24/07/2019 - 12:48
Onze anos depois de chegar ao Brasil, o Renault Logan, que já evoluiu bastante na segunda geração (de 2014), chega à linha 2020. As novidades estão no novo visual e nos equipamentos extras, além de um câmbio CVT que vem sempre acompanhado de suspensões mais altas e molduras nas caixas de rodas. Os preços partem de R$ 50.490 nas versões manuais 1.0, e, com motor 1.6, agora há uma versão Zen manual (R$ 59.490) e três automáticas – a Zen CVT, de R$ 66.490