A onda de SUVs e crossovers que inundou os mercados ocidentais já chegou ao outro lado do mundo, e fica cada vez maior. MOTOR SHOW acaba de visitar o Salão de Pequim – chamado oficialmente de China Auto Show – e o que mais viu por lá foi justamente esse tipo de carro.

Em um mercado dominado pelos sedãs, os SUVs e crossovers vem ganhando espaço incrivelmente rápido. De 2014 para 2015 eles cresceram impressionantes 49,7%, em um mercado cujas vendas totais subiram pouco menos de 5% (chegando a absurdos 24,6 milhões de emplacamentos). Em 2015 representaram 25,3% do total de vendas da China, e a tendência é de continuarem crescendo (com domínio do segmento por modelos chineses, responsáveis por 54% das vendas e sete dos dez modelos mais vendidos). Os sedãs, por outro lado, tiveram queda de 5,4% no mesmo período – embora ainda tenham sido o tipo de veículo mais vendido, com expressivos 47,6 % do mercado.

Assim, o que vimos hoje no salão foi praticamente uma overdose de crossovers (mais do que SUVs de verdade, o que se vê são esses modelos sem tração 4×4 e construídos com monobloco; são os SUVs modernos). Praticamente todas as marcas, chinesas e estrangeiras, têm novos produtos para o segmento. Eles são muitos, de todos os tamanhos e para todos os gostos. Confira aqui  uma galeria completa de fotos.

Em alguns stands, como o da marca local Changan, havia crossovers de quatro ou até cinco tamanho diferentes – com comprimentos indo de menos de quatro metros a mais de cinco. Para o mercado local, são nada menos que 41 lançamentos – a maioria sem chances de chegar ao Brasil, mas alguns deles já confirmados (e outros em estudo).

Para nosso mercado, os mais interessantes eram os Lifan X60 CVT (já confirmado para o Brasil e testado por MOTOR SHOW já com o facelift, diferentemente do modelo exposto no salão, ainda sem a atualização; confira aqui a avaliação da versão renovada) e X7 (leia mais aqui), além dos JAC T3 (chamado na China de S2 e confirmado para o Brasil no ano que vem para brigar com Renault Sandero Stepway, VW CrossFox, Hyundai HB20X, além do conterrâneo Lifan X50, que chega este ano — leia mais aqui), seu irmão maior T5 com câmbio CVT (já à venda no Brasil com câmbio manual, chega importado ainda no fim do ano nessa nova versão com preços na faixa de R$ 65.000 a R$ 70.00,  para depois ser fabricado na Bahia,  ainda no primeiro trimestre do ano que vem ) e S-CH Concept (que dá dicas sobre a próxima geração do T6, outro modelo já vendido no Brasil). Outra novidade que interessa aos brasileiros é o Kia KX3, modelo menor que o Sportage e que deve chegar em breve para brigar no aquecido mercado de crossovers compactos.

Também chamou a atenção o Chery Tiggo 7, que mostra uma boa evolução da marca já instalada no Brasil, com fábrica em Jacareí, SP. Irmão maior do Tiggo 5 que será fabricado no Brasil, ele teria potencial para encarar Honda CR-V e outros modelos maiores. Entre os lançamentos para os chineses estava também o ix25, irmão menor do ix35 com enorme potencial de sucesso no Brasil, onde deve ser fabricado já no ano que vem usando a mesma plataforma do HB20. Outros crossovers exibidos no salão, como o Geely Emgrand GS, também teriam potencial para vender bem em nosso mercado.

Outra coisa que se destacou, de modo geral – e isso vale também para outros segmentos – foi que o design dos carros chineses está bem mais original. Em vez de simplesmente copiar o design dos modelos ocidentais, as marcas locais passaram a contratar designers europeus e ganharam personalidade – embora ainda se veja aqui e ali faróis de Audi, Volks ou BMW, lanternas de Tiguan ou ASX, etc.

Por outro, parece não haver o conceito de family-face nos chineses. No estande de algumas marcas, entre um modelo e outro se vê “caras” totalmente diferentes, as vezes parecendo até que são de fabricantes distintos. Mas talvez isso possa ser explicado justamente por esse momento de transição de design pelo qual elas passam.

NOVIDADES MUNDIAIS
Entre as grandes marcas ocidentais e japonesas, havia poucas estreias mundiais. Algumas eram apenas adaptações ao gosto dos chineses por modelos com entre-eixos estendido (no caso versões dos novos BMW X1 e Mercedes-Benz Classe E). Outras eram modelos exclusivos para a China ou que tem obtido mais sucesso aqui do que no resto do mundo, como Citroen C6 (leia mais aqui), um convceito do VW Touareg ainda maior (na forma de conceito; leia aqui) e Renault Koleos (também maior nessa nova geração; veja aqui).

Já a Audi fez o lançamento mundial das versões superesportivas RS dos TT Coupé e Roadster, agora com 400 cv em seus motores 2.5 de 5 cilindros (confira aqui). Outra marca que aproveitou para mostrar um modelo inédito mundialmente foi a Porsche, com seu 718 Cayman, nova versão do esportivo de motor central com um 4 cilindros turbo de 300/350 cv já usado em outros carros da marca.

ELÉTRICOS
Embora ainda em volume moderado, os carros totalmente elétricos tem sido bastante incentivados pelo governo, principalmente em metrópoles como Pequim e Xangai. Em 2015, suas vendas cresceram 450%, chegando a 247.000 unidades. Nessas cidades, ter um carro implica entrar em um leilão para ter direito a ter uma placa – e ela pode chegar a custar US$ 14.000, mais do que muitos carros. Já um modelo elétrico como o JAC S2 custa US$ 18.000 – e fica totalmente livre dessa taxa. Sendo assim, as marcas estão investindo bastante nesses modelos, que aparecem em bom número no salão, com 20 modelos fazendo a estreia no país. A tendência, portanto, é de forte crescimento.