07/03/2019 - 8:29
O verão está chegando ao fim. Com o calor, vêm os temporais repentinos – as famosas chuvas de verão, ou “águas de março” da música de Tom Jobim. Costumam ser breves, porém intensas, causando alagamentos. Se você não tiver como evitar cruzar uma área de enchente com seu carro, deve tomar certos cuidados.
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O coordenador técnico do Centro de Experimentação e Segurança Viária (CESVI), Gerson Burin, nos deu algumas dicas a respeito.
O básico
Sempre que puder, procure caminho alternativo ou espere a água escoar. Caso não tenha opção, a recomendação do CESVI é que o motorista engate a primeira marcha e siga em baixa velocidade (10 km/h) durante a travessia, mantendo o motor em rotação constante de cerca de 2.500 rpm – a chance de haver aspiração de água pela tubulação de admissão (causando o temido calço hidráulico) é maior com os giros mais altos na maioria dos veículos.
Antes de se arriscar, porém, verifique se a altura da água não está acima do meio da roda de seu carro (ou de outro de mesmo porte que esteja já cruzando, para usar como referência).
Siga (ou não) o mestre
Seguir a trilha do carro à frente pode ser uma boa tática. É melhor quando se pode esperar ele terminar a travessia para ver se foi bem sucedido. Se você atravessar junto, muito próximo, não conseguirá saber se a trajetória dele é a melhor.
Veículos grandes (como ônibus e caminhões) baixam bem a água ao passar, “esvaziando” a pista atrás, e por isso é tentador ir “colado” neles. Mas, dependendo da forma da rua, da calçada e dos muros, entre outros fatores, há o risco de as ondas que formam voltarem mais rápido – e no caso de veículos grandes “podem chegar a encobrir o veículo de menor porte”, alerta Burin. “O melhor é manter distância”.
Ar-condicionado
Segundo Burin, desligar o ar-condicionado evita que parte da força destinada à tração seja perdida no funcionamento do compressor. Isso faz diferença principalmente em carros 1.0, com pouca potência. Mas não adianta desligar e ficar com os vidros embaçados: lembre-se que é sempre importante ver muito bem para onde está indo, então deixe se possível ligado e na posição para desembaçar o para-brisa.
Trocando de marcha
O ideal é não trocar de marcha enquanto está cruzando o alagamento, mas em caso de subidas ou descidas, ou se precisar ganhar velocidade por causa de outro veículo, pode ter de optar pela segunda marcha. Saiba, no entanto, que o desacoplamento do disco de embreagem do platô pode causar danos nesses dois componentes, além de poder fazer o carro perder o embalo. “Engatar a segunda aumenta a velocidade, e isso não é recomendado”, alerta Burin.
Se você já estiver com a segunda marcha engatada quando perceber o alagamento e tiver de diminuir a velocidade, a única opção será reduzir a marcha. Nesse caso, dizem por aí que fazer a troca acelerando ajuda a evitar a entrada da água no motor.
Mas o especialista do CESVI alerta que o método pode aumentar o patinamento do conjunto, fazendo o carro perder velocidade e embalar novamente – o que forma uma onda sobre o capô e aumenta a chance da água molhar áreas delicadas (e ainda pode elevar demais a rotação, mais uma vez aumentando a chance de calço hidráulico).
“Morreu” no meio do caminho
Se o motor do carro “morrer” na área alagada, não se deve tentar dar a partida novamente, pois isso pode afetar o motor ou causar pane elétrica. A água e a sujeira podem inutilizar conectores e sensores, causar fuga de corrente nos cabos de vela, contaminar o óleo do motor e desgastar componentes móveis.
Já o calço hidráulico é causado pela entrada de água no cilindro, que pode empenar a biela – ou quebrá-la –, além de danificar pistão, bloco, virabrequim, cabeçote…
Carros automáticos
Se o carro tiver essa opção, selecione o modo de trocas de marcha manuais/sequenciais (M, S ou +/-, normalmente). Em carros sem essas alternativas, opte pelos modos reduzido (L), Sport (S) ou, em modelos mais antigos, a posição 1. Dessa forma o veículo não ganha muita velocidade.
Em carros que têm apenas o modo D (Drive), pode-se alternar manualmente entre N e D, de modo a manter a velocidade baixa sem descuidar da rotação do motor (que deve ficar sempre em torno de 2.500 rpm).