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Devido à estratégia da Volkswagen, de ir soltando as informações aos poucos, muito já se falou sobre o novo Polo. Na edição passada, MOTOR SHOW mostrou a versão Comfortline disfarçada, num test drive em circuito fechado. Agora chegou a vez de conhecer o carro completo em sua versão topo de linha (Highline 200 TSI Automatic), avaliada na pista e na estrada. Portanto, vamos direto ao que interessa: a dirigibilidade desse novo Volks. (Confira aqui as versões, preços e equipamentos do novo VW Polo).

Equipado com o já conhecido motor 1.0 turbo de três cilindros (presente nos VW Up e Golf), o Polo 200 TSI prioriza a força em baixas velocidades. Até o nome da versão indica isso, pois 200 representa o torque em Nm (Newton-metros), equivalente a 20,4 kgfm de 2.000 a 3.500 rpm. Isso significa que o câmbio automático não precisa fazer tantas mudanças de marcha na cidade, privilegiando o consumo. Como é comum nos carros da Volks, o Polo embala rápido. Mas, em velocidade, percebe-se a primeira grande mudança de conceito que vem com carro: as suspensões são mais moles e dão ao Polo um rodar bem macio, o que deve agradar ao brasileiro médio.

Na pista, a moleza da suspensão faz com que a carroceria role um pouco e os pneus gritem bastante nas curvas – afinal, o carro está sendo mais exigido. Quando fomos para o trecho de estrada, porém, essa maciez rapidamente se transformou em conforto. Em velocidades mais moderadas, que é a situação normal do tráfego rodoviário, o novo Polo mostrou um comportamento neutro e absorveu muito bem as irregularidades do asfalto. Além disso, o Polo TSI possui controle eletrônico de estabilidade. Para um carro que atinge 192 km/h de velocidade máxima, a Volkswagen optou por freios a disco nas quatro rodas. Mais surpreendente do que a maciez das suspensões é o silêncio a bordo, compatível com carros de categoria superior. Nesse ponto o motor 1.0 TSI (turbo com injeção direta) também tem grande mérito, pois a 120 km/h, em piso plano, trabalha a apenas 2.200 rpm. Muito bem ajustado, o câmbio automático de seis marchas permite uma retomada de velocidade de 80-120 km/h em 8,2 segundos. Isso comprova a elasticidade do motor, que proporciona ao Polo 200 TSI uma aceleração de 0-100 km/h em 10,1 segundos com gasolina e 9,6 com etanol.

As duas versões 200 TSI (Comfortline e Highline) serão automáticas e responderão pela maior parte das vendas. Mas há outras duas, ambas com câmbio manual de cinco marchas: a de entrada se chamará apenas Polo e usará o motor 1.0 do Up e do Gol, que tem 75/84 cv (gasolina/etanol). A intermediária se chamará Polo MSI e usará o motor 1.6 de 110/117 cv, que não fez muito sucesso no Golf. 

Graças à nova plataforma modular MQB, o Polo ficou mais amigável aos ocupantes do que seu antecessor da plataforma PQ24. Ele é 16,7 cm mais comprido, 10 cm mais largo e 10 cm maior na distância entre-eixos. Em compensação, é 2,1 cm mais baixo. Quem ganhou com isso foi o design, pois a Volks pode dar ao carro um perfil mais assentado e com maior espaço interno.

Em relação ao novo Polo europeu, o Polo brasileiro ganhou 2 mm na distância mínima do solo e um desenho mais esportivo na grade dianteira. Todo o resto é igual. A flexibilidade da plataforma MQB também permitiu à Volkswagen fazer um carro com maior distância entre-eixos do que todos os seus concorrentes diretos. Seus rivais serão os hatches compactos Fiat Argo, Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Peugeot 208, Renault Sandero e Ford Fiesta. Segundo o presidente da Volkswagen do Brasil, David Powels, o novo Polo tem a missão de ser um dos cinco carros mais vendidos do mercado. As vendas começam em novembro e o Polo brasileiro será exportado para 12 países da América Latina.

Para chegar lá, a Volks apostou num design moderno e agressivo, no conforto e na conectividade. Visualmente, o Polo diferencia-se do Golf pela coluna C mais fina, com uma janelinha. Visto de frente, pode até ser confundido com um Golf por quem não entende de carros. Visto de traseira, ele lembra muito o Gol atual, devido às lanternas em formato quase quadrado. Verdade seja dita, a nova geração não tem a mesma personalidade daquele Polo com quatro faróis redondos que deixou saudades no público brasileiro. Ele já tinha perdido boa parte de sua essência no modelo anterior, que foi vendido até 2014. Por isso, o novo Polo tem como diferencial os vincos, frisos e sombras laterais. Repare nas laterais como uma saliência que sai da traseira e vai até o para-lama dianteiro lembra uma flecha. Sem contar o fato de que ficou bem mais largo, o que transmite uma ideia de estabilidade e robustez. Por dentro, painel tem linhas horizontais, com os comandos virados para o motorista.

