“Desenhem todos os dias e nunca desistam de um sonho, por mais difícil que pareça”

Irmãos Pavone

” Desenhem sempre, visitem galerias, exposições, aprendam inglês e estudem desenho industrial.”. O conselho de Luiz Alberto Veiga, então gerente de design da VW do Brasil, foi uma resposta à carta de dois irmãos gêmeos que, na época, sonhavam em ser designers e hoje trabalham ao seu lado em Wolfsburg, na Alemanha. Em 1991, os garotos, então com 12 anos, pediram ao pai que escrevesse ao pro ssional para que ele os instruísse sobre a carreira.

“Decidimos que queríamos ser designers de automóveis no momento em que lemos um artigo no jornal sobre o Veiga. Não sabíamos que isso era uma pro ssão”, conta José Carlos Pavone. “Sem essa carta, não estaríamos hoje na VW”, completa. Além das dicas, o executivo mandou alguns desenhos feitos por ele. “Eu copiei todos até aprender os truques, as proporções, as linhas. Foi um material riquíssimo que nos motivou muito”, relembra Marco Antônio. Daí por diante nunca mais perderam contato com a Volks. “Todo ano chegavam cartas com os trabalhos deles. Os meninos caram conhecidos aqui, mesmo sem nunca terem vindo pessoalmente”, conta João Barone, atual gerente executivo de design da VW do Brasil.

“Me orgulho de ter ajudado os dois. Como manager, tenho a obrigação de revelar e lapidar pro ssionais que darão continuidade à linhagem da Volkswagen”, a rma Luiz Alberto Veiga

Em 2000, Marco Antônio foi nalista do concurso Talento Volkswagen de Design e conseguiu um estágio de um ano na montadora e, logo depois, a contratação. José Carlos foi contratado dois anos mais tarde, quando desenhava veículos comerciais na Mercedes.

Depois de participarem de importantes desenvolvimentos no Brasil, como o Gol G4 e a SpaceFox os dois foram convidados a participar de um projeto global no Centro de Design da marca em Wolfsburg. “O talento dos dois também foi percebido aqui e eles foram convidados a car”, diz Veiga, gerente executivo de design da volks Brasil, que atua na matriz.

Os irmãos Pavone, como são chamados, já trabalharam em alguns carros reconhecidos mundialmente. José Carlos participou do desenvolvimento do atual Golf brasileiro e considera a experiência como uma das mais marcantes de sua carreira. “Quando estava na faculdade ouvi de um designer da VW que o Golf representava a alma do design da marca. Foi incrível fazer parte disso”, conta. Já Marco Antônio diz que um dos momentos mais emocionantes foi durante a apresentação do conceito UP! no Salão de Frankfurt de 2007 .

“Tive a oportunidade de trabalhar no design exterior do conceito, o primeiro feito sob a direção de Walter de’ Silva”, conta, se referindo ao chefe do Centro de Estilo de Volkswagen, Audi, Lamborghini e Seat. Na criação do Polo Europeu, foram feitas seis propostas de design e, na apresentação nal, sobraram apenas duas, uma de cada irmão. A proposta de Marco foi a escolhida para produção.

“Os Pavone são pro ssionais de primeira linha, dedicados e talentosos, verdadeiros apaixonados pelo design de automóveis”, elogia o mentor Veiga. Não mais como crianças sonhadoras, mas como pro ssionais de sucesso, são eles agora que dão conselhos e falam sobre a pro ssão. “O bom designer traduz uma ideia do papel para uma realidade limitada por números, normas e custos. Isso é o que diferencia design de arte”, explica José Carlos Pavone.