Há 21 anos a Fiat inova no segmento de picapes derivadas de carros de passeio. Na verdade, ela criou esse segmento em 1978, com o lançamento do 147 Pick-up. Em 1995, inovou novamente com a Fiorino Trekking, primeiro “off-road light” do País. Em 1999, um ano depois do lançamento da Strada, a nova cabine estendida levou a Fiat a superar a (então) líder Volkswagen Saveiro.

Nada menos que 60% das vendas da Strada hoje são da versão estendida, que oferece um espaço extra para bagagem no interior da cabine. Difícil é entender por que, dez anos depois, nenhuma outra montadora tenha copiado a fórmula. Não é à toa que a picape é o maior sucesso de exportação da Fiat do Brasil, sendo vendida em 35 países.

Agora, a marca inova mais uma vez para atender a uma demanda do mercado. Algumas empresas começaram a adaptar assentos no degrau atrás dos bancos, chegando ao absurdo de colocar cintos de segurança “falsos” sem nenhuma fixação. Mesmo quem não chegava ao extremo da adaptação acabava, vez ou outra, carregando passageiros no lugar destinado a bagagens de mão. Todas opções que burlavam a lei. Assim, a Fiat decidiu criar a Strada cabine dupla. Partindo da estendida, aumentou em mais 25 cm a cabine, conseguindo espaço atrás suficiente para acomodar duas pessoas de até 1,70 m com conforto.

O entre-eixos não foi alterado nem o comprimento.

Ainda assim, a caçamba reduzida não comprometeu muito o design

Para reduzir os custos, a distância entre-eixos não foi modificada nem o comprimento. Por isso, a caçamba foi reduzida – a capacidade é de 580 litros (ou 650 kg). Para comparação, a cabine estendida leva 830 litros ou 685 kg. Vale destacar que os 580 litros são comportados debaixo da capota marítima (que deveria ser de série, mas é um opcional). Sem ela, dá para carregar até uma geladeira.

Com base na versão Adventure, vem bem completa, com computador de bordo, ar-condicionado, direção hidráulica… Como opcionais, teto solar, sistema de som, kit HSD (airbag duplo e freios ABS), sistema Locker de bloqueio do diferencial, retrovisores elétricos, sensores de luz e chuva e bancos de couro.

O motor é o mesmo 1.8 8V, com bom torque em baixas rotações, mas que não gosta de girar alto. No longo test drive de quase 300 km realizado na Estrada Real (região de Diamantina, MG), fizemos uma média de 9,3 km/l. Nos 58 km de terra, em uma velocidade média de 53 km/h (com acelerações e reduzidas constantes), 9 km/l. A suspensão, com molas menos rígidas nesta versão, proporciona conforto (mal se sentem as costelas de vaca e outras irregularidades do off-road), mas em degraus mais altos atinge o limite de seu curso.

A nova versão vai roubar parte dos clientes da cabine estendida. “Vai roubar metade e somar metade”, diz Lélio Ramos, diretor comercial da Fiat. Ou seja, as três mil unidades vendidas mensalmente da Adventure devem cair para 2.250 – mas a isso devem se somar mais 1.500 unidades da cabine dupla, numa estimativa modesta. Uma novidade interessante, que pode superar as expectativas. Será que a concorrência vai levar outros dez anos para copiar a Fiat?