01/07/2010 - 0:00
Maior mercado mundial em 2009, quando vendeu 13,6 milhões de veículos, a China é um país que não pode mais ser ignorado pelas grandes marcas de automóveis. O Salão de Pequim 2010, que aconteceu de 23 de abril a 2 de maio, é uma prova disso. Mais de dois mil fabricantes de 16 países participaram do evento deste ano. Os cerca de 800 mil visitantes puderam conhecer 990 modelos espalhados pelos 200 mil metros quadrados do pavilhão de exposições. O salão foi também palco para a estreia global de 89 veículos. Entre eles, a Ferrari 599 GTO – a máquina mais veloz já produzida pela mítica fabricante italiana –, e o Ford Concept, conceito da montadora americana de um carro compacto para as megacidades.
As fabricantes independentes chinesas também estão se esforçando para fugir do estigma de carros de baixa qualidade e de cópias de modelos ocidentais, japoneses e coreanos. Mas elas ainda têm um longo caminho a percorrer. Jovens, a maioria delas tem pouco mais de dez anos de vida e estão se aproveitando do crescimento explosivo do mercado local para ganhar terreno. No primeiro trimestre de 2010, 56% dos carros vendidos eram de marcas da própria China. Confira as principais novidades exibidas no Salão de Pequim 2010.
Ford Start Concept
Um carro global para as megacidades, cujo trânsito é cada vez mais caótico e carente de carros pequenos, confortáveis e com alta tecnologia. Esta é a ideia do conceito Ford Start. Ele também conta com o EcoBoost, uma nova tecnologia de motores de três cilindros que a Ford vai introduzir na nova geração de Focus e Fiesta. Com força e torque comparáveis aos motores 1.6, a versão 1.0 reduz as emissões de dióxido de carbono para menos de 100 g/km. O design foi liderado por Thomas Freeman, no estúdio da Ford na Califórnia (EUA).
MG Zero Concept
A chinesa Shangai Automotive Industry Corporation (SAIC), que adquiriu a britânica MG, mostrou o MG Zero Concept. Projetado no centro de engenharia Longbridge, ele antecipa as formas do futuro MG3. Não foram fornecidas as especificações técnicas detalhadas do carro, mas se especula que terá duas opções de motor: 1.3 de 67 cv ou 1.5 de 107 cv.
Porsche Panamera
O Panamera ganhou a opção de motor V6. O novo propulsor é acoplado ao câmbio PDK (de dupla embreagem) com sete marchas. Com 3,6 litros, sua potência é de 300 cv e o torque máximo, de 40 kgfm. Assim como nos modelos V8, ele tem o sistema Start&Stop, que desliga o motor em paradas.
Volkswagen Phaeton
A Volkswagen é a marca que mais vende carros na China, mas seu sedã de alto luxo nunca decolou no mercado chinês. É por isso que a companhia aposta alto neste novo visual, atualizado com o dos mais recentes modelos da companhia, para concorrer com Audi, BMW e Mercedes.
Na frente, faróis retangulares, levemente inclinados. Na traseira, LEDs. Por dentro, sistema de entretenimento com tela de oito polegadas, navegação com o Google Maps e piloto automático adaptativo. São três opções de motor a gasolina e uma a diesel. O mais potente é um 6.0 W12 de 450 cv.
BMW Gran Coupé Concept
Um cupê esportivo de quatro portas é o novo conceito mostrado pela alemã BMW – uma resposta ao Porsche Panamera, ao Mercedes CLS, ao Audi A7 e ao Aston Martin Rapide. As especificações técnicas não foram reveladas, mas sabe-se que mede 1,4 m de altura, cinco metros de comprimento e é dez centímetros menor do que o Série 5.
Audi A8 L
O A8 L W12 é uma versão alongada do sedã, com entre-eixos maior do que o modelo convencional e comprimento total de 5,26 metros. Tem motor W12 com 500 cv e câmbio Tiptronic de oito velocidades.
Mercedes Shooting Break
O conceito da marca alemã antecipa os traços da nova geração do CLS, que deverá ser apresentada este ano. Tem vincos bem delineados nas laterais, pouca área envidraçada, dianteira angulosa e imponente, além de faróis e lanternas com LEDs. O novo CLS terá apenas motores com injeção direta e turbocompressor. A versão menos potente deverá ter um motor V6 3.5 com 300 cv. Já a top de linha, mais potente, terá um V8 5.5 de 563 cv.
