Trocar seis por meia dúzia é ficar na mesma. Trocar oito por seis seria uma perda. Mas, depende: a BMW fez isso com o seu SUV X7, e parece que o saldo foi positivo. O modelo deixou de ter no Brasil a versão M60i, equipada com um V8tão, em prol do 3.0 seis-em-linha mais manso e econômico, que estreia na configuração xDrive40i.  

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BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Lucca Mendonça

X7 3.0 é R$ 300 mil mais barato

Começa pelo preço, que ficou quase R$ 300 mil mais barato: o novo X7 3.0 sai por R$ 999.950, enquanto o V8 custava cerca de R$ 1.283.000. A configuração de motor maior, vale falar, teve que sair de linha por conta das novas leis de emissões de poluentes do Proconve L8. Era bem mais cara, apesar da proposta esportiva.  

BMW X7 xDrive40i M Sport - Foto: Lucca Mendonça
BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Lucca Mendonça

O X7 é o máximo que a BMW pode oferecer quando o assunto é SUVs. Equivalente ao Série 7, traz três fileiras de bancos, dimensões generosas de carroceria (um pouco maior que Volvo XC90 ou Audi Q7), e muito, mas muito, luxo a bordo. De acordo com a fabricante, é um carro que famílias de empresários bem-sucedidos escolhe para usar em viagens mais longas.  

Pacote mantido

BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Lucca Mendonça

A BMW quis manter todo o padrão de equipamentos do X7 3.0. Por isso, ele não perdeu praticamente nenhum equipamento se comparado ao modelo anterior. De quebra, passou a trazer uma programação mais confortável e familiar das suspensões, que, aliás, são independentes e pneumáticas.

BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Lucca Mendonça

Oferece rodas aro 22, faróis com cristais e operação inteligente (luz alta automática, facho matricial e afins), ajuste de todos os sete assentos elétricos, ventilação e massagem nos bancos para parte dos ocupantes, interior em couro Merino (de ovelha), ar-condicionado automático digital de cinco zonas, teto-solar panorâmico com iluminação e efeito de céu noturno, sistema de som com quase 1.500 Watts de potência (10 vezes mais que o de um hatch compacto), além de um pacote de assistência ao condutor com tudo que é possível em um BMW.  

BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Lucca Mendonça

Tirando as cores, não há opcionais. E a missão dessa proposta, de vir completão e com tudo de série, é para que o X7 consiga encarar com mais bravura um de seus dois principais rivais: Mercedes-Benz GLS (R$ 990 mil), também com sete assentos e proposta muito parecida.  

Nova motorização

BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Lucca Mendonça

A maior troca desse novo X7, mesmo, foi na motorização: esse 3.0 de seis cilindros em linha conta com tecnologia TwinTurbo e está associado ao sistema híbrido-leve de 48 Volts, gerando 381 cv de potência e aproximadamente 55 mkgf de torque. Não chega aos 530 cv e 76,5 mkgf do V8, porém ainda conserva excelente performance para sua proposta de SUV familiar viajante: demora só 5,8 segundos no 0 a 100 km/h, e pode cruzar rodovias a 250 km/h, sua máxima.  

BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Lucca Mendonça

A nova versão 3.0 demora só 1 segundo a mais na aceleração, e atinge a mesma velocidade da extinta V8, essa sim com caráter mais esportivo e pegada apimentada. De quebra, mantém a transmissão automática de oito marchas e a tração integral permanente de série. A maior perda talvez seja o ronco grave do V8tão trabalhando, ainda que o 3.0 seis-em-linha também cante bonito na hora de acelerar. E mostre melhores médias de consumo durante o uso.  

Não que quem compre um SUV de R$ 1 milhão esteja preocupado com consumo, mas normalmente ele vem associado a menor emissão de gases poluentes. E, de fato, o 3.0 seis-em-linha mostra-se mais eficiente que o V8 em termos de leis antipoluição, tanto que a BMW abriu mão do segundo em prol do primeiro no X7.

BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Lucca Mendonça

Quem ajuda nessa equação é a tecnologia híbrida-leve de 48 Volts, que faz do motor de arranque um gerador adicional de força para o conjunto, operando em aliança com o câmbio. Dentro da transmissão, aliás, fica a bateria do conjunto MHEV. 

Em test-drive, o SUVzão mostrou que agora bebe menos: conseguiu beirar os 13 km/l de gasolina na estrada, número impensável para o antigo 4.4 V8. E, graças a essas médias melhores, ele também vai mais longe nas viagens, o que conta vantagem na história dos empresários bem-sucedidos que viajam com suas famílias. Rende mais.  

BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Divulgação

Como anda o BMW X7 xDrive40i?  

O luxo prevalece, assim como o conforto. A cabine conta com o máximo de refinamento nos materiais e forrações, exalando o cheiro típico de couro legítimo, coisa rara nos dias de hoje. Logo de cara, chamam a atenção as duas telas de 12,3” (instrumentos) e 14,9” (multimídia), que, apesar de não serem tão grandes, contam com ótima composição gráfica e resolução. A operação de ambas, porém, poderia ser mais fácil e direta, especialmente a do painel. 

BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Lucca Mendonça

Com sistema de direção extremamente desmultiplicado (várias voltas de batente a batente), o SUV X7 não requer muito esforço do motorista nas manobras. Também são inúmeros sensores e câmeras para ajudar na missão, sem contar a função de estacionamento semiautônomo, inclusive comandado pelo celular (você programa uma vaga e o carro pode entrar e sair dela sozinho). O silêncio impera a todo o tempo, e o barulho do 3.0 seis-em-linha só é ouvido nas acelerações mais fortes. E ronca bonito. 

BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Lucca Mendonça

Solidez é palavra de ordem, como esperado num carro alemão. Desde a segurança dos freios, excelente trabalho das suspensões e precisão da direção, o X7 acaba remetendo a um hatch pequeno em alguns parâmetros de condução. Só que, claro, tomando todos os cuidados necessários no trânsito, afinal seu tamanho e peso são dos maiores: ocupa maior espaço, não passa por lugares apertados e afins. Só é difícil explicar a ausência das rodas traseiras esterçantes, que ajudariam nas balizas e até melhoraria (ainda mais) a dinâmica em curvas. Até o sedan i5 traz isso de série. 

BMW X7 xDrive40i M Sport – Foto: Divulgação

Enquanto isso, motorista e passageiros contam com todo o espaço e “mimos” esperados em um SUVzão executivo de R$ 1 milhão. Janelas grandes, além de facilitarem na condução, também deixam a cabine mais arejada, e o espaço agrada até na terceira fileira de assentos. Mesmo com ela montada, inclusive, sobram 326 litros de porta-malas, ou o mesmo que oferece um Fiat Pulse (VDA). Configurado para cinco pessoas, o espaço das malas cresce para impressionantes 750 litros. Imenso. 

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Oito por seis

A troca do V8 pelo seis-cilindros no BMW X7 parece ter feito bem ao SUV. Não é tão rápido, nem soa tão bonito, só que mantém excelente desempenho bebendo menos gasolina e poluindo menos o ar. Luxo, requinte, tecnologias, conforto e exclusividade, essas já são qualidades padrão no alto escalão da marca alemã.