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Depois da vitória de Max Verstappen, de apenas 18 anos, no GP da Espanha de Fórmula 1, aumentou bastante o interesse de jovens que pretendem participar como pilotos de corridas de automóveis.

Claro que o sonho da F1 já ficou para trás. Afinal de contas quem pretende o degrau máximo das competições de automóveis no mundo já deveria desde os 8 ou 10 anos de idade estar participando de corridas no mundo do kart. Mas se esse não é o seu caso, você pode sonhar em ser um bom ou um grande piloto, em outras categorias que não sejam a F1.

E, para toda grande caminhada, é preciso que se dê o primeiro passo. O inicio de tudo está nas escolas de pilotagem. Cursos especializados em direção esportiva que darão condições para que você se candidate à carteira expedida pela CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) de piloto de competição na categoria B. Essa autorização permite que se pilotem em qualquer categoria do automobilismo brasileiro, exceto a Stock Car e a Fórmula Truck.

O problema dos passos normais para se graduar como piloto está no custo: a carteira de piloto de competição B custa ao redor dos R$ 10 mil e a vestimenta exigida ao piloto (macacão, sapatilha, luvas, balaclava e capacete) não sai por menos de R$ 7 mil. Só a carteira e a roupa do piloto já somam R$ 17 mil! E ainda falta o mais caro: o carro de corridas! Correr no Brasil não é nada fácil nem barato. Um esporte para poucos e endinheirados candidatos.

Nos velhos tempos…

Quando comecei a correr em 1981, as coisas eram muito mais fáceis e baratas. Dependia muito mais da sua vontade de correr do que de dinheiro. Existiam provas de Estreantes e Novatos, da qual participavam carros praticamente originais, apenas com o acréscimo do santantônio, cintos de segurança de quatro pontos e acertos na suspensão e no motor para melhorar a performance.

Com sua carteira de motorista normal você fazia a inscrição e com o seu carro normal de rua você participava da corrida. Eu, com a ajuda de meus amigos, compramos um Passat LS de 1976 que nos mesmos transformamos em um Passat TS aumentando a cilindrada do motor de 1.5 para 1.6 e fazendo pequenas alterações na carroceria para que nosso carro tivesse a aparência do Passat esportivo.

Pronto! Já tínhamos o carro de corridas e um motorista disposto a virar piloto. Claro que utilizei alguns macetes para melhorar minha inexperiente performance de piloto. Nas suspensões, por exemplo, procurei uma equipe profissional que já participava do Campeonato Brasileiro de Passat e deles adquiri molas, amortecedores e o alinhamento que deveria utilizar para a pista de Interlagos. O carro voava nas curvas. Contornava a pista em velocidade altíssima quando comparado aos concorrentes.

Nessa mesma equipe profissional, a Castrol-Rio Motor (uma das lideres do campeonato brasileiro na época),consegui também o carburador e todos os seus segredos. Passava os concorrentes na reta com a maior facilidade. Um sucesso.

Nessa minha primeira corrida, que me inscrevi com a carteira de motorista e era considerado estreante, larguei em 9º lugar obtido por sorteio e no final da corrida cheguei em um excelente 2º lugar. Esse mérito meu foi conseguido com muito suor e luta dentro da pista. Afinal de contas galguei seis posições durante a corrida. Passei até concorrentes mais experientes por fora em curva de alta velocidade. O carro ficou ótimo. Depois dessa prova de estreante, fiz outras três provas como Novato e a partir da quarta corrida tive o direito de ser classificado como PC-B: piloto de competição na categoria B, com muito orgulho e resultados bem convincentes.

Se fosse nas regras atuais, todo dinheiro gasto para a carteira PC e a vestimenta sofisticada não teria sido gasto nas corridas em que aprendi muito mais do que qualquer curso teórico ministrado por quem quer que seja. Mas os dirigentes atuais do automobilismo julgam que os pilotos são mais bem preparados nos cursos teóricos do que na pratica das pistas.

Os dirigentes atuais julgam também que os pilotos oriundos das práticas de pista e não dos cursos teóricos estejam mais sujeitos a se envolverem em acidentes. Apesar de ser da velha guarda e me formar na velha escola pratica, nunca me envolvi em acidente algum durante toda a minha carreira. E olha que venci as Mil Milhas Brasileiras em 1983 correndo de Volkswagem Passat 1.6 e venci os Mil Quilômetros de Brasília em 2004 com um Fiat Marea Weekend turbo. Duas das mais tradicionais provas do automobilismo brasileiro.

Claro que não é o fato do piloto ser oriundo do aprendizado pratico nas corridas de estreante ou ter feito algum curso de pilotagem é que vai dizer se o piloto é mais ou menos seguro ou mais ou menos rápido. É o talento, a dedicação e a determinação de cada um é que vão definir os pilotos que ganham corridas e aqueles que nasceram para ser meros coadjuvantes.

O que me levou as corridas? No meu caso foi a paixão determinante pelo automóvel. O meu gosto desmedido pelos carros me levou a querer conhecê-los profundamente e a querer conduzi-los da maneira mais perfeita e rápida que se pudesse fazê-lo. As pistas de corrida me ensinaram muito sobre os carros e suas artimanhas. Me fizeram descobrir uma intimidade com os veículos que só tem aqueles que contornaram uma curva veloz a mais de 200 km/h com a tranquilidade e a intimidade com a máquina de quem a conhecia profundamente. Um mundo maravilhoso que deveria ser explorado por todo aquele que se diz apaixonado por carros.