11/10/2025 - 7:00
Ao chegar na planta da BYD em Camaçari (BA), inaugurada oficialmente na quinta-feira, 9, duas coisas chamaram atenção: obras para todo lado e vários carros montados e espalhados pelo complexo. Ao menos o galpão onde saíram os primeiros veículos estava com aspecto de terminado ou quase terminado – assim como outros locais menores.
Para se ter uma ideia, a área total é de 4,6 milhões de m², o que equivale a 645 campos de futebol, e terá capacidade para produzir 150 mil veículos por ano em sua primeira fase, 300 mil na etapa posterior, e 600 mil, quando estiver mais completa.
Trata-se da maior unidade produtora de veículos elétricos da América Latina e a maior instalação da BYD fora da Ásia. Ao todo, ela tem 30 parques industriais, espalhados pelos seis continentes.
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Com o projeto, a meta da fabricante é estar entre as três maiores montadoras do país até 2028 e chegar ao topo do ranking até 2030. Além de espaços cogitados para ônibus e baterias, haverá um centro de P&D e de testes.
A marca chinesa investe R$ 5,5 bilhões no complexo de Camaçari e já emprega mais de 1,5 mil colaboradores – a expectativa é de que sejam gerados até 20 mil empregos.
Sai Ford, entra BYD
A fábrica, que foi utilizada pela Ford entre 2001 e 2021, onde produzia modelos como o Ka e EcoSport, foi entregue ao governo da Bahia em outubro de 2023, que cederia às mãos da chinesa.
A montadora americana, que saiu do Brasil em 2021, foi criticada por representantes da BYD e do governo.
“De um terreno abandonado, a uma fábrica de sonhos. Há poucos meses, este local onde estamos, esse mesmo chão, ele era um símbolo da incerteza. Um complexo industrial abandonado, silencioso, que representava um passado de oportunidades perdidas”, afirmou Alexandre Baldy, vice-presidente sênior e head comercial e de marketing da BYD Brasil, em seu discurso durante a inauguração.
Lula, por sua vez, também deu sua opinião.
“E quero dizer aos donos da Ford que foram embora que a gente lamentou vocês saírem, mas como Deus escreve certo por linhas tortas, o que veio para o Brasil será melhor. Não temos preferência por países. O que queremos é uma relação civilizada com o mundo, por isso defendemos o multilateralismo”, afirmou o presidente.
Atraso para a inauguração
A unidade foi construída em 15 meses. No entanto, a planta baiana passou por outros adiamentos e mudanças de planos. A primeira data de estreia a ser projetada foi “final de 2024”, depois “primeiro semestre de 2025”.
Além de ter um problema de maquinário parado no Porto de Salvador por meses em 2024, houve a descoberta de trabalhadores em situação análoga à escravidão nas obras da fábrica, no final do mesmo ano.
Em julho de 2025, a companhia chamou jornalistas para uma suposta inauguração, mas o que se viu foram apenas carros suspensos e uma fábrica que ainda não possuía licenças para funcionar. O problema foi solucionado durante o próprio mês e na sequência iniciaram as montagens.
‘BYD (ainda não é totalmente) do Brasil’
Os carros que são montados da fábrica chegam praticamente prontos. Isso porque, durante um ano, a operação vai funcionar no sistema SKD (Semi Knocked-Down), ou seja, com peças semidesmontadas, e importadas da China. A BYD promete que a planta evolua gradualmente para uma produção nacional completa – que inclui estampagem, soldagem, pintura e aumento do conteúdo local.
A fabricante também já anunciou a qualificação de 106 empresas instaladas no Brasil para fornecer peças para a fábrica na Bahia. A Continental Pneus de Camaçari, vizinha da fábrica, foi a primeira companhia oficialmente homologada.
A lista de carros a serem montados também já mudou muito de dois anos para cá. Agora, a BYD confirma que da planta sairão os híbridos Song Pro e King, e o elétrico Dolphin Mini. A picape Shark também está sendo cotada para a planta.
O jornalista viajou a Camaçari (BA) a convite da BYD*
