25/10/2016 - 15:15
Está definido: a nova picape média da Mercedes-Benz se chamará Classe X e chega ao mundo no fim do ano que vem. Mas, espera aí, uma picape da Mercedes-Benz? Bem, depois que marcas tradicionais de esportivos como Porsche e Maserati e fabricantes de luxo como Jaguar e Bentley arriscaram fazer SUVs, nada mais nos surpreende. Afinal, em um mercado cada vez mais competitivo, ninguém quer perder a oportunidade de explorar seus mais diferentes e inusitados nichos. “Com a Classe X preenchemos uma das últimas lacunas de nosso portfólio”, explica Dieter Zetsche, chefão da marca
Ainda em 2015, a Mercedes-Benz já havia revelado planos de estrear nesse segmento. Algum tempo depois, mostrou um esboço de design da picape. Mas foi só hoje (25/10) que reuniu os mais importantes meios de comunicação do mundo automotivo (MOTOR SHOW incluída) em Estocolmo, Suécia, para mostrar a picape pela primeira vez – embora ainda sob a forma de conceito, a Concept X-Class.
Na verdade, foram exibidas duas picapes-conceito, cada uma reforçando faces diferentes do mesmo produto. Enquanto a Concept X-Class powerful adventurer (aventureira poderosa) valoriza características tradicionais das picapes – robustez, boa capacidade de carga e valentia fora-de-estrada –, a Concept X-Class stylish explorer (exploradora estilosa) destaca a personalidade do design e aptidão para um uso familiar e urbano.
Do design dos conceitos ficam algumas dicas do que pode ser levado aos modelos finais de produção. Destaque para o balanço dianteiro reduzido e o traseiro alongado, o capô do tipo powerdome (domo de força, como nos utilitários-esportivos mais recentes da marca) os vincos nas laterais, as caixas de roda musculosas (e a bitola mais larga para melhorar comportamento em curvas), os estribos integrados à carroceria e a barra luminosa de LED no contorno da tampa traseira.
COMO SERÁ
Graças a um acordo de desenvolvimento de produtos entre a Mercedes-Benz e a Aliança Renault-Nissan, a base da nova picape é a mesma da Renault Alaskan e da Nissan Frontier. Mas para que não seja considerada só uma Alaskan/Frontier “de nariz empinado”, a Classe X virá mais equipada, com acabamento mais fino, mais tecnologia e conectividade e, ainda, acertos mecânico e dinâmico que garantirão, pelo menos em teoria, o mesmo conforto e a mesma agilidade dos demais veículos da marca. O eixo traseiro, por exemplo, é da própria Mercedes-Benz, com bitola maior.
A opção mais interessante de motor estará nas versões topo de linha, que terão um V6 turbodiesel de mais de 250 cv (imaginamos o mesmo 3.0 do GLE 350d, com 258 cv e mais de 63,2 kgfm de torque). Esse motor V6 será associado a uma caixa automática de sete marchas. Já as versões mais básicas terão motores Nissan 4 cilindros a gasolina e a diesel, com a nova caixa de sete marchas já adaptada a esses motores na nova geração que será mostrada no Salão do Automóvel de São Paulo, além de versões manuais.
Já a tração da versão topo de linha com motor V6 a diesel será integral permanente e inteligente (4MATIC), como na VW Amarok Highline (4MOTION). Porém, diferentemente da sua conterrânea, a Classe X combinará essa tração 4×4 full-time com a tradicional reduzida e diferenciais central e traseiro eletrônicos e com bloqueio. As configurações mais básicas, com motores Nissan, terão tração traseira como opção de ligar e desligar o 4×4 por botão.
A construção sobre chassi garantirá robustez e capacidade de carga de 1,1 tonelada e reboque de 3,5 toneladas (um veleiro). Já a suspensão traseira será multi-link com cinco braços e molas helicoidais, enquanto a maioria das rivais usa eixo rígido. Segundo a marca, isso garantirá mais conforto em pisos irregulares (um dos maiores defeitos das picapes sobre chassi) e mais agilidade em curvas. A conferir.
Com exceção do freio de mão que se mantém no console central para agradar aos fãs do segmento, o interior se assemelha muito ao de um Classe C, com detalhes do Classe V: difusores de ar redondos, tela multifunção central com alta resolução e central de comandos giratória associada a um touchpad. A central multimídia ainda poderá ter chip próprio, permitindo desde comandos remotos e informações via smartphone até o uso da picape como hotspot. Faróis de LED e recursos de direção semi-autônoma também estarão presentes. Câmeras, ultrassom e radares vão monitorar constantemente a condução e os arredores para facilitar a vida do motorista e aumentar a segurança. O interior da versão de produção não deve ser muito diferente do mostrado no conceito.
Todos esses componentes e sistemas compartilhados com modelos Mercedes-Benz já no mercado objetivam também dar um “sentimento de bem-vindo ao lar” para clientes que já conhecem ou têm veículos da marca.
PRODUÇÃO E PREÇO
Correram por aí alguns rumores sobre a possível apresentação da versão final de produção já no Salão do Automóvel em São Paulo, daqui a poucas semanas. Mas nem mesmo esses dois conceitos devem dar as caras por lá. Ainda é cedo demais. A picape será mostrada aos poucos, e sua versão definitiva de produção deve estrear na Europa mesmo, no Salão de Frankfurt do ano que vem (setembro).
Os modelos destinados principalmente aos mercados australiano, sul-africano e europeu serão produzidos na fábrica da Nissan na Espanha ainda no ano que vem. Já os destinados a Brasil e Argentina serão produzidos na fábrica de Córdoba, Argentina, junto com as picapes da Renault e da Nissan, em 2018. O modelo espanhol não deve ser importado para o Brasil devido ao câmbio desfavorável, então as vendas no Brasil devem começar só em 2018 mesmo. A marca ainda não definiu se vai vender a picape em sua rede de caminhões ou de carros – ou ambas (seria nossa recomendação). Ainda é cedo para dizer, mas esperamos que os preços fiquem posicionados entre R$ 180.000 e R$ 280.000, dependendo da versão e pacote.
QUEM VAI COMPRAR
O Brasil é um mercado com grande potencial para a novidade. Há alguns tipos de consumidores que podem se interessar pela novidade. Primeiro, os fazendeiros do Sudeste e do Centro-Oeste. Não tem faltado dinheiro no setor de agrobusiness e quem costumava comprar as versões topo de linha de Hilux, Amarok e S10, ou até uma RAM 2.500, agora terá uma opção com o status da estrela de três pontas. Depois, mães e pais de família que querem se destacar no trânsito, ter maior sensação de segurança e poder carregar tralhas sem preocupação. E, ainda, os praticantes de motociclismo, ciclismo e outros esportes radicais cujo equipamento precisa ser transportado e que de vez em quando precisam desbravar novos territórios ou encarar uma aventura off-road.