01/12/2009 - 0:00
Hoje o mercado nacional de sedans médios é um dos mais atraentes para os grandes fabricantes. Com quase 200 mil carros comercializados só este ano, o segmento é dominado por Honda Civic e Toyota Corolla, seguidos do Chevrolet Vectra, que sustenta a posição graças às vendas para taxistas e frotistas. Depois do banho que a Honda deu na Toyota com o New Civic, a partir de 2007, agora é a vez de o Corolla dar o troco e assumir a liderança: talvez a banalização do Civic esteja fazendo o consumidor preferir a “cara sisuda” do Corolla, que mostra na mecânica e no rodar econômico e confortável suas grandes qualidades.
A Volkswagen ficou assistindo à briga e só agora resolveu entrar nela para valer: a partir do segundo semestre do próximo ano, um novo sedã médio será produzido em sua fábrica mexicana, em Puebla, onde hoje são feitos New Beetle, Bora e Jetta. A vantagem da produção mexicana está no preço: isentos do imposto de importação, eles chegam ao Brasil como se fossem produzidos aqui e, por isso, com preço competitivo. O projeto, tratado internamente como NCS (new compact sedan ou novo sedã compacto), foi desenvolvido na Alemanha de olho, principalmente, no mercado norte-americano: a VW precisa de um sedã econômico para reduzir a hegemonia da Toyota e da Honda, muito fortes na América do Norte.
Claro que, não por acaso, o novo projeto caiu como uma luva para a Volks brasileira: hoje, entre o Polo Sedan (que vai dos R$ 45 mil aos R$ 60 mil) e o Jetta (R$ 83 mil) há um “vazio” na linha da marca, considerando que o obsoleto Bora já não atrai o consumidor. E é justamente no atraente segmento dos R$ 60 mil aos R$ 80 mil que os japoneses “deitam e rolam”. Para a Volks brasileira, que pretende reassumir a liderança de nosso mercado, os resultados deste produto serão fundamentais – se imaginarmos um volume de cerca de 50 mil unidades/ano. Um sedã da marca com espaço interno maior que o dos concorrentes, desenho moderno, mecânica apurada e a comprovada resistência e confiabilidade mecânica dos projetos alemães poderia fazer o consumidor esquecer os bons e confiáveis carros japoneses para trocá-los por um projeto alemão, com preço atraente. E é neste ponto que deve estar a chave do sucesso do NCS, que será produzido também na Índia, para outros mercados emergentes.
O novo Polo Sedan vem para suprir a lacuna entre o modelo atual e o Jetta, na faixa de preços que vai de R$ 60 mil a R$ 80 mil
Para não estar muito sujeito às instabilidades do mercado cambial, a VW tem adotado a política estratégica de fortalecer seus fornecedores locais. Quanto menos peças importadas, mais previsível é o preço final. Otto Lindner, presidente da Volks mexicana, declarou que “o plano é aumentar a capacidade de produção para 550 mil unidades/ano (hoje é de 450 mil). Acreditamos que alcançaremos este resultado provavelmente em 2011”. A particularidade desta fábrica é que mais de 80% de sua produção é exportada, principalmente para os EUA e o Canadá. Mas, claro, a partir do momento em que o mercado brasileiro passar a consumir 50 ou 60 mil carros/ano do novo produto, passaremos a ser um “cliente preferencial” dos mexicanos.
Em relação ao NCS, Lindner declarou: “não podemos dar todos os detalhes sobre o carro, exceto que ele será mundial, exceção feita ao mercado chinês”. Mas alguns de seus detalhes construtivos MOTOR SHOW conseguiu levantar: ele pode ser considerado como um Polo Sedan, mas revisto no design e, principalmente, “aumentado” em suas dimensões, principalmente na distância entre-eixos, que deverá ficar entre 2,60 m e 2,70 m; poderá, na versão de entrada, ser equipado com o câmbio automatizado ASG e, nas versões top de linha, com o automático tradicional com conversor de torque e seis marchas (igual ao do Golf); poderá usar o moderno e econômico motor 1.4 superalimentado europeu – que pode chegar até os 160 cv; utilizará a moderna plataforma PQ 25, idêntica à do Polo europeu, que permite até mesmo regulagem de altura e profundidade do volante de direção; o porta-malas deverá ter cerca de 500 litros de capacidade (o Polo Sedan tem hoje 432 litros), próxima à do Corolla atual; e deverá atender às normas de segurança e crash-test dos mercados norteamericano e europeus, nos quais o carro também será comercializado. Preço? Deverá começar nos R$ 55 mil na versão de entrada e chegar perto dos R$ 80 mil nas versões top de linha. Nas concessionárias a partir do final do próximo ano…
À direita, o hatch europeu e seu painel, que deve inspirar o do novo sedã. No carro em testes, mesmo disfarçado, dá para ver a nova “cara” da marca