27/04/2018 - 8:00
Brands Hatch é como um segundo lar para mim. Eu conheço seu traçado incrivelmente bem, pois competi lá pela Fórmula Ford, pela Fórmula 3 e, obviamente, pela Fórmula 1 – e simplesmente amo esse circuito. Nos anos 1960 e 1970 ela era um pista extremamente ondulada, o que a fazia ser ao mesmo tempo cansativa e desafiadora – mas todos os melhores pilotos ficavam ansiosos para correr lá, pois era um circuito no qual um piloto habilidoso podia realmente compensar as deficiências do carro. Era uma pista muito complicada do ponto de vista técnico, e portanto fazer uma boa volta sem erros era bastante difícil.
Na maior parte da minha carreira na Fórmula 1 pilotei para a Lotus e para a McLaren, e como essas equipes são britânicas, uma vitória em casa era sempre um objetivo particularmente cobiçado. Fico, então, extremamente feliz em dizer que consegui chegar à vitória no Grã-Prêmio da Inglaterra duas vezes – a primeira pela Lotus (em Brands Hatch, 1972) e a segunda pela McLaren (em Silverstone, 1975) – e sempre me lembrarei dessa primeira vitória como uma conquista muito especial.
Jacky Ickx largaria na pole de Ferrari, enquanto eu consegui me classificar em segundo, ao lado dele na primeira fileira. Atrás de nós estavam Peter Revson (McLaren), em terceiro, e Jackie Stewart (correndo de Tyrrell), no quarto lugar. Na largada, Jacky Ickx conseguiu segurar a liderança, e eu me posicionei atrás dele, saindo da primeira curva, a Paddock Hill, na segunda colocação. Mas Jackie sempre era especialmente brilhante em Brands Hatch, então ultrapassou Peter já na terceira volta e, depois de uma dura batalha, conseguiu me ultrapassar na 25ª.
Mas eu não o deixei abrir muita distância, e na 35a volta já tentava achar um jeito de ultrapassá-lo e recuperar minha posição. Na 36a consegui fazê-lo, voltando para a segunda colocação. A Ferrari de Jacky agora estava apenas algumas centenas de metros à minha frente, enquanto atrás de mim a Tyrrell de Jackie ainda enchia os espelhos retrovisores. Eu estava em uma situação muito complicada, e mesmo assim me sentia confiante.
Na 49a volta a Ferrari de Jacky teve problemas com a pressão do óleo do carro e abandonou a prova – e assim eu cheguei à liderança. Jackie tentou de tudo que podia e sabia para me ultrapassar novamente, mas consegui segurar minha posição – e quando levei a bandeirada ainda tinha 4,1 segundos de vantagem sobre ele. Eu havia vencido o grande Jackie Stewart no GP da Inglaterra, e ainda por cima em Brands Hatch! Eu estava muito orgulhoso, absolutamente realizado! Foi uma vitória da qual jamais me esquecerei.