Chery Riich X1
Com porte e propostas semelhantes aos do C3 XTR e do VW CrossFox, o mini-SUV chinês tem motor 1.3 16V bastante econômico, mas que, com apenas 83 cv, não proporciona um desempenho brilhante: a máxima é de 150 km/h e a aceleração de zero a 100 km/h leva 15 segundos. Sua produção na China já começou e a marca, já presente em nosso mercado, apesar de não confirmar sua importação, teria muito a ganhar se o trouxesse para o Brasil.
Bertone Pandion
O design futurista é obra de Mike Robinson, diretor da Bertone. Entre as características externas mais visíveis estão as duas portas enormes, com visual de asas de um predador. Sua frente lembra uma águia. Tem motor V8 Alfa Romeo de 450 cv e 4,7 litros. Internamente, conta com dois assentos.
Citroën Metropolis
Um conceito de sedã de luxo para competir com carros como Mercedes Classe S e BMW Série 7: esse é o Citroën Metropolis, desenhado no estúdio de design que a empresa francesa mantém em Xangai, na China. Conta com o sistema híbrido HYmotion4, cujo motor elétrico pode chegar a picos de 95 cv. Em alta velocidade, passa a usar o motor a gasolina com 272 cv.
Ferrari 599 GTO
Esta é a Ferrari mais rápida já produzida, capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 3,32 segundos. Sua velocidade máxima é de 335 km/h. A marca italiana diz que sua produção será limitada a poucas unidades. Tem motor V12 com 670 cv de potência e carroceria de fibra de carbono, bem mais leve, que beneficia o desempenho. A fabricante diz que a 599 GTO é capaz de completar uma volta ao circuito de Fiorano em 1 minuto e 24 segundos, cerca de um segundo mais rápido que a Enzo, que até hoje ostentava o título de modelo mais rápido da lendária marca.
A“ingenuidade” Chinesa
Com 200 mil m2, não é preciso andar muito pelo Salão de Pequim para constatar que há um longo trajeto para que os carros chineses ganhem o mercado mundial. É fácil encontrar modelos que se parecem com o Toyota Corolla – o F3, carro mais vendido da China, é inspirado nele – e veículos com nomes como A3 e A6, os mesmos utilizados pela Audi, além de cópias de todo nível, como o Lifan 320, um “genérico” do Mini Cooper. Para um país que quer ampliar sua presença global, é surpreendente descobrir que, mesmo no salão, o inglês é idioma raro. “Sorry, no english” (“Desculpe, não falo inglês”) é o que mais se ouvia pelos corredores. Os materiais entregues aos jornalistas também eram, na maioria, escritos em mandarim.
Embora as fábricas chinesas estejam entre as mais modernas do mundo, os materiais utilizados na produção são de qualidade ruim. O acabamento dos modelos mais simples deixa a desejar. Isso apenas sinaliza que a questão da qualidade é um item que precisa ser trabalhado com seriedade pelas empresas locais. Um rápido “test drive” com os carros da Chery que serão vendidos no Brasil apenas confirmou a sensação. Entre os veículos testados, um deles precisou de recarga na bateria e outro tinha a porta enferrujada. E o trio elétrico de um dos modelos também não funcionava corretamente. Será que os chineses vão virar esse jogo? É certo que sim! A história se repete. Na década de 70, riam dos carros japoneses. Nos anos 80, ninguém acreditava nos coreanos e, hoje, o que falar de marcas como Honda, Toyota e Hyundai? A vez dos chineses chegará. E logo.
Lamborghini Murciélago SV China Edition
A China superou os Estados Unidos e se transformou no maior mercado automobilístico do mundo em 2009. Essa é uma das razões que justificam o lançamento de versões especiais para o país. A Lamborghini Murciélago LP 670-4 SuperVeloce China Edition é decorada com uma tarja laranja. Segundo a marca, ela simboliza a força de um vulcão em erupção. Com motor V12 de 670 cv, acelera de 0 a 100 km/h em 3,2 segundos e atinge a máxima de 342 km/h. Para mais exclusividade, serão feitas apenas dez unidades.
A preocupação ambiental, como tem ocorrido em todos os salões recentes, foi uma das tônicas do Salão de Pequim. A GM, por exemplo, mostrou o conceito do Volt MPV5, uma versão de seu híbrido elétrico Volt, a grande promessa para o futuro da marca. A proposta é levar a tecnologia limpa para o segmento de crossovers e SUVs, muito apreciados pelos americanos como carros familiares, mas que, pelo porte que costumam ter, consomem muito combustível. Leia mais sobre o modelo na seção EcoMotor desta edição.