15/09/2025 - 6:00
Foram poucas, mas boas, as mudanças que a Fiat promoveu na linha 2026 do Pulse Abarth. A dianteira é nova, e mais invocada, enquanto as rodas cresceram permanentemente para 18 polegadas, com pneus de perfil um pouco mais baixo. Teto panorâmico com cortina elétrica e novos bancos com ajustes elétricos para o motorista entram no pacote. Tudo isso por R$ 158 mil.
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Nenhum outro custa menos
Pare e pense…não existe carro esportivo 0 km mais barato. Seu irmão Fastback Abarth custa R$ 20 mil a mais (pelo mesmo conteúdo, basicamente), enquanto a Volks salga muito o preço do seu Nivus GTS, hoje tabelado em R$ 183 mil. Então, sim: o Pulse Abarth é o esportivo legítimo menos caro do mercado brasileiro. Mas, só isso?

Quem viu essa linha 2026, gostou. Mudaram grade e parachoque, bem como o desenho das rodas (totalmente pretas), num conjunto mais sóbrio. Esqueça as faixas adesivas laterais, capas dos retrovisores vermelhas, ou então os frisos vermelhos na dianteira: tudo isso caiu fora. Agora ele quer ser mais discreto e elegante. Deu certo.
1.3 turboflex segue acertado
Sob o capô continuou o 1.3 turboflex de quatro cilindros, que só passou por recalibrações em prol do Proconve, ainda com 180/185 cv de potência e 27,5 mkgf de torque (gas/eta). Considerando que os Jeep baixaram para 176 cv, manter o Pulse Abarth com a cavalaria original é motivo de comemoração. A caixa automática de seis marchas, aqui calibrada para relações longas e trocas mais sentidas, está no mesmo lugar. Diria que a maior novidade mecânica é a nova injeção eletrônica fornecida pela BorgWarner, que entra no lugar do sistema Vitesco anterior. Nada além.
Esse 1.3 turbo é dos bons. Acorda cedo (tem pico de força a 1.750 rpm), e com ele o Pulse Abarth ganha vida aos menores toques no acelerador. Aliás, a calibração eletrônica do pedal direito é sensível, com pouco delay. O turbolag também é pequeno, formando um conjunto quase ideal para a proposta esportiva do carro.

O câmbio com as seis marchas longas aproveita de forma crescente e progressiva a força prematura do 1.3 turbo. Não faria sentido uma transmissão curtinha, para subir o giro do motor, sendo que aqui o torque vem muito cedo. Faria o carro gastar mais e ficar mais barulhento, por exemplo. De qualquer forma, essa caixa brinda com as trocas rápidas e, no modo manual, mais permissivas, especialmente para reduções. E, quem curte a tocada esportiva, vai se alegrar com os “tranquinhos” nas passagens. No modo Poison, claro, ele fica ainda mais esperto.

E, falando em barulho, um dos grandes diferenciais desses Abarth é o ronco natural, ecoado pelo sistema de escapamento exclusivo, com saída dupla. Nada de som simulado, caixa de ressonância ou alto-falantes que imitam barulho de motor potente: esse Pulse Abarth soa bonito desde a partida, e ainda mais na hora de acelerar.
Pulse Abarth no uso: essa fera aí, meu!
O Pulse Abarth continua uma ferinha. Não é do tipo de carro que te aborrece no uso diário, já que mantém as qualidades de um SUV, como o porta-malas decente, espaço para pelo menos quatro adultos, posição de guiar elevada (melhor visibilidade), ar-condicionado potente e, principalmente, uma carroceria altinha, que permite encarar buracos, lombadas e valetas sem reclamar. Antes de esportivo, o Pulse é SUV.
Ao mesmo tempo, alegra nas acelerações, como não poderia ser diferente: o tempo do 0 a 100 km/h, cumprido em apenas 7,6s, já diz muito, assim como a máxima de 215 km/h. Esses números de desempenho, aliás, são os mesmos que ele traz desde a estreia, em 2022.
Já o consumo de combustível, esse ficou até um pouquinho melhor, especialmente no uso urbano: aferidos, 11,7 km/l na cidade e bons 14,8 km/l na estrada, com gasolina nos dois casos. O motor 1.3 turbo, vale lembrar, também se mostra eficiente com etanol: em ciclo misto, fez 11,5 km/l de média nos testes.