A conectividade é outro ponto alto do novo Polo 200 TSI Highline. O carro vem com tela tátil colorida de 6,5” e o sistema Composition Touch, que inclui Android Auto, Apple CarPlay e MirrorLink, além de comando por voz, câmera de ré e duas entradas USB. Itens como piloto automático, luzes DRL, partida por botão e faróis de neblina com função cornering também vêm com o carro. O porta-luvas é refrigerado e o volante multifuncional é de couro, com shift paddles para trocas de marcha manuais. Para ter o sistema Discover Media, que aparece nas fotos, é preciso comprar um pacote opcional. Nesse caso, as funções são múltiplas e vão agradar até a mais exigente pessoa que gosta de ficar conectado. O bluetooth, por exemplo, pareia dois celulares ao mesmo tempo. E o painel de instrumentos oferece uma série incrível de configurações. Nesse caso, a tela central passa a ser de 8”. Outros pacotes opcionais incluem bancos de couro e rodas de liga leve aro 17.

ESTRATÉGIA DOS HATCHES

Para que o Polo possa ser um sucesso e, dessa vez, ficar por muitos anos no mercado brasileiro, a Volkswagen precisou redesenhar toda a sua estratégia para os modelos hatch. Assim, o grande prejudicado foi o Fox. Ele não deixa de existir, mas passa a ter apenas duas versões, aventureiras (mas sem o estepe do lado de fora porque o CrossFox sai de linha). Já o Gol volta a ser o carro de entrada da marca no Brasil e passará a ter apenas três versões. A dupla Up/Up TSI será reduzida para quatro versões e oferecida para um público que a Volks identifica como “elite engajada”. Não há ainda uma confirmação sobre o que acontecerá com o Golf, mas é quase certo que a versão com motor 1.6 sairá de linha, pois as vendas desse segmento caíram muito. Também é fora de cogitação o lançamento de uma versão GT ou GTI para os hatches Polo, Up, Fox e Gol. Executivos da Volkswagen disseram que o Gol GT mostrado no Salão de São Paulo nunca passou de um conceito (porém, um novo projeto está sendo desenvolvido para dar ao Gol mais elementos para brigar no segmento de entrada). O único “grã-turismo” da marca no Brasil continuará sendo o Golf GTI.

Quanto aos preços do novo VW Polo, surpreenderam positivamente: R$ 49.990 (1.0 MPI), R$ 54.990 (1.6 MSI), R$ 65.190 (Comfortline 200 TSI) e R$ 69.190 (Highline 200 TSI). Esses valores devem recolocar a Volkswagen numa posição de destaque entre os hatches compactos. “Para brigarmos por volume, os preços precisam ser competitivos”, explicou David Powels. Uma jogada estratégica necessária, pois o segmento de hatches compactos ainda é o mais vendido no Brasil, com 26,8% de participação de mercado, à frente dos SUVs/crossovers (21,6%) e dos veículos de entrada (20,7%).

FICHA TÉCNICA

Volkswagen Polo Highline 200 TSI

Preço básico: R$ 49.990 (1.0 MPI)
Carro avaliado: R$ 69.190 (sem opcionais)
Motor: 3 cilindros em linha 1.0, 12V, turbo, injeção direta, duplo comando variável
Cilindrada: 999 cm3
Combustível: flex
Potência: 116 cv a 5.500 rpm (g) e 128 cv a 5.500 rpm (e)
Torque: 20,4 kgfm de 2.000 a 3.500 rpm (g/e)
Câmbio: automático sequencial, seis marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,057 m (c), 1,751 m (l), 1,468 m (a)
Entre-eixos: 2,565 m
Pneus: 195/55 R16 (opcionais 205/50 R17)
Porta-malas: 300 litros
Tanque: 52 litros
Peso: 1.147 kg
0-100 km/h: 10s1 (g) e 9s6 (e)
Velocidade máxima: 187 km/h (g) e 192 km/h (e)
Consumo cidade: 11,6 km/l (g) e 8,0 km/l (e)
Consumo estrada: 14,1 km/l (g) e 9,8 km/l (e)
Nota do Inmetro: B (estimado)
Classificação na categoria: A (Compacto)