COROLLA SE-G R$ 86.360

Se minha análise do Corolla SE-G ficasse restrita à sua configuração técnica e ao seu comportamento dinâmico, as críticas seriam mínimas. O carro, principalmente na versão top, é só elogios: silencioso, ágil em manobras de desvio brusco, freios sensíveis ao menor toque, interior agradável, boa posição de dirigir (como o banco, o volante também tem regulagem de altura e profundidade) e ótimos faróis de xênon são apenas algumas de suas qualidades.

Destaque para o câmbio automático de engates suaves e quase imperceptíveis (apesar das quatro marchas, como no modelo anterior, o novo câmbio possui atuadores que tornam seu funcionamento impecável, e as novas relações de marcha permitiram melhor aproveitamento do sistema VVTi do motor, reduzindo bastante ruído e consumo) e para a precisão da direção com sistema eletro-hidráulico, que, de tão rápido, chega a ser incômodo (ao mais leve movimento do volante, as respostas do carro são rapidíssimas, como em um veículo de corrida). Apesar de transmitir segurança, o sistema requer maior atenção, pois qualquer toque ao volante significa uma grande movimentação.

O câmbio continua com quatro marchas, mas seu funcionamento foi bastante melhorado nesta nova geração do sedã japonês

A crítica fica por conta do posicionamento dessa versão SE-G. Por R$ 86.360, preço sugerido pela marca, o mercado oferece muita coisa interessante, desde o Fusion (cerca de R$ 83 mil), mais barato, maior e muito equipado, passando por Jetta (cerca de R$ 91 mil), com motor de 170 cv e câmbio automático de seis marchas, Azera (cerca de R$ 95 mil), maior, com motor V-6 de 245 cv e câmbio automático de cinco marchas, até seu arquiinimigo Civic EXS, com motor de 140 cv e câmbio automático de cinco marchas com opção de trocas manuais na alavanca ou sob o volante, por R$ 85 mil. Claro que o respeito que a marca Toyota impõe ao consumidor pesa na hora da decisão, mas negócio é negócio e na hora H o consumidor vai optar pelo que for mais conveniente.

CONTRAPONTO

Concordo plenamente com o Douglas em relação ao mal posicionamento desta versão SE-G. Não que não valha o quanto custa, mas realmente enfrenta, nesta faixa, rivais com atributos mais convicentes que faróis de xênon ou detalhes em madeira para conquistar o consumidor. Por outro lado, o câmbio que agradou ao Douglas não me convenceu da mesma maneira. Sim, ele é confortável e tem trocas bastante suaves – mas apenas quando conduzido sem pressa (o que não deve ser um problema para a marca, pois essa deve ser a maneira de dirigir da maioria dos conservadores consumidores do sedã). Mas, para pessoas mais jovens ou aquelas que preferem uma condução mais esportiva, recomendo a transmissão manual, não disponível na versão SE-G – ou um Honda Civic. Quando muito exigido pelo comando do pé direito, o Corolla com câmbio automático decepciona. O nível de ruído interno aumenta muito e as trocas são bastante sentidas – principalmente pelo fato de praticamente “matarem” seu desempenho

Flávio R. Silveira | Repórter

Detalhes de requinte nesta versão top: retrovisor de escurecimento automático, ar-condicionado digital, acabamento em madeira, lavador de faróis e porta-luvas duplo (mais abaixo). O porta-malas é maior que o do Civic, mas menor que o do Vectra