Não serão as 400 unidades mensais que a Chevrolet pretende vender do Spark que ameaçarão o reinado do Dolphin Mini: dados da Bright Consulting mostram que o elétrico da BYD teve em média 2.440 licenciamentos a cada mês entre janeiro e agosto de 2025.

Mas periga o estreante vencer a corrida pelo título de primeiro elétrico montado no Brasil. (Desconsidera-se aqui o Gurgel Itaipu, que teve 27 protótipos construídos em 1975).

No dia 2 de julho, a BYD soltou um comunicado prometendo que a produção dos seus primeiros três modelos nacionais, Dolphin Mini, Song Pro e King, começaria nas próximas semanas – que ainda não chegaram.

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Durante o lançamento do Spark em Brasília (DF), na última segunda-feira (8), o presidente da General Motors para a América do Sul, Santiago Chamorro, anunciou que o elétrico de entrada da marca será montado ainda nesse ano em Horizonte, no Ceará, na mesma planta em que a Ford produziu o jipe Troller até o fim de 2021.

Chevrolet Spark (Foto: divulgação)

Spark x Dolphin

Na prática, largar na frente se traduziria apenas em uma boa campanha de marketing institucional. Custando R$ 159.990, o Spark aponta mesmo não para o Dolphin Mini (R$ 119.990), mas para o Dolphin GS, que sai por R$ 149.990.

Chevrolet Spark (Foto: divulgação)

O modelo da Chevrolet tem como principal argumento ser um “suvzinho”, termo que prontamente bota o consumidor médio em hipnose. Ainda assim é menor do que o rival: são 4 metros de comprimento, ante 4,12 do Dolphin; 1,76 contra 1,77 de largura e 2,56 contra 2,70 de entre-eixos. O Spark desconta nos compartimentos de carga: além do porta-malas de 355 litros, 10 a mais do que no Dolphin, há um espaço de 35 litros sob o capô reservado para objetos menores.

Chevrolet Spark
Porta-malas do Chevrolet Spark comporta 355 litros (Foto: divulgação)

Equipado com um motor de 101 cv e 18,4 kgfm de torque e pesando 1.345 kg, o Spark tem relação peso/potência melhor, de 13,3 kg/cv. O Dolphin entrega 95 cv pesando 1.412 kg, o que dá 14,8 kg/cv. Os números de desempenho se contradizem, contudo: a Chevrolet alega 0 a 100 km/h em 11,2 segundos, enquanto a BYD declara 10,9 s.

Chevrolet Spark (Foto: divulgação)

Quanto à bateria de 42 kWh, a GM diz que uma recarga rápida de 30% a 80% pode ser realizada em 35 minutos. A autonomia é de 258 km pelo ciclo do Inmetro. No caso do Dolphin, são 44,9 kWh, 30 minutos e 291 km, respectivamente.

Seis airbags, banco do motorista com ajuste elétrico de assento e encosto, freio de estacionamento eletrônico com assistente de partida em rampa, câmera 360°, sensor de chuva e crepuscular com faróis de comutação automática entre luz baixa e alta e frenagem automática de emergência, entre outros, são equipamentos que o Spark tem, mas já um tanto triviais nessa faixa de preço.

Chevrolet Spark (Foto: divulgação)

O modelo se diferencia por alguns recursos incomuns, como o ar-condicionado digital com programas pré-definidos. No modo chuva, o fluxo de ventilação é direcionado com maior intensidade para os vidros, evitando embaçamento. Outro se solidariza com os fumantes acionando automaticamente a ventilação acelerada e a recirculação de ar e abrindo dois dedos das janelas dianteiras.

Há também o Chevrolet Intelligent Driving, cujos destaques são o controle de cruzeiro adaptativo em curvas, que reduz a velocidade pré-estipulada conforme o trajeto, e um assistente que mantém o carro centralizado na faixa – magias que encantam na primeira semana e logo são desativadas a cada partida.

Como anda

Visualmente, o Spark destoa da atual identidade visual da Chevrolet. Isso porque por baixo do símbolo da marca há um Baojun Yep Plus, fruto da parceria da norte-americana com as chinesas SAIC e Wuling.

Chevrolet Spark (Foto: divulgação)

Basta sentar e pressionar o pedal de freio para que a ignição seja acionada. Para livrar espaço no console central – que ampara um confortável apoio para os braços e dois ótimos porta-copos –, o seletor das marchas fica na coluna.

Chevrolet Spark (Foto: divulgação)

Antes de sair, nota-se que o bom acabamento, o espaço adequado e a proliferação de porta-objetos (a GM contabiliza 28 deles). A posição de guiar poderia ser melhor se houvesse ajuste de profundidade do volante e o assento tivesse mais amplitude. Fabricantes ainda não entenderam que mesmo SUVs podem oferecer uma postura mais baixa para quem prefere dirigir mais rente ao assoalho.

Nos primeiros movimentos, chama atenção a leveza da direção, bem apropriada para a proposta urbana do Spark. Acima dela, uma espécie de celular na horizontal de 8,8 polegadas faz o papel de painel, oferecendo informações essenciais (potência utilizada, velocidade e autonomia) de maneira clara. Ao lado, uma tela de 10,1 entrega o resto. Pena que o espelhamento do Apple Car Play seja apenas por cabo.

Chevrolet Spark (Foto: divulgação)

O Spark flui bem na dinâmica urbana. Esgueirar-se pelo trânsito é facilitado pelas dimensões compactas do modelo, pela boa visibilidade e pelo motor que, se não faz arrepiar nas acelerações, ao menos entrega agilidade a um carro que nasceu para os deslocamentos citadinos.

O Chevrolet Spark não é um grande carro. Mas deverá ser um grande player do segmento de elétricos de entrada.