14/08/2025 - 7:00
Nem se a Carmem Miranda fosse escalada como backing vocal do Pink Floyd soaria tão contrastante quanto associar um Ranger Rover ao encontro dos rios Negro e Solimões. No entanto, ao combinar um ícone britânico a um retrato da Amazônia, a Jaguar Land Rover entregou o Range Rover SV Encontro das Águas, um SUV de alto luxo que acaba de desembarcar no Brasil por R$ 2,7 milhões.
E o mesmo pode-se dizer do Range Rover SV Arpoador, que foi buscar no pôr do sol carioca as razões para sua etiqueta de R$ 2,5 milhões. Peças únicas no mundo, os dois exemplares são fruto do SV Bespoke, o programa de customização da marca inglesa.

“Esses projetos nasceram da crença de que o verdadeiro luxo não é genérico nem convencional, ele é inspirado por uma base cultural vasta e profunda. Baseamos essas duas edições únicas nessa filosofia, buscando elementos que celebram a cultura brasileira por meio da exuberância do nosso ambiente natural, representado pelo Arpoador e pelo encontro das águas entre os rios Negro e Solimões, e pela sensação única de vivenciar esses lugares”, explica Henrique Rebello, gerente da marca Range Rover no Brasil.

No caso do Range Rover SV Encontro das Águas, a cor Golden Bronze da carroceria é exclusiva, desenvolvida especificamente para esse exemplar. Trata-se de uma pintura ultra-metálica com base dourada e partículas metálicas cintilantes que, sob luz direta, criam um efeito holográfico.

“O teto, em tom contrastante Bespoke Blue, é inspirado no azul profundo do Rio Negro”, descreve a marca, que também enaltece o logo tipo “Range Rover”, feito com detalhes em ouro maciço e “artesanalmente trabalhado pela quinta geração de uma tradicional família de joalheiros de Birmingham, no Reino Unido, elevando o artesanato britânico presente no modelo ao seu estado mais puro e refinado”.

No interior, os controles do câmbio, ajustes do apoio de braço e sistema de ar-condicionado da segunda fileira são em cerâmica preta. Há madeira natural de nogueira marrom no console central e no painel, enquanto os bancos apresentam costuras aplicadas à mão, “em padrões que evocam o movimento das águas dos rios”. Almofadas sob medida acompanham.

O Range Rover SV Arpoador também leva pintura ultra-metálica, mas aqui em azul brilhante, que “revelam nuances cintilantes e complexas, inspiradas no azul do oceano que contorna a Pedra do Arpoador e no verde vibrante da vegetação nas encostas”, detalha a Jaguar Land Rover, que também explica que “as cores evocam as águas rasas, a vegetação e a areia branca que cercam o Arpoador”. Os bancos são em couro semi-anilina nos tons Sequoia Green e Perlino Off-White.

Como funciona
O Range Rover atualmente é oferecido em duas versões: Autobiography, com diversas opções de acabamento interno e externo; e SV, que amplia a oferta com estofamentos especiais e cerâmica e a única com acesso ao programa de customização.
De acordo com a fabricante, o serviço começa com uma reunião – presencialmente, no estúdio de design no Reino Unido, ou remotamente, por videochamada – entre o cliente e a equipe SV Bespoke, que capta desejos pessoais, referências e estilo de vida para traduzi-los em acabamentos, texturas e cores externas.

São sete etapas, que começam com o desenvolvimento da cor externa, conduzido por especialistas em pigmentos para criar fórmulas e acabamentos exclusivos. Depois, seguem-se os temas especiais, a seleção de materiais nobres e outras customizações. Mas há limites: uma combinação estapafúrdia não passa pelo crivo da marca, que não abre mão de seus códigos de identidade e sofisticação.
“O SV Bespoke é mais do que um processo de configuração, é uma jornada excepcional em que o cliente participa ativamente do design de um veículo que será único e específico, atendendo aos seus maiores desejos e ambições”, conclui Rebello.
No Brasil, apenas a marca inglesa e a Porsche oferecem esse tipo de serviço – ao menos nesse nível de customização. No caso da marca alemã, seu nome é Sonderwunsch, algo como “pedido especial” em alemão.

É o tipo de programa “tailor made” que encara missões como criar um 911 GT3 inspirado no 956 que venceu a edição de 1985 das 24 Horas de Le Mans, pilotado por Paolo Barilla, empresário do ramo alimentício. Outro exemplo do que o programa Sonderwunsch concebe e executa são as sete unidades douradas do 959 encomendadas por um Sheik no final dos anos 1980.

Dos cerca de 600 exemplares Sonderwunsch produzidos por ano, quatro foram destinados ao Brasil. Um deles trata-se da última unidade reservada ao mercado nacional do 911 GT3 RS 992 antes da reestilização. Ao preço de R$ 2 milhões do modelo, soma-se R$ 1,3 de customizações, como a pintura Explosive Gold, da caríssima gama Chromaflair.

No Brasil, quem detém o selo Exclusive Manufaktur Partner é a Stuttgart Porsche. Por ora, os outros três Sonderwunsch por aqui são dois 911 Turbo S e um 718 GT4 RS.
Como na Jaguar Land Rover, a curadoria é orientada a evitar excentricidades. “Os clientes podem customizar como quiserem seus carros. Mas, se nossos consultores suspeitarem que uma determinada configuração corre o risco, por exemplo, de afetar o valor de revenda do carro, eles podem sugerir que o cliente repense sua configuração”, explica Ulisses Gonçalves, gerente regional de Vendas da Porsche do Brasil.