com gasolina.

Desses profissionais consultados na pesquisa, 30% trabalham com carros alugados, o que toma ainda mais dinheiro ao mês. Curiosamente, cidades como Pelotas (RS) e Uberlândia (MG), onde a maioria dos motoristas possui carro próprio, registraram índices de lucratividade proporcionalmente mais altos. Isso, vale falar, aceitando menos corridas.
Como está a vida dos motoristas de app no Brasil?
Dos pouco mais de 1.250 motoristas entrevistados, nada menos que 92% estão endividados, segundo a GigU. 68% deles, inclusive, tem a renda para despesas básicas comprometidas por essas dívidas. Sem contar que 70% deles alegam não poder parar para descanso, ou não contam com renda para tirar férias.
A grande maioria do pessoal que trabalha como motorista de transportes por aplicativo reclamam da rotina, alegando que ela prejudica a saúde mental. Mesmo para os mais jovens, com menos de 35 anos, a situação é desafiadora, de acordo com levantamento do estudo: mais da metade afirma que não tem planejamento para o futuro por conta da renda imprevisível e alto custo de vida.

A desistência é pensamento constante: a pesquisa apontou que 55% dos jovens que trabalham no ramo já cogitaram sair do ramo, alegando falta de segurança nas ruas, alto custo de operação, falta de valorização e pressão dos algoritmos que coordenam as principais plataformas de transportes pessoais.