Havia grande especulação sobre quando exatamente o novo Fiesta chegaria ao mercado nacional. Muito foi dito a respeito: que o novo carro seria produzido na fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, a partir do final de 2011; que sairia da fábrica baiana diretamente para o mercado norte-americano ou então que o novo carro tiraria o atual Fiesta de linha tão logo fosse iniciada sua produção nacional, e assim por diante. Na realidade, era tudo especulação. Um alto executivo da Ford contou tudo à MOTOR SHOW em detalhes: o novo Fiesta, em suas versões hatch e sedã, será produzido nas instalações industriais da Ford no México para o mercado norte-americano e brasileiro. Graças ao acordo de livre comércio, o novo Fiesta chegará por aqui sem pagar os impostos de importação, tornando seus preços bem competitivos (na casa dos R$ 44.000 para a versão 1.4 16V de entrada), quando comparados aos de seus principais concorrentes Punto, Polo e o Chevrolet Agile, que chega em outubro. Apesar disso, o modelo atual não sairá de linha, mas terá seus preços reposicionados.

Além disso, a estratégia de trazer o carro produzido no México abreviará muito o tempo de colocação desse novíssimo produto (foi lançado na Europa no final do ano passado) em nosso mercado: as previsões 2011/2012 foram reduzidas para o final do primeiro semestre do próximo ano. A produção nacional será viabilizada em razão de seu sucesso no Brasil.

Na prática, isso signifi ca que no ano que vem a Fiat, a Volkswagen e a Chevrolet, que ainda nem lançou seu novo carro, já terão que enfrentar um competidor de peso. E atente para isso: o novo Fiesta não é só mais um “rostinho bonito” em nosso mercado. O novo carro traz consigo um conteúdo mecânico de respeito. Na plataforma, derivada do mais novo trabalho dos japoneses com o Mazda2, a simplicidade construtiva se une à resistência e à confiabilidade mecânica dos japoneses. No conjunto motor/câmbio, os projetos mais recentes realizados pela Ford europeia nesse campo são os motores da família Sigma 16V e o câmbio manual de última geração, que concilia resistência mecânica e baixo peso com facilidade de operação e silêncio de funcionamento. Nas suspensões, a construção é clássica, idêntica à de seus concorrentes: MacPherson na dianteira com eixo de torção na traseira. Direção com assistência elétrica e freios a disco com ABS e EBD completam uma mecânica honesta e funcional.

Os motores dessa nova família Sigma 16V, que deverão em breve ser produzidos aqui para substituir os atuais Rocam, serão oferecidos nas versões 1.4 e 1.6, com potências de 82 cv e 102 cv, respectivamente. Motores moderníssimos, pequenos e leves, eles são fundidos em alumínio, mas com uma estrutura que faz o papel de mancais inferiores do virabrequim, com a finalidade de melhorar a rigidez estrutural da máquina. Os cabeçotes são de duplo comando, com quatro válvulas por cilindro, com as velas localizadas praticamente no centro das câmaras de combustão, melhorando a qualidade da queima, reduzindo o consumo e a emissão. As bielas são sinterizadas em aço e fraturadas em suas bases e os pistões são têm baixo atrito. Além de um bom torque desde as baixas rotações (no motor 1.4 o torque chega a 13,1 kgfm e, no 1.6, aos 14,9 kgfm), o funcionamento desses motores é suave, silencioso e dócil em quaisquer regimes. Com 11:1 de taxa de compressão, eles deverão mostrar boa performance com álcool, propício às versões fl ex. Por isso, é quase certo que o novo Fiesta chegue ao nosso mercado já com motor flex. Um detalhe que será fundamental para seu sucesso.

Outro fator determinante para o sucesso desse carro serão suas linhas. O carro impressiona por suas formas atraentes e futuristas. As formas finais do carro ficaram próximas às do conceito Verve, que esteve no último salão de São Paulo. A Ford deverá trazer inicialmente a versão hatch e, até o final de 2010, a versão sedã, que brigará com Linea, Polo Sedan e Honda City e deverá ter seu preço inicial na casa dos R$ 54.000. Com motores fl ex e linhas tão modernas, os novos Fiesta deverão dar muito trabalho aos concorrentes.

Assim como a carroceria, o painel impressiona pela ousadia das linhas e pelo acabamento diferenciado, que deve ser suavizado na versão nacional

A versão sedã, que acaba de ser lançada na China, chega em um segundo momento, no final do ano que vem