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O JAC T5 chegou este ano ao Brasil surpreendendo muita gente (inclusive a mim, como já mostrei no meu blog; clique aqui). É o chinês que chegou lá: em pé de igualdade com rivais nacionais, talvez seu maior problema hoje seja… ser chinês. Porque se os carros da China ainda causam desconfiança em muita gente – quase sempre relacionada a durabilidade, segurança ou pós-venda –, em design, qualidade e dirigibilidade o T5 superou barreiras e se tornou uma opção com excelente relação custo-benefício. Só faltava mesmo uma opção com câmbio automático. Não falta mais.

A linha 2017 do T5 chega com a versão com a transmissão de relações variáveis (CVT) custando o mesmo que a com caixa manual de seis marchas (depois, deve ir a R$ 74.990). Por R$ 69.990, tem o mesmo porte de outro campeão do custo-benefício, o Hyundai Tucson (pág. 26). Não tem a posição de dirigir tão alta quanto a do coreano (um de seus defeitos mais marcantes, considerando o gosto do consumidor de SUVs e crossovers), mas tem um design muito mais atual – e bastante atraente e imponente, vale dizer – e vem mais muito completo em itens de conforto e segurança – tem ar-condicionado digital automático, piloto automático com função freio, monitor de pressão dos pneus, luz diurna e muito mais. Para completar, seu desempenho é até melhor quer o do Tucson, e o consumo mais  contido, pois é mais leve e tem powertrain mais moderno.

O espaço interno fica entre o do Nissan Kicks e o do Honda HR-V, com sensação de amplitude aumentada pelo para-brisas grande e distante do motorista. O porta-malas também é generoso, com capacidade de 600 litros, segundo a marca. O painel de instrumentos com dois canhões e computador de bordo tem iluminação azul agradável, e a central multimídia (tela de 8”) tem espelhamento para celular – mas faltam comandos mais intuitivos e conexão com Android Auto e Apple CarPlay. Os alto-falantes são potentes, com qualidade sonora acima da média.  E se o acabamento até capricha no couro no volante (com costura vermelha) e nas portas, discretas rebarbas e descuidos no acabamento não fogem à regra da maioria dos modelos da categoria. Mas o freio de mão é firme e as peças são todas bem encaixadas.

Ao volante, a direção elétrica é muito bem calibrada, levíssima em manobras e precisa na estrada, embora um pouco leve demais, enquanto as suspensões macias (porém não demais) garantem o conforto e as pancadas em buracos são devidamente amortecidas. O ar-condicionado digital e automático é forte e gela a cabine em instantes, mas faltam saídas para o banco traseiro.

O motor moderno 1.5 tem 127 cv, mais potência que muito 1.6, e bom torque em baixas rotações – que ajuda o câmbio CVT a não ter que subir tanto de giro nas saídas e retomadas. Assim, no uso cotidiano normal não é necessário passar das 2.500/3.000 rpm para rodar com suavidade, conforto e consumo contido (consegui 9,5 km/l na cidade). O freio é bem progressivo, mas sem ser “emborrachado”.

Na estrada, a 120 km/h o conta-giros estaciona em 3.000 rpm (no plano) e o nível de ruído na cabine é baixo. O motor só se deixa escutar quando o acelerador passa da metade do curso e motor, de 4.000 rpm. O mesmo comando variável que garantiu o fôlego em baixa deixa o motor áspero e “respondão” – com desempenho que chega a surpreender – lembrando que é um econômico 1.5. Com etanol, fizemos 11,2 km/l na estrada. Em subidas, a resposta do CVT às vezes também é exagerada. Você quer apenas manter a velocidade, mas não dosa bem o pé e ele sobe demais de giro. Aí ou você aprende a dosar melhor o pé ou – melhor – passa para o modo manual, com seis marchas simuladas. Usando a alavanca (não há borboletas), você escolhe a quinta ou a sexta marcha e consegue boas respostas em giros menores. Para quem gosta de guiar “esportivamente”, esse modo sequencial ajuda a espantar a monotonia típica dos câmbios CVT. Há, ainda, o modo Sport, que não simula marchas, mas trabalha em rotações maiores para melhorar o desempenho.

Enfim, o T5 é um carro silencioso para uma utilização “pacata e familiar”, com cabine ampla e agradável, acabamento bastante razoável, bancos que se não são os mais confortáveis também não são ruins e um rodar suave e econômico, além de ser flex.. Ainda precisa melhorar em alguns pontos, mas é sem dúvida o melhor chinês à venda hoje no Brasil. Agora, com o câmbio automático, soluciona uma de suas maiores deficiência (considerando o que o consumidor procura. E para compensar o fato de ser chinês e/ou espantar os preconceituosos, o modelo tem garantia de seis anos. Para quem está pensando em um crossover ou SUV na faixa de R$ 70.000, vale ao menos um test-drive.

FICHA TÉCNICA

JAC T5 CVT
Preço básico: R$ 69.990
Carro avaliado: R$ 69.990
Motor: 4 cilindros em linha 1.5, 16V, comando variável
Cilindrada: 1499 cm3
Combustível: flex
Potência: 125 cv a 6.000 rpm (g) e 127 cv a 6.000 /e)
Torque: 15,5 kgfm a 4.000 rpm (g) e 15,7 kgfm a 4.000 /e)
Câmbio: automático CVT, modos Sport e sequencial com seis marchas simuladas
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e discos sólidos (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,325 m (c), 1,765 m (l), 1,625 m (a)
Entre-eixos: 2,560 m
Pneus: 205/55 R16
Porta-malas: 600 litros
Tanque: 45 litros
Peso: 1.220 kg
0-100 km/h: 12s3 (e)
Velocidade máxima: 192 km/h (e)
Consumo cidade: 9,6 km/l (g) e 6,8 km/l (e)*
Consumo estrada: 12,2 km/l (g) e 8,2 km/l (e)*
Emissão de CO2: 126 g/km*
Com etanol: zero
Nota do Inmetro: C*
Classificação na categoria: A* (utilitário esportivo compacto)

*dados da versão manual