01/08/2008 - 0:00
Audi R8
A última edição do consagrado teste “Clube dos Quatro Segundos” trouxe uma novidade. Além dos supercarros avaliados, havia uma estrela também na banca julgadora: Alain Prost, quatro vezes campeão mundial de F-1. Mas vamos recordar um pouco do que trata esse evento. A cada ano, os principais esportivos do mundo são convidados a participar de uma disputa na pista de testes da revista Quattroruote. São carros extremamente velozes que, ao menos na teoria, são capazes de alcançar os 100 km/h em quatro segundos. Daí a idéia de batizar a prova de “Clube dos Quatro Segundos”. Depois de duas vitórias da Ferrari, (com Enzo e F430 F1), resolvemos ampliar o leque, selecionando carros com grande refinamento técnico, porém menor cavalaria. Assim, a grande estrela seria o Audi R8, primeiro esportivo de motor central produzido em série pela marca.
Oitava estrela
Além dos sete carros superesportivos, esta edição do “Clube dos Quatro Segundos” contou com a presença ilustre do ex-piloto Alain Prost, que avaliou todos os modelos
Partimos daí e a ele juntamos o Porsche 911 Carrera 4S, ponto de referência na categoria, o BMW M3 Coupé, a Mercedes SLK 55 AMG, o Jaguar XKR e, para representar os americanos, o XLR-V, o mais veloz Cadillac já produzido. Decidimos convocar um último integrante para o time: o C8 Laviolette, um supercarro construído praticamente a mão pela Spyker, uma tão desconhecida quanto antiga fabricante holandesa.
Como nas edições anteriores, o evento começou com uma análise estática dos modelos. Durante algumas horas, os jurados dedicaram-se ao reconhecimento dos carros. Avaliaram a posição de dirigir, a disposição dos comandos, a ficha técnica dos fabricantes e analisaram as características mecânicas e o nível de equipamentos de cada modelo participante.
“Para mim, o R8 é o melhor do teste” Alain Prost
No dia seguinte, iniciamos os testes. Cerca de 300 km em estradas com trechos de serra. O modelo mais confortável é o Jaguar XKR, mas, nas serras, o modelo sofre um pouco por causa do entreeixos longo e das medidas avantajadas, que lhe roubam agilidade nas curvas estreitas. Esse parece ser o hábitat do Carrera 4S, particularmente ágil nessa situação, e do R8, que, apesar de ser construtivamente quase um carro de corrida, mostrou ser um grande “estradeiro”.
No Spyker o piloto se embriaga pelo ronco encantador do “torcudo” V8, enquanto derrete de tanto calor no pequeno habitáculo! O BMW M3 mostra ser uma máquina agradável de guiar, mas bravura mesmo é o que se tem do V8 do Cadillac. Devora gasolina, mas despeja no asfalto uma quantidade impressionate de cavalos a cada vez que é solicitado pelo pedal.
Às nove horas da manhã do terceiro dia, Alain Prost se apresentou à cancela da pista de Vairano. O tempo de um café e já estávamos prontos para andar na pista. Os carros aparelhados com os instrumentos e as equipes de filmagem a postos. Hora da largada.
“O segredo é o equilíbrio. De nada vale um grande motor sem o chassi adequado”
Curioso, Prost decide começar com o Spyker. Poucas voltas para reconhecer o traçado da pista (relembrar, na verdade, já que o piloto é colaborador da Quattroruote em outros testes) e começou a primeira série de voltas rápidas. O tempo obtido – um minuto e 24 segundos – não é dos melhores. Prost sacode a cabeça: “Não me convence. Parecem dois automóveis diferentes: um na frente, outro atrás”, diz. “É pouco homogêneo e não dá segurança em alta velocidade. O motor é bom, tem muito torque e mostra-se forte já nas baixas velocidades”.
Em minutos, ele já estava a bordo do Jaguar. Sete voltas depois, retorna ao box. com uma expressão mais serena. “É um carro muito estável, e dá segurança. Em pista não é muito veloz, mas na estrada pode garantir satisfação.
Depois da avaliação estática, os modelos seguiram para a estrada com trechos de serra. Por fim, foram levados ao extremo dentro da pista
Diferenças CONSTRUTIVAS
As fichas ao lado mostram detalhes sobre cada uma das máquinas avaliadas. Note que BMW, Cadillac, Jaguar e Mercedes têm uma disposição clássica da mecânica, com motor dianteiro e tração traseira. Já o Porsche é o único integrante com motor traseiro (atrás do eixo) e tração integral. Spyker e Audi R8 oferecem o chamado motor traseiro central (antes do eixo) e o Audi tem ainda o benefício da tração integral. Essas diferenças mudam a divisão de peso dos carros e o momento polar de inércia, influenciando nas características de equilíbrio e performance de cada modelo
A melhor volta foi do R8: 1 minuto e 18 segundos
Além do mais é muito confortável e as linhas me agradam”, elogia. Chega a vez do Cadillac. Prost obtém um minuto, 23 segundos e nove décimos. “É um carro interessante, tem um bom chassi (derivado do Corvette C5), que se comporta bem em curvas velozes”, diz. “Desligando o controle de estabilidade, mostra mais esportividade, mas também fica mais perigoso de pilotar. O motor é muito bom. Potente, progressivo. Só não gosto do design”, comenta Prost.
O piloto preenche o boletim com as notas e volta à pista, a bordo do SLK. Faz uma seqüência de voltas fortes e outra sem controle eletrônico. O julgamento não é favorável. “Estou um pouco decepcionado. O motor é brutal, mas tem pouco equilíbrio. Sem a eletrônica é difícil controlá-lo. Nas frenagens, há muita transferência para a dianteira. Não é agradável de guiar, é apenas difìcil”, sentencia. Já com relação à BMW M3, sua opinião foi contrária. “É realmente um prazer guiar este carro. Eu obtive praticamente o mesmo tempo nas voltas com e sem os controles eletrônicos. Isso prova que o carro é muito equilibrado. A cada volta você tem vontade de ir mais longe, para achar o limite. Isso, em um carro, que nos dá a oportunidade de viajar em quatro adultos com bagagens, é um belo resultado”, elogia, enquanto se dirige ao Porsche.
A curiosidade fez com que o piloto iniciasse os testes pelo Spyker, o mais exótico e caro
Mais sete voltas na pista e Prost sai sorridente do 911 Carrera 4S. “Um verdadeiro esportivo, rápido nas mudanças de direção, freia bem e tem um motor muito vivaz. A tração integral ajuda bastante. Só uma crítica: a embreagem é um pouco longa e pesada, o que penaliza a troca de marcha”, pondera o campeão.
A grande estrela do evento, o Audi R8 ficou para o final e Prost não escondia o entusiasmo ao retornar para o boxe. “Eu esperava algo especial, mas nada neste nível”, diz. “É uma máquina ótima para uso diário e que oferece uma incrível satisfação também na pista. Isso não é algo fácil de se obter”, conclui. Teríamos encontrado a máquina perfeita? “Não, claro que sempre se pode melhorar, mas para mim, é o melhor do teste”, finaliza.