Quem já acompanhou pela televisão o trabalho de Olivier Anquier, o padeiro mais famoso do Brasil, já deve ter percebido que o negócio deste francês não é apenas pilotar fogão. Durante o tempo em que atuava nos programas Diário de Olivier, da GNT, e Domingo Espetacular da Rede Record, Anquier viajava por todo o País, a bordo de seu Fusquinha verde ano 1962, comprado exatamente para essa finalidade.

Mas não é só nas telinhas que Olivier pode ser encontrado andando de Fusca. Apaixonado pelo modelo, ele também é proprietário de mais duas unidades do Volkswagen: uma azul, ano 1986, totalmente original, que Olivier tem como peça de coleção, e outra prata, ano 1996, série ouro e motor 1.600 com rodas Porsche, que usa no seu dia-a-dia. Segundo ele, andar de Fusca é a melhor blindagem que existe. “Esse carro causa nas pessoas uma reação interessante: apesar de ser antigo, ele chama muita atenção, mas de uma maneira saudável, sem colocar minha segurança em risco”, explica. Quando viaja, ele arrisca até rebocar um barco no seu Fusquinha.

Sua relação com o modelo – um dos maiores ícones da indústria automobilística mundial – começou quando ainda era criança. Seu pai possuía um Fusca amarelo conversível que levava a família para suas viagens pela França e no qual Anquier aprendeu a dirigir. Uma ligação importante para ele.

Sempre interessado por carros antigos e com uma situação financeira estável devido à carreira de modelo, em 1986 Olivier montou uma oficina de restauração de veículos, com um amigo, em Paris.

O primeiro automóvel restaurado em sua oficina foi – obviamente – um Fusca! Mas a empreitada deu certo e prosperou. Tempos depois, a maioria dos carros que reconstruía ia direto para o Japão, para clientes que faziam encomendas. Entre os mais pedidos estavam os Alfa Romeo e os Lotus. Seu trabalho era procurar o carro, comprá-lo e restaurá-lo.

Ele aproveitava o fato de viajar o mundo todo a trabalho para ir atrás das peças mais difíceis e de carros mais raros.

Quando veio para o Brasil pela primeira vez, em 1979, Olivier descobriu que aqui o Fusca reinava absoluto mais do que em qualquer outro lugar do mundo, o que fez seu afeto pelo modelo aumentar ainda mais. Anos mais tarde, já instalado definitivamente no País, o francês desenvolveu um projeto para tevê chamado Diário do Olivier, e decidiu usar um Fusquinha para as viagens que fazia, Brasil adentro, desenvolvendo suas receitas para o programa. “Escolhi o Fusca porque em qualquer lugar que eu chegasse com ele era muito bem recebido. Acho que, de certa forma, ele me aproximava mais das pessoas e criava uma empatia muito forte entre as diferentes classes sociais e culturais de todo o País”, afirma.

“Apesar de ser antigo, esse carro chama muita atenção, mas de uma maneira saudável, sem colocar minha segurança em risco”

Foi assim que o Fusquinha 1962 verdinho de Olivier ganhou fama junto com o dono. Difícil acreditar que ele custou apenas R$ 500. “No ano 2000, eu freqüentava a região do Capão Redondo, ajudando uma instituição de caridade, e sempre passava na rua em que ele estava. Seu estado era ruim, mas com a experiência que tenho no ramo de restauração vi que era viável reconstruí-lo”, conta.

O objetivo era deixar o carro o mais original possível externamente, mas o desempenho precisaria ser reforçado para que o carro pudesse enfrentar a estrada e levá-lo aos quatro cantos do País. Todo o processo de restauração demorou aproximadamente um ano e custou cerca de R$ 10 mil. As principais mudanças foram nos amortecedores, trocados pelos usados nos modelos Itamar, e no motor, que também foi substituído para dar lugar a um propulsor 1.500. E pelos resultados vistos no programa, tudo indica que a fórmula deu certo. O Fusquinha, que tinha mais de 20 anos de existência e estava esquecido numa garagem na periferia, encarou o desafio com bravura e chegou a ir de São Paulo a Salvador, levando seu ilustre proprietário para uma de suas missões. O Fusca verde ficou tão famoso que Olivier nem pode utilizá-lo no dia-a-dia. Com esse modelo, todo mundo o reconhece nas ruas.

Com seu olho clínico de restaurador, ele comprou o Fusquinha 1962 por R$ 500. Após um ano de trabalho e um investimento de R$ 10 mil, o modelo estreava como coadjuvante no programa Diário do Olivier

“De certa forma, o Fusca me aproximava das pessoas e criava uma empatia muito forte entre as diferentes classes sociais e culturais de todo o País”, afirma Anquier