Porém, ganha dali, e perde daqui: o tanque de combustível dessa linha 2026 baixou para 45 litros, contra os 47 de antes. É um mal que atinge toda a linha Pulse 2026, causado pelas novas leis de emissões de poluentes. Mesmo que, nesse Abarth, o 1.3 turboflex mostre suas melhores médias de consumo, o tanque pequeno limita a autonomia em viagens longas, por exemplo.

No geral, hoje o SUV esportivo também opera um pouco mais silencioso, especialmente nos ruídos de acabamento. A Fiat, ao longo dos últimos anos, deu uma caprichada no interior dos seus Abarth, que agora conta com menos plásticos duros, encaixes mais alinhados (inclusive da polêmica tampa do porta-luvas) e componentes menos baratos. Ficou caprichado.
Essas novas rodas aro 18 calçam pneus Goodyear de perfil mais baixo. Tudo bem que eles tiram um pouquinho mais do conforto a bordo (o carro ainda concilia bem aspereza esportiva e absorção da buraqueira, apesar disso), porém superam o jogo anterior, Dunlop de perfil 215/50, em matéria de aderência (“cantam” menos).
O Pulse Abarth é bom nas curvas, mostrando apenas uma leve tendência de sair de frente só quando é levado ao limite. Isso com modo Poison desligado, ou seja, sem a função de distribuição automática de torque entre as rodas. Freios? Nada de discos na traseira, ainda. Mas, chega a impressionar o quanto ele é eficiente nas frenagens fortes, graças aos discos dianteiros ventilados de grandes dimensões (305 mm, enquanto os de um Jeep Commander Blackhawk tem 330, em comparação).

As novidades da linha 2026 do Pulse Abarth
A bordo, os tais novos bancos dianteiros deixaram a cabine mais bonita, sem dúvidas. São mais estilizados, encorpados, tem abas mais pronunciadas e, isso sim, são exclusivos do Pulse Abarth. Porém, na ergonomia, seguem a receita competente dos anteriores. Só seguram melhor o corpo nas curvas, ainda que continuem planos demais: em frenagens muito fortes, o motorista tende a “escorregar” para frente. Ajustes elétricos para o motorista facilitam a melhor posição de guiar.
Enquanto isso, o inédito teto panorâmico, com vidro fixo, aumenta a área envidraçada e deixa o interior com sensação de maior amplitude, em que pese o “all black” em carpete, colunas, teto, bancos, painel e afins. Perdoando apenas a barulhenta persiana elétrica, que ao menos tem função de abre e fecha por um clique, uma tremenda evolução para o Pulse Abarth. É a única versão com esse teto de série, aliás.
Equipamentos
Além deles, há inéditas luzes de cortesia nos parassóis (não, ele não tinha isso até a linha 2026), multimídia de 10,1” com conexões sem fio, roteador de internet a bordo, ar-condicionado digital automático, carregador de celular sem fio, partida remota do motor, painel digital de 7” com layout exclusivo, conjunto óptico full LED, sensores de chuva e crepuscular, retrovisor interno fotocrômico, freio de mão eletromecânico com função Auto Hold, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré, saídas de ar-condicionado traseiras, navegador GPS embutido, carregador de celular sem fio e por aí vai.
Na segurança, lados bons e ruins: alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, alerta de saída de faixa ativo e farol alto com comutação automática são itens presentes no pacote do Abarth. Bacana! Só que oferecer apenas quatro airbags, dois na frente e dois laterais dianteiros, é uma mancada das grandes. Hoje em dia, até carros de entrada, como Hyundai HB20 ou Chevrolet Onix, trazem seis bolsas…
Completo como nunca e nervoso como sempre
Nunca tivemos um Abarth tão completo no mercado brasileiro. Esses “luxos” de bancos inéditos, ajustes elétricos para o motorista, teto panorâmico e até das luzinhas de parassóis, garantiram mais personalidade ao tal Pulse esportivo. O lado nervoso, com desempenho esportivo e ronco engrossado, fica por conta da boa mecânica de sempre. E, pelos preços cobrados pela concorrência, o Pulse Abarth 2026 cai bem, hein?
