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Em 2012, quando a Range Rover mostrou pela primeira vez – ainda como carro-conceito – a versão conversível do Evoque, seu SUV compacto-urbano queridinho dos endinheirados, parecia uma ideia bizarra, esdrúxula e exagerada. E talvez seja mesmo. Mas o fato é que cinco anos depois – e após alguns dias ao volante – , ele se mostrou um carro deliciosamente desnecessário, porém bastante útil. Confuso?

Por que, afinal, o Evoque Conversível é um veículo quase-tudo, do qual (quase) absolutamente ninguém de fato precisa, mas que é capaz de fazer muita coisa legal. Combina uma cabine extremamente luxuosa, típica dos Range Rover, à comprovada valentia fora-de-estrada da marca – com direito à sofisticada tração integral com seletor de terreno – e ao prazer de viajar com os cabelos ao vento. E ainda dá para levar a família.

Pensando bem, uma trilha off-road sem capota aberta sempre é divertido: os jipes originais eram assim, e até hoje alguns dos modelos favoritos dos jipeiros – como o Jeep Wrangler e o Suzuki Jimny – têm versões descapotáveis. Elas integram ainda mais motorista e passageiros à natureza ao redor – e aí está boa parte do prazer e da diversão dos jipes “raiz”.

O Evoque Conversível também é quase-tudo porque é capaz de encarar trilhas em um momento e descer a serra como um esportivo em outro. O conjunto do motor 2.0 turbo de 240 cv com o câmbio automático de nove marchas demora a responder ao pé direito, mas quando responde é com vigor. Colocar no modo S ajuda a reduzir essa certa morosidade do powertrain – mas a melhor solução é mesmo usar as aletas no volante para adiantar as trocas.

As suspensões também surpreendem por sua versatilidade: não são lá muito macias, mas garantem bastante conforto e trabalham silenciosamente nos pisos ruins, enquanto nas cur–vas mais rápidas ajudam a manter relativamente sob controle as quase duas toneladas do SUV. E se esse Range Rover é quase tudo, não é um sedã de luxo – pois tem duas portas e espaço interno bem limitado – e tampouco é exatamente familiar.

Quer dizer, duas crianças viajam bem no banco traseiro, mesmo em cadeirinhas, e só é preciso maneirar na bagagem: o porta-malas tem 251 litros, seja com a capota aberta, seja com ela fechada. Não é muito, mas é o que oferece um Ford Ka. Dá pra se virar bem (e se viajar a dois, o banco traseiro acomoda mais algumas malas).

O acesso aos lugares traseiros não é muito bom. Basta um toque no botão localizado no banco dianteiro para ele ir todo para a frente, abrindo assim um modesto acesso – mas devia voltar para onde estava com um toque no botão (para isso você tem que apertar o da memória do banco, na porta). Lá atrás, dá para viajar com conforto a até uns 120 km/h, sem excessiva turbulência, curtindo o som.

É só manter as janelas fechadas – e nem é preciso usar o defletor de ar, que melhora a situação para os passageiros dianteiros, claro, mas inutiliza totalmente o banco traseiro. A questão que fica é: vale R$ 292.500? Se você puder pagar, claro que sim. Afinal, que outro carro é assim tão deliciosamente desnecessário?


Ficha técnica:

Range Rover Evoque Conversível

Preço básico: R$ 292.500
Carro avaliado: R$ 292.500
Motor: 4 cilindros em linha 2.0, 16V, duplo comando variável, turbo, injeção direta, start-stop
Cilindrada: 1999 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 240 cv a 5.800 rpm
Torque: 34,7 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: automático sequencial, nove marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e multilink (t)
Freios: discos ventilados (d) e discos sólidos (t)
Tração: integral, seletor de terreno
Dimensões: 4,370 m (c), 1,660 m (l), 1,609 m (a)
Entre-eixos: 2,660 m
Pneus: 245/45 R20
Porta-malas: 251 litros
Tanque: 68,5 litros
Peso: 1.936 kg
0-100 km/h: 8s6
Velocidade máxima: 209 km/h
Consumo cidade: 7,6 km/l
Consumo estrada: 11,1 km/l
Emissão de CO2: 154 g/km
Nota do Inmetro: D
Classificação na categoria: B (SUV grande)