01/09/2007 - 0:00
O Golf chegou ao mercado brasileiro em 1994, quase ao mesmo tempo que o Astra, que aportou por aqui em 1995. Ambos importados da Europa (com exceção do Golf 2.0 GLX 2.0, que era produzido no México). Na realidade, tanto a Volkswagen quanto a General Motors estavam “apalpando” o mercado para saber qual seria a reação do consumidor para esses produtos.
A Volks acreditou tanto nos resultados obtidos que conseguiu convencer a matriz alemã a investir em uma nova fábrica para produzir o Golf por aqui. Isso começou a acontecer em 1998 coincidentemente, no mesmo ano em que a GM iniciou a produção do Astra nacional. Quase 10 anos depois, o confronto continua semelhante: de um lado, o Golf reestilizado e com uma mecânica revigorada, com um câmbio automático de seis marchas; de outro, o novo hatch GTX, que apesar da frente e do painel do Vectra, traz a plataforma do Astra brasileiro com o design do Astra europeu. O que eles têm em comum? O charme da traseira hatch, uma tendência que sempre conquistou o coração brasileiro pela esportividade que proporciona.
Apesar da recente reestilização, o interior do Golf continua conservador. E, para piorar, ele vem com muito menos itens de série que os rivais. Isso acaba onerando seu preço final
Inspirado no novo Vectra e com design semelhante ao do Astra europeu, o GT-X “vende” modernidade. É o único com navegador GPS de série
Como era de se esperar, as fábricas, desde que começaram a produzir por aqui seus médios deram rumos diferentes a seus produtos. Desde seu lançamento nacional em 1998, o Golf permaneceu inalterado. O consumidor foi se cansando da “mesmice” do Golf e suas vendas foram, aos poucos, despencando. Agora é que a marca resolveu reagir com seu ainda bom hatch: fez algumas reformulações estilísticas na frente e na traseira que tornaram o Golf menos defasado com relação aos concorrentes de design bem mais modernos e atraentes. Isso já foi o suficiente para o Golf conquistar uma posição de destaque junto ao consumidor, assumindo a liderança do segmento.
Conceitualmente mais antigo que o Golf produzido para o mercado norte-americano e europeu, onde possui outra plataforma com suspensão independente nas quatro rodas entre outras coisas, nosso Golf ainda dá conta do recado. No caso do Vectra GT, o histórico é mais complicado: sua carroceria é moderna, atual e igual ao do Astra hatch comercializado na Europa atualmente. Em contrapartida, sua plataforma é semelhante à do Astra que foi lançado aqui em 1998. Claro que ao longo desse período ela passou por uma série de melhorias técnicas, mas basicamente é uma plataforma semelhante. Aliás, sob esse aspecto, vale lembrar que tanto Golf quando Vectra GT têm plataformas construtivamente parecidas: suspensão McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, freio a disco nas quatro rodas, sistema de direção do tipo pinhão/ cremalheira servo-assistida e power-train dianteiro transversal com motor dois litros.
No final das contas, as diferenças que realmente contam ponto para o consumidor são poucas. No Chevrolet, o motor flex 2.0, que produz 121/128 cv (torque de 18,3/19,6 kgfm) contra parcos 116 cv e torque de 17,3 kgfm do Golf 2.0 movido apenas a gasolina. No Volkswagen, o câmbio automático eletronicamente comandado de seis marchas contra o simplório câmbio automático (também de comando eletrônico) de quatro marchas do Vectra GT. Dois aspectos que podem fazer diferença no momento da compra: para quem o custo e a opção pela escolha do combustível pesam na escolha, ponto positivo para o GT; em contrapartida, para aqueles que consideram a transmissão automática como um item fundamental em um carro na faixa dos R$ 70 mil, o Golf oferece a transmissão mais moderna e eficiente. Páreo duro: um ganha no motor e o outro no câmbio automático. Mas lembre-se: no câmbio manual, o melhor conjunto é o do GT, pelo torque e potência de seu motor flex.
A dianteira do novo Vectra, esconde uma plataforma de Astra. Sob o capô o motor 1.8 Flexpower que não é moderno, mas ainda é melhor que o propulsor do GT-X
A reestilização deu nova vida ao Golf. Por isso suas vendas cresceram. Mas sua mecância continua praticamente a mesma há 10 anos. O motor 2.0 a gasolina é o de desempenho mais limitado do segmento
Dimensionalmente, o GT é maior que o Golf. Tem 4,28 m de comprimento contra 4,20 m do Volkswagen. Na largura, a mesma coisa: 1,75 m do GT contra 1,73 m do Golf. Mas, a vantagem mais significativa do GT em relação às medidas surge na distância entreeixos, que normalmente sugere a disponibilidade do espaço interno: o hatch da GM tem 2,61 m contra 2,51 m do Golf. Mas se perde nas medidas, o Golf dá a resposta no preço. Na versão Confortline de câmbio manual de cinco marchas custa R$ 58.690 enquanto o Vectra GT-X é comercializado a partir dos R$ 68.990. Um desconto de mais de R$ 10 mil? Não necessariamente… O Golf desse preço vem “pelado” enquanto o GT-X já vem completinho, com tudo a que o consumidor desse produto tem direito: airbag duplo, CD Player com MP3, rodas 17”, navegador, ar-condicionado digital, bancos de couro… O único opcional é a transmissão automática que eleva o preço do GT-X para R$ 73.490. Se comprarmos um Golf com os mesmos equipamentos ele custará R$ 77.050, sem o navegador que não é oferecido no modelo e comando do som no volante. Nesse caso, novo ponto para o Vectra GT.
O design traseiro é a característica mais forte destes modelos. É ele que garante esse ar esportivo, que tanto encanta o consumidor
Qual o melhor? Sem dúvida, o Vectra GT. Ele é maior, equipado com motor flex mais potente, mais bem equipado e, nessa condição, custa mais barato que o Golf, mesmo com a redução de preço anunciada pela VW. O Golf só será mais interessante se for adquirido nas versões básicas. Na realidade, é o alto custo dos opcionais que inviabilizam a compra desse VW. O único mérito do agora líder Golf é sua louvável transmissão automática de seis marchas. Só isso.
Os outros concorrentes de Golf e GT-X