1. CAPTIVA SPORT AWD R$ 99.990

2. DODGE JOURNEY R$ 98.900

Dois familiares tipicamente norte-americanos: exagerados em suas dimensões externas, espaçosos e confortáveis, equipados com motores generosos no desempenho e gastões para os padrões brasileiros, macios na calibragem de suas suspensões e suaves de serem dirigidos. Essas são características comuns a Chevrolet Captiva e Dodge Journey. Americanos de carteirinha. Eles passam longe dos conceituais e comportados familiares orientais, certinhos e contidos nas dimensões, com motorizações acanhadas e econômicas. Ironicamente, nenhum deles é fabricado nas terras de “Tio Sam”. Ambos são feitos no México.

Apesar de se destinarem fundamentalmente ao mesmo objetivo, o transporte confortável e seguro da família, eles diferem entre si no conceito: enquanto o Captiva é um legítimo sport utility vehicle (SUV), ou seja, um utilitário esportivo com tração nas quatro rodas, o Journey é o que os técnicos batizaram de crossover, um misto de perua com SUV (possui o comportamento dinâmico de uma perua, mais baixa e portanto mais estável, e o espaço interno e a comodidade de uso dos sport utilities). Ambos procuram conquistar o consumidor pela opulência e o exotismo de suas linhas e pela abundância de espaço interno.

Os dois norte-americanos nascidos no México são parecidos, mas têm propostas distintas para agradar as famílias

No Captiva 4×4, bancos de couro, disqueteira e banco do motorista com aquecimento são as diferenças em relação ao 4×2. Se não precisar da tração integral, pode optar pelo mais barato

O acabamento do Journey é um pouco inferior ao do Captiva. Mas no que se refere ao conforto familiar, o Dodge oferece mais mimos. Inúmeros porta-objetos (inclusive sob o assoalho, arcondicionado digital bizone e assento para sete passageiros

Na mecânica, os dois dispõe de uma configuração semelhante: motores V6 e transmissões automáticas de seis marchas com comando eletrônico que permitem trocas seqüenciais. Trens de força exemplares. No Captiva, o motor desloca 3,6 litros com 24 V e produz abundantes 261 cv com torque máximo de 32,9 kgfm. O interessante desse propulsor é que ele entrega todo esse torque a baixíssimos 2.100 rpm. Mesmo pesando quase 1.900 kg, as arrancadas (0 a 100 km/h em 8s5) e as retomadas de velocidade do Captiva impressionam. A transmissão automática é rápida nas trocas e nas respostas, mesmo quando se utiliza no manual. O lamentável está apenas no rigoroso limitador de velocidade imposto pela Chevrolet (160 km/h). Uma velocidade que os técnicos julgam segura e suficiente para um familiar de seu porte. O problema é que até os SUV de entrada são mais velozes que isso.

O motor do Journey é menor e consequentemente menos gastão. É um 2,7 litros de 24 válvulas que produz comportados 185 cv com um torque de 25,5 kgfm a altos 4.000 rpm. O motor além de menor, é menos elástico que o V-6 do Captiva. Mas isso não significa uma performance decepcionante: sem o brilho das respostas do Captiva, o Journey é mais suave e tranqüilo nas saídas, tornando as acelerações e retomadas de velocidade mais lentas. Mas nada preocupante, afinal de contas estamos falando de um familiar de sete lugares que acelera de 0 a 100 km/h na casa dos 10,8 segundos e chega aos 182 km/h de máxima. Mais do que suficiente para a proposta do carro. Outro ponto que impressiona no Journey: seu silêncio ao rodar. Concebido no período em que a Daimler era dona da Chrysler/ Dodge, o Journey não consegue esconder seu DNA Mercedes. Chave de contato, comando de retrovisores externos, comandos do controlador de velocidade estão entre as visíveis coincidências com os Mercedes. E, principalmente, sua condução tipicamente européia que difere muito da tocada americana do Captiva, com suspensão mais macia e rolling elevado da carroceria nas curvas mais velozes. Em suma, o Journey tem comportamento de uma perua e o Captiva de um SUV.

O acabamento mais sofisticado fica com o Chevrolet: couro bege nos bancos e interior bem requintado para seu preço. Em contrapartida, o Dodge oferece sete lugares para as famílias maiores. Os dois ótimos carros para o que se propõem. Fique com o Captiva se você prioriza o desempenho (nesse caso mande anular o limitador de velocidade) e gosta de respostas mais nervosas sem se preocupar com o consumo, trafega eventualmente pela lama ou barro (nesse caso a tração 4×4 é fundamental) e não necessita de um utilitário que transporte mais do que cinco pessoas com um porta-malas de 821 litros (contra 758 do rival). Já sua escolha deve ser o Journey se você tem necessidade de um carro que transporte até sete pessoas, gosta mais do comportamento dinâmico de uma station (com uma suspensão mais firme do que de um SUV), prefere reações mais suaves ao comando do acelerador e um consumo mais contido de gasolina para um motor V6. O preço é praticamente igual, suas necessidades definirão a melhor escolha.