23/11/2018 - 8:00
Quando o JAC T5 chegou em 2016, era o melhor chinês do mercado. Mas assim como naquele momento o SUV estava à frente dos conterrâneos, depois os rivais evoluíram e o nível de exigência aumentou. Da própria JAC, o crossover hatch/SUV T40 (confira aqui a avaliação) chegou depois e se mostrou melhor que o T5 em mecânica e dinâmica. Agora, o T5 vira T50 para se alinhar à nova nomenclatura da marca. E não se trata só de mudança de nome: ganha também atualização visual – discreta por fora, substancial por dentro – e nova mecânica. O JAC T50 2019 chega por R$ 83.990, no Pack 2 ou R$ 87.990 no Pack 3 (ainda não há Pack 1)
Olhando de fora, foi um bom facelift: são novos faróis (lembram o do primeiro Audi A1), grade, para-choques, lanternas, tampa traseira, rodas… praticamente só a lateral continua igual. O resultado geral não é tão “redondo” quanto no T40, mas tem personalidade. Cerca de 5 centímetros maior que um Honda HR-V, o T50 é, entretanto, 5 centímetros menor no entre-eixos, que influencia mais no espaço interno. Assim, acomoda bem quatro adultos e uma criança com bagagens – mas os 600 litros declarados são até o teto; até a tampa deve ter uns 400.
O interior do T5 estava dentro da média geral – e acima da dos chineses –, mas, ainda assim, a marca optou por renová-lo completamente no T50. “Só ficaram maçanetas e acendedor de cigarros”, diz Sergio Habib, empresário que representa a marca aqui. E de fato ele impressiona, para a categoria. Os couros são sintéticos como no Honda HR-V e no Nissan Kicks e o acabamento é bom. O desenho do painel é agradável, com saídas de ar e botões que lembram os BMW e tela multimídia “flutuante”. Há um prático console de dois andares para o telefone, porta-copos e apoio de braço.
A lista de equipamentos é boa: o T50 básico já vem com ar-condicionado digital automático, chave presencial, vidros um-toque, controle de estabilidade, auxílio em subidas, monitor de pressão dos pneus, isofix, sensores de estacionamento, faróis com ajuste elétrico de altura, bancos de couro, iluminação de curvas, rodas de liga 16, volante multifuncional, tomada USB traseira (mas não saída de ar). O Pack 3 soma câmera frontal “russa” (filma tudo), visão 360o (quatro câmeras ao redor do carro), rebatimento elétrico dos retrovisores, faróis automáticos, luzes diurnas de LED, rack, volante em couro, piloto automático e a nova e razoável central multimídia de 8” com mirror link – mas não Android Auto e Apple CarPlay.
Ao volante, o banco é confortável e tem regulagens amplas, mas faz falta o ajuste de profundidade da coluna de direção, que melhoraria bem a ergonomia. O volante tem boa pegada e é leve e agradável no uso urbano. Na estrada, porém, podia ser mais firme e ter o centro mais preciso (é preciso ficar corrigindo a trajetória). Já as suspensões são novas, e se não transmitem a mesma robustez de um Duster, por exemplo, ao menos trabalham em silêncio e conseguem filtrar a maior parte dos defeitos do asfalto.
O problema do T50 maior está no conjunto mecânico, agora sempre com a transmissão do tipo CVT com seis marchas simuladas – a mesma que a JAC já oferecia no T5. A caixa já não era brilhante com motor 1.5 16V, apenas aceitável – o câmbio manual foi mais elogiado. No T40, já casado a esse novo 1.6 16V, fez um conjunto mais harmonioso, embora ainda carente de ajustes. Aqui no T50, porém, a troca não compensou. Além de não ser flex – o plano é que seja, mas deve acontecer só daqui a um ano –, o 1.6 não trouxe vantagem em consumo. Mesmo com start-stop, que pode representar um custo extra de manutenção, o consumo urbano foi de 11,5 para 11,3 km/l e, o rodoviário, de 11,4 para 11,5 km/l – número ruim, que se deve em parte à relação de transmissão que mantém o motor a altos 3.000 giros a 120 km/h.
Já no desempenho, a marca declara 0-100 km/h em 11s3, um segundo mais rápido que antes, dado que nos pareceu otimista e não pode ser comprovado no breve test-drive no interior. Diferentemente do que têm feito os rivais, no T50 o CVT só simula marchas quando se opta pelo modo manual – com trocas apenas na alavanca. No modo normal, é um CVT entediante como sempre – e, o que mais nos incomodou, com respostas bem mais lentas que o usual, exigindo que ultrapassagens e mudanças de faixa sejam muito bem planejados. Na cidade, por outro lado, o CVT não patina demais nas saídas e fica mais fácil de conviver com essa mecânica – desde que você more em uma região sem muitos morros.
Vale a pena? O mercado de SUVs de R$ 80.000 a R$ 110.000 é de quase 300.000 carros no Brasil anualmente, então o T50 não está se metendo em um nicho, mas em um dos mais disputados segmentos. O preço não é exatamente uma pechincha, mas ele oferece, em equipamentos e tamanho, mais do que muitos rivais de valor similar ou mais caros. Enquanto a mecânica não estiver mais bem acertada, porém, as exigências em relação a desempenho, consumo e prazer ao volante têm que ser baixas.