30/05/2019 - 14:59
“A revolução na sua garagem”, dizia o slogan publicitário à época do lançamento do HR-V. Após quatro anos de mercado e mais de 186.000 unidades comercializadas, o crossover da Honda se tornou o carro mais vendido do fabricante. Ao longo de 2018, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), foram 47.950 veículos emplacados – Fit e Civic tiveram 27.359 e 25.942 unidades vendidas, respectivamente.
Amplo, versátil e bom de guiar, não por acaso caiu nas graças dos consumidores. E, para manter a trajetória de sucesso, no ano passado recebeu o primeiro facelift, com alterações além da estética, no conforto e no conteúdo, além de uma nova calibração do câmbio CVT (continuamente variável) e novos amortecedores com “stop hidráulico”, que evitam as criticadas batidas secas em buracos. Apesar disso, faltava a configuração topo de linha Touring, que apareceu em 2017 e depois saiu de cena.
Se o antigo HR-V tinha o mesmo 18 do resto da linha, o novo honra o nome e adota o motor 1.5 turbo – mas custa R$ 139.900, que o deixou mais caro que o sedã Civic Touring (R$ 128.900), além de o colocar na faixa de modelos de segmentos superiores, como o VW Tiguan Allspace 250 TSI (R$ 129.990) ou o Peugeot 3008 (confira abaixo). Para tentar compensar o valor cobrado, oferece faróis e luzes de neblina full-LED, sensores de chuva e de estacionamento dianteiro/traseiro, câmera de ré com três modos, chave presencial, teto panorâmico, multimídia com Android Auto/Apple CarPlay e LaneWatch, que usa uma câmera para mostrar imagens do ponto cego do retrovisor direito na tela do sistema multimídia.
Visualmente, o Touring se diferencia dos irmãos por pequenos detalhes como a antena shark, a grade com acabamentos em preto brilhante, o logotipo na tampa do porta-malas e a dupla saída de escape. Essa modificação levou o abafador intermediário para a direita e diminuiu o porta-malas de 437 litros para 393 litros devido à área do estepe ter sido redesenhada. Falando em medidas, a altura cresceu de 1,586 m para 1,650 m devido à nova antena.
O interior pode ser escuro ou claro – mas esse pede cuidado extra para não ficar encardido. O revestimento pode vir nas cores branca Estelar, cinza Barium e azul Cósmico. Outro requinte do Touring está na iluminação da cabine com LEDs. Mesmo custando tão caro, essa versão do HR-V não inclui o Honda Sensing, presente no sedã Accord, com sistemas de piloto automático adaptativo, assistente de faixa, frenagem para mitigação de colisão e de controle de saída de pista.
TURBINADO E EFICIENTE
Seguindo os passos do Chevrolet Tracker (R$ 92.590 a R$ 106.290) e do VW T-Cross (R$ 84.990 a R$ 109.990), o HR-V Touring tomou emprestado o conjunto turbinado do Civic Touring. Trata-se do 1.5 turbo com injeção direita de gasolina e variação de fase nos comandos de admissão e escape. Como no sedã, estão disponíveis 173 cv a 5.500 rpm e 22,5 kgfm de 1.700 a 5.500 rpm. As demais versões da família continuam equipadas com o 1.8 flex aspirado de até 140 cv e 17,4 kgfm.
Com a turbina trabalhando com pressão de 1,1 bar, o HR-V agrada logo de cara pelas acelerações vigorosas e pelas arrancadas eficientes. A boa dose de força disponível a partir de baixos giros fazem o Honda deslanchar sem esforços, transmitindo um tempero apimentado e esportivo – seja partindo da imobilidade ou já embalado. Quem deseja uma pitada extra de esportividade pode fazer trocas pelas aletas no volante – nesse caso o câmbio simula sete marchas. A função Kick Down foi incorporada e é responsável por retomadas mais eficientes ao pisar fundo no acelerador. Outra novidade é o freio motor da transmissão CVT aprimorado, que contribuiu para frenagens eficientes.
O crossover não impressiona apenas pela capacidade de andar para a frente, mas também pela dinâmica apurada. As suspensões foram aperfeiçoadas: segundo o fabricante, têm novas cargas nas molas e amortecedores e barra estabilizadora dianteira 1 mm maior. Ligeiramente mais firme comparado aos demais membros da família, o HR-V Touring mostrou ótima capacidade de mudanças de trajetória, além de transmitir bastante controle e equilíbrio. A tecnologia Agile Handling Assist (AHA) simula uma vetorização de torque (é eletrônica) usando os freios para balancear a diferença de velocidade entre as rodas, minimizando a tendência de o veículo sair de frente.
Um bom carro de modo geral, mas com um preço que poderia ser mais acessível. Pode continuar sendo uma das melhores opções à venda em nosso mercado, mas já faz começar a pensar em outras opções…
CONCORRENTES
Peugeot 3008 Allure (R$ 139.990)
Motor: 1.6 gasolina, turbo, 16V, 165 cv, 24,4 kgfm
0-100 km/h: 9s5
Consumo médio: 10,7 km/l*
Dimensões (CxLxA): 4,447 m, 1,841 m, 1,625 m
Entre-eixos/ vão livre do solo: 2,675 mm/ 22,6 cm
Porta-malas: 520 litros
Peso: 1.375 kg
A nova configuração do crossover da Peugeot estreou recentemente com visual mais simples em relação às mais caras Griffe e Griffe Pack. O interior segue seduzindo pelo ótimo acabamento e escolha de materiais, além de oferecer maiores dimensões que o Honda HR-V. No entanto, o também turbinado motor 1.6, em conjunto com o câmbio automático de seis marchas, produz desempenho tão bom quanto apesar da potência menor.
* Com base na versão Griffe