01/01/2009 - 0:00
O processo de design de um carro parte dos esboços, acima, para depois virar uma projeção 3D em computador com os traços definitivos, ao lado. Depois disso, parte-se para a produção
Henrique Almazan Christófoli tem 14 anos e uma grande paixão por carros. Se a história parasse aí, o garoto poderia ser confundido com milhares de brasileiros da mesma faixa etária, mas o que diferencia Henrique dos demais é o sonho de ser designer automobilístico. “Desde pequeno gosto muito de desenhar carros. Nunca curti fazer aula, aprendo mesmo é na internet”, conta Henrique, que considera a área de tuning uma de suas favoritas. “Ganhei até um concurso de desenho da Discovery Channel no Salão de Tuning de 2006”, revela, orgulhoso. Outra especialidade do garoto é inventar modelos. Um deles é a caminhonete que ilustra esta matéria. Mesmo tendo na ponta da língua a carreira que deseja cursar, quando questionado sobre o curso de graduação que escolherá depois de concluir o colégio, Henrique se mostra um pouco em dúvida, já que não existe nenhuma graduação específica em design automobilístico.
Com o crescimento do mercado nacional e a necessidade de profissionais especializados, em 2003 a Fumec (Fundação Mineira de Educação e Cultura) criou o curso design automobilístico e de transportes, que começou como pós-graduação e agora é considerado um curso de extensão, para que alunos da Faculdade de Design de Produto possam se matricular. “Sentimos uma grande carência no mercado, por isso fomos a primeira instituição a lançar este módulo em design automobilístico”, conta Luiz Severiano Dutra, professor e coordenador do curso. De acordo com Dutra, o campo de trabalho aumentou muito nos últimos anos, e com isso as opções de estudo também. “Outro marco importante na área foi o surgimento da internet. Tenho um aluno que postou um projeto em um site de design e acabou conseguindo um emprego”, conta Severiano. Isso mostra quanto o mercado está carente de profissionais especializados.
À esquerda, Henrique Christófoli, que, aos 14 anos, já sonha com a carreira de designer. Abaixo, um dos esboços criados por ele.À direita, um Fox do concurso VW Route
Por esse mesmo motivo, a Volkswagen realiza há dez anos o concurso Talento Volkswagen, que todos os anos seleciona quatro estudantes para estagiar no centro de design. Gerson Barone, chefe de design da marca, diz que cerca de 85% dos designers do centro chegaram por meio do concurso. “É muito interessante, porque mesmo os estudantes que não ganham estágio na Volks acabam tendo oportunidade de trabalhar em nossos fornecedores”, diz Barone, que também é professor de pós-graduação em design da mobilidade da Faap, em São Paulo. Para ele, o mais indicado é se formar em desenho industrial e depois especializar-se em design automobilístico.
Barone considera que o bom designer é aquele que tem uma sensibilidade a mais de criar. “A fase de criação é a mais importante. Mesmo que o primeiro esboço não esteja bonito, não podemos descartar nada”, diz. Esta inspiração também é um dos pontos mais relevantes na hora de definir o vencedor de outro programa realizado pela marca, o Concurso Cultural Volkswagen Route. Os universitários que desenvolverem as melhores respostas para a pergunta “Qual é a sua rota?” ganham R$ 1 mil para customizar, com a temática de sua frase, a carroceria de um Fox cedido pela montadora. Aquele que deixar o carro mais interessante leva de presente um Fox Route 1.6, e a faculdade onde ele estuda ganha um Fox 1.0. “O projeto visa aproximar o público jovem e a marca”, conta Marcelo Olival, que é gerente de propaganda e marketing da Volkswagen.