Em busca de resultados mais expressivos em suas vendas, as prestigiosas marcas alemãs BMW e Mercedes criaram versões de seus ícones mundiais, Série 3 da BMW e Classe C da Mercedes, que possibilitaram preços bastante convidativos para o consumidor de classe média, acostumado a ver cifras sempre acima dos R$ 150.000 para esses produtos tão categorizados. Agora é possível comprar um Mercedes Classe C a partir dos R$ 119.900 e um BMW Série 3 a partir dos R$ 112.500: preços próximos ao de um SUV coreano grande ou ao de sedãs japonêses como Accord ou Camry. Mas, claro, com as marcas alemãs você estará comprando também o prestígio e a tecnologia de quem é reverenciado pela tradição de executar projetos de vanguarda quando o assunto é tecnologia automotiva. Afinal de contas, não é à toa que ambas disputam o título de produtor dos melhores carros do mundo, tanto em sofisticação construtiva quanto em luxo e esportividade.

Como Série 3 e Classe C são modelos produzidos na Alemanha e comprados em euros pelos representantes comerciais dos fabricantes por aqui, foi preciso que as marcas compusessem versões com pacotes mecânicos e de equipamentos que não decepcionassem o consumidor mais exigente que já comprou veículos de uma das marcas ou está comprando pela primeira vez, mas conhece a sofisticação de outros carros. Ao mesmo tempo, esses BMW e Mercedes deveriam ter um preço atraente e competitivo em nosso mercado, que atraísse a atenção de consumidores que apostam na confiabilidade e no prestígio que essas marcas alemãs podem proporcionar. Uma tarefa difícil. Por mais “simples” que esses sedãs possam parecer quando comparados a seus irmãos mais caros, não devemos esquecer de que estamos falando de grandes marcas prestigiosas.

No mercado, o BMW Série 3 (gentilmente cedida para esta avaliação pela conesssionária Eurobike) tem como entrada a versão 320i, o modelo que tem causado mais alvoroço entre os consumidores. Inicialmente porque o design da carroceria atual é muito atraente e depois porque seu preço é ainda mais chamativo quando comparado ao do Mercedes.

Tendo recebido essa carroceria atual há pouco tempo, o modelo deverá ficar sem alterações estilísticas pelos próximos dois anos (leia sobre as novidades da BMW nesta edição). Uma boa notícia para os interessados, pois sabem que não terão a surpresa desagradável de comprar um modelo que, em curto espaço de tempo, estará obsoleto.

Detalhes de acabamento em madeira, ar-condicionado bizone, volante multifunção e seis airbags. Mais até do que alguns modelos de mesmo preço (e sem o status da Mercedes) oferecem ao consumidor

No motor, um quatro cilindros de dois litros com injeção direta que produz 156 cv, com torque máximo de 20,4 kgfm a 3.600 rpm. O câmbio automático é de seis marchas e permite trocas sequenciais. A performance é coerente: máxima de 218 km/h e zero a 100 km/h em 9,8 segundos. Mais do que suficiente para um sedã de 1.390 kg e que, graças também à injeção direta, chega a fazer entre 9 e 10 km/l de gasolina no trânsito urbano e ao redor dos 13/14 km/l nas rodovias quando se trafega em velocidades moderadas (entre 100 km/h e 120 km/h). Concilia boa performance com baixo consumo.

Mas em termos de tecnologia, como não poderia deixar de ser, a Mercedes não fica para trás. O Classe C de entrada, chamado de C 180, é equipado com um motor de quatro cilindros 1.6 superalimentado por um compressor que garante a boa performance do pequeno propulsor. Apesar de bem menor que o motor da BMW, o da Mercedes produz exatamente a mesma potência máxima: 156 cv. E ainda leva uma vantagem: seu torque máximo é ligeiramente superior, atingindo a marca de 23,4 kgfm, contra os 20,4 kgfm da BMW, estável entre os 2.800 e 4.600 rpm. Na prática, isso significa que, dentro desse regime de rotações, sempre que o motorista pisa fundo no acelerador ele terá disponível essa força máxima, tornando as retomadas de velocidade mais vivas e seguras. Um trunfo da Mercedes para compensar o fato de seu câmbio automático dispor de apenas cinco marchas.

Assim como no Mercedes, no BMW o revestimento parece de couro, mas é sintético. Aqui, os ajustes dos bancos não são elétricos, mas os faróis são bixenon, item não disponível no concorrente

Como a nova geração do Classe C foi apresentada em 2007, esse modelo atual deverá ter ainda, pelo menos, mais um ano e meio sem alterações. O que, assim como na BMW, dá segurança para quem comprá-lo. A performance também convence: o C 180 atinge os 223 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos. Praticamente o mesmo desempenho da BMW. No consumo, mesmo sem dispor da injeção direta, a Mercedes tem a vantagem do motor menor. Apesar do compressor, que garante performance semelhante à do rival, novamente uma coisa compensa a outra e os números médios de consumo ficam entre 9 km/l e 10 km/l na cidade e entre 14 km/l e 15 km/l na estrada. Um completo equilíbrio nos quesitos desempenho e consumo entre Mercedes e BMW. São tecnologias distintas para resultados semelhantes que, no final das contas, é o que realmente interessa ao consumidor.

As linhas agressivas do BMW devem atrair consumidores mais jovens, que têm a esportividade como fator decisivo na compra. Por dentro, poucos centímetros a menos na medida da carroceria não fazem diferença

O gosto pessoal por uma das marcas e também a lista de equipamentos de série que cada uma delas oferece (com uma grande vantagem para o Mercedes, como se vê na tabela ao lado) é o que acabará por decidir a melhor compra. Agora uma coisa é certa: qualquer que seja a marca escolhida, o consumidor pode ficar com a certeza de estar realizando um ótimo negócio e adquirindo o que de mais moderno e refinado o mercado de automóveis pode oferecer. Isso sem considerar o prestígio que essas marcas proporcionam. Grosso modo, se seu espírito é mais jovial e esportivo, fique com a BMW. Caso você seja um pouco mais tradicional e exija mais itens de conforto, sua escolha recairá sobre o Mercedes.

A unidade do Mercedes C180 avaliada não tinha o teto-solar elétrico, mas esse é, por enquanto, um equipamento de série na versão de entrada. O espaço interno traseiro é confortável para dois adultos e o do porta-malas, digno de qualquer familiar