16/08/2025 - 10:01
A Ferrari F50 exposta no museu Carde, em Campos do Jordão (SP), foi premiada na categoria que celebra os 30 anos do modelo no The Quail: A Motorsports Gathering, na última sexta-feira (15). Foi a primeira vez que um carro de uma coleção brasileira participou do evento, atualmente na 23ª edição e um dos destaques da programação da Monterey Car Week, na Califórnia (EUA).
O modelo foi premiado principalmente por tratar-se do segundo de três protótipos construídos antes da produção em série de 349 unidades.

“Já estávamos muito contentes por conquistarmos essa oportunidade internacional mesmo com apenas nove meses desde a abertura do Carde. Mas ganhar esse prêmio nos deixou ainda mais honrados e felizes por representar o Brasil e a nossa cultura automobilística nacional”, celebra Luiz Goshima, diretor do museu, que recentemente inaugurou novas exposições.
Filantropa brasileira entra para hall da fama da principal entidade do antigomobilismo internacional
Maior museu de carros do Brasil inaugura novas salas; confira programação especial
Antes de garantir seu espaço no The Quail, a F50 passou por um meticuloso processo de restauração. “Ela chegou aqui em bom estado estético, apenas com as rodas descascadas e pequenas avarias na parte inferior do para-choque dianteiro. Internamente, os bancos em Alcantara demonstravam marcas de uso e a fibra de carbono com manchas”, relembra Celso Pamplona, da Euro Car, sediada em Blumenau (SC).

“Foi a primeira vez que restauramos uma F50, que é um carro único no Brasil. Usamos manuais originais, documentários sobre o modelo e também viajei para a Europa para conhecer alguns exemplares do modelo”, relata Pamplona.
Ele conta que ainda assim os desafios eram grandes, por se tratar de um protótipo. Ainda mais porque 80% das peças necessárias não estão mais disponíveis no acervo da Ferrari.
“O mais difícil foi a pintura, pois não tínhamos os parâmetros de como ela estava na hora da montagem do carro. Todas as fixações e parafusos estavam degradados. Mas usamos técnicas de restauração para transformar tudo o que não era original em original, ao menos na aparência”, conclui.

Um principais e mais exclusivos eventos de antigomobilismo no mundo, o The Quail conquistou tal status por sua capacidade de reunir lançamentos, clássicos e marcas ultraexclusivas, como Singer, Gordon Murray Automotive e Koenigsegg, entre outras.
Na categoria principal, uma F50 GT1 1996 levou o “Best of Show”.
Fórmula 1 de rua
“Cinquenta anos de corrida, cinquenta anos de vitórias, cinquenta anos de trabalho duro”. Assim Luca Di Montezemolo apresentou a F50 em 6 de março de 1995, durante a 63ª edição do tradicional Salão de Genebra, na Suíça. Quantas unidades seriam produzidas da sucessora da F40? Apenas 349, uma a menos do que o mercado demandaria, garantiu a marca.
Quando pensou na F50, a Ferrari almejou um Fórmula 1 de rua. A ausência de direção hidráulica, freios ABS ou qualquer outro tipo de assistência para simular a experiência de dirigir um carro da máxima categoria do automobilismo confirma a ambição purista da marca italiana.

O chassi era todo em fibra de carbono, enquanto a caixa de câmbio (manual de seis marchas) era em liga de magnésio, mesmo material aplicado nas rodas. Até o tanque, emborrachado e com design aeronáutico, era sofisticado.
Todo o esforço em aliviar peso, as técnicas aerodinâmicas e o motor 4.7 V12 de 527 cv levam a F50 aos 325 km/h de velocidade máxima.