TRACKER 2.0 AVALIADO R$ 61.724, CROSSFOX 1.6 AVALIADO R$ 63.499, ECOSPORT XLT 1.6 AVALIADO R$ 65.580, PALIO ADVENTURE 1.8 AVALIADO R$ 60.192

A Fiat, ao lançar a Palio Adventure, em 1999, inaugurou no Brasil um segmento: o de carro de passeio “off-road” – mais na aparência do que na capacidade de superar desafios fora-de-estrada, é bom frisar. Em 2002, foi a vez de a Ford lançar seu EcoSport, e consolidar de vez o segmento “offroad light”, seguida depois por várias montadoras. Agora, a Fiat volta a inovar, com o lançamento da Palio Adventure Locker – avanço da antiga geração, agora mais capaz de superar obstáculos, graças à maior altura do solo e, principalmente, ao bloqueio do diferencial que dá nome ao carro (“Locker”) . Para enfrentá-la, escolhemos Ford EcoSport 1.6 XLT, VW CrossFox e GM Tracker. Ficaram de fora a Peugeot 206 Escapade (que parou de ser fabricada e logo será substituída pela 207 Escapade), C3 XTR (sem grandes mudanças em relação à versão normal) e Fiesta Trail (mais um kit de acessórios estéticos). Os quatro rivais, com equipamentos semelhantes, têm preço na casa dos R$ 60/65 mil (veja tabela com os preços deles e dos opcionais). Por questão de justiça, tentamos igualar todos com o Tracker, que vem mais completo de série. O CrossFox é o mais barato na versão de entrada (R$ 46.010), mas só vem com direção hidráulica – e a marca cobra caro pelos opcionais. Já o consumidor do EcoSport XLT 1.6 é obrigado a comprar bancos de couro para ter os freios ABS, e por isso adicionamos este item em todos os rivais (menos no Tracker, que não traz a opção).

QUEM VAI MAIS LONGE?

Os quatro aventureiros têm diferentes “níveis de valentia”: o CrossFox tem boa altura do solo, mas é o mais limitado no off-road; o EcoSport tem carroceria de SUV e pneus mistos, o que não resolve tudo quando a situação fica feia; a Palio, com seu bloqueio do diferencial, vai mais longe. Nenhum chega perto do Tracker, off-road verdadeiro, com 4×4 e reduzida.

Para pegar estradinhas de terra ocasionalmente, com piso seco ou que, mesmo após uma chuva, não formam lamaçais, qualquer um te levará sem problemas – com a vantagem de suspensões e amortecedores mais resistentes e maior altura do solo, o que evita que pedras ou obstáculos raspem no fundo do carro. Mas em estradas piores, com lama escorregadia e buracos, o CrossFox é o primeiro a “patinar”, com seus pneus feitos para o asfalto. O EcoSport, de pneus mistos, se sai melhor, mas em subidas escorregadias… É aí que a Palio mostra o bloqueio do diferencial: a roda direita patina, o torque é transferido para a esquerda e a maioria das situações é superada.

Já o Tracker tira isso tudo de letra. Com a tração no modo 4×2, já supera estas situações com facilidade – ajudado pelo fato de que o eixo motriz, neste caso, é o traseiro. Qualquer problema, basta engatar o 4×4 ou então a reduzida: um jipe de verdade. É o único capaz de encarar trilhas pesadas, onde com o Volks e o Ford nem pensaríamos em entrar, e até mesmo com a Adventure Locker é necessário ter bastante coragem – e habilidade ao volante.

Acima, o design agressivo da nova Palio Adventure. O painel vem com bússola (útil) e medidores de inclinação, como se vê no detalhe logo abaixo

Acima, os confortáveis bancos em couro, opcionais. À direita, o botão ELD, que ativa o bloqueio do diferencial na hora de encarar lamaçais e outras situações difíceis

O Tracker, antigo Suzuki Grand Vitara, tem um design que não nega sua idade. Ao menos o painel, ao lado, deveria ter sido reformulado

Nem bancos em couro nem opcionais. Mas o Tracker é um 4×4, com opção de reduzida (controlada pela alavanca junto ao câmbio). O espaço para passageiros e bagagem é limitado

HORA DO ASFALTO

Esquecendo a aventura fora-de-estrada, que para muitos nunca acontece (a maioria gosta é do visual), em estradas asfaltadas e na cidade, a grande vantagem que o Tracker levava até agora se inverte. O jipinho tem péssima estabilidade, principalmente em curvas, e o acerto para o off-road de seu sistema de suspensões o faz pular demais nos buracos.

Além disso, é o único que roda só com gasolina (os rivais são todos flex) e o único com motor 2.0 (que também é oferecido no EcoSport, só que ele fica mais caro, e o motor não é flex). Mas o Chevrolet tem um consumo alto, principalmente na estrada (11,5 km/l, quase a mesma marca atingida por Palio e CrossFox quando abastecidos com álcool, também na estrada).

A melhor dirigibilidade, neste caso, é a do Volks, mais parecido com um carro comum, seguido do Fiat, com pneus mistos um tanto mais ruidosos e uma leve tendência a se desgarrar nas curvas mais ousadas. O Ford também decepciona – com carroceria de SUV e centro de gravidade alto, é bom não abusar.

CrossFox e EcoSport têm motores 1.6 flex, com até 105 cavalos no primeiro e 111 cavalos no segundo. Mas o desempenho do Volks é melhor, e o seu consumo mais baixo. Já a Palio Adventure vem com um 1.8 (da GM) de até 114 cavalos (pouco para sua capacidade cúbica), mas tem o melhor torque de todos, enquanto o 2.0 do Tracker gera 128 cavalos, mas com consumo alto. No equilíbrio entre desempenho e consumo, Palio e CrossFox são os vencedores.

O CrossFox foi lançado em 2005, e tem desenho atual. O painel peca pelo excesso de plástico e ausência de porta-luvas

Os bancos em couro têm duas cores e o volante com controles do rádio é opcional. A luz amarela, ao lado, indica que o suporte do estepe na traseira está mal fechado

No EcoSport 2009, uma das grandes fontes de reclamações, o acabamento interno, sofreu várias melhorias. A posição do motorista é alta

O CD player vem de série no EcoSport XLT. Os bancos deixam o motorista um pouco solto. Para ter ABS, os bancos tem que ser em couro. O avaliado não tinha, mas somamos a seu preço

A Palio Adventure é a única que esconde o estepe. Perde no visual, mas ganha muito em praticidade

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VIDA A BORDO

No espaço para os passageiros, nenhum se destaca, com medidas parecidas, inclusive entreeixos (o menor tem 2,46 metros, o maior 2,49 metros). Mas, no porta-malas, ampla vantagem para a Palio, que leva 460 litros. Depois vêm CrossFox, com 353 litros, EcoSport, com 292 litros, e, por último, o Tracker, com 275 litros.

O acesso ao porta-malas é mais fácil na Adventure, que tem tampa com abertura para cima. EcoSport e Tracker têm estepe na traseira e tampa do porta-malas que se abre para o lado, exigindo mais espaço da parede da garagem ou do carro estacionado atrás. Já o CrossFox leva o título de mais trabalhoso: o estepe é preso em um suporte que abre para o lado e, depois, ainda é preciso abrir a tampa para cima. Trabalho em dobro.

Em acabamento, nova vantagem do Tracker: na verdade um Suzuki (Grand Vitara) travestido de GM, tem qualidade e refinamento, com ausência de ruídos internos, típica dos japoneses. O Fiat e o Ford vêm em segundo lugar, com acabamento adequado, mas não sofisticado. O CrossFox é o mais pobre: uso excessivo de plásticos e abundância de ruídos.

O Tracker tem bom acabamento, mas o mesmo não pode ser dito do painel, com aparência de “século passado”, que não esconde a idade do seu projeto. O CrossFox tem conta-giros pequeno e porta-luvas sem tampa (mas gavetas debaixo do bancos). O EcoSport tem instrumentação melhor, mas sem destaques. Na Palio, o computador de bordo mostra sofisticação, e bússola e medidores de inclinação, embora sejam itens dispensáveis, dão um “charme aventureiro” a mais.

CONCLUSÃO

O Tracker se destaca pela capacidade off-road muito superior e acabamento bom, mas é um carro muito antigo, como se vê no motor, design e painel. E não é flex. O melhor para quem realmente precisa superar obstáculos e estradas difíceis.

Entre os outros três, a Palio leva o primeiro lugar pela relação custo/beneficio (vem completa de série) e pela valentia (com bloqueio do diferencial). Tem também mais espaço para bagagem, mas seu projeto é um tanto antigo, apesar da reestilização sofrida agora.

O EcoSport agrada (principalmente mulheres) por fazer o motorista se sentir mais alto que nos demais carros, mas para isso sacrifica a dirigibilidade, sem se destacar no fora-de-estrada. Já o CrossFox fica na lanterninha em valentia e conforto, mas na cidade é bastante ágil e tem a melhor dirigibilidade.

OUTRAS OPÇÕES

PARA O “OFF-ROAD LIGHT”

Citroën C3 XTR

R$ 46.997 / R$ 52.498 Os preços acima são das versões 1.4 e 1.6, ambos flex, segundo a tabela Fipe. Ele fica mais caro com mais opcionais. Apesar do visual aventureiro, não tem modificações mecânicas significativas para o off-road.

Peugeot 206 Escapade

R$ 47.060 Ela tem um preço atraente, suspensão independente nas quatro rodas e boa altura do solo, mas está saindo de linha para dar lugar à 207 Escapade, ainda sem data oficial para o lançamento. Por isso, ficou de fora.

Ford Fiesta Trail 1.6

R$ 39.832 / R$ 43.530 São os preços das versões 1.0 e 1.6, respectivamente. Lançado como um kit de acessórios, há pouco virou versão de fábrica. Na prática, ainda são apenas adereços estéticos. Não oferece nada especial para o off-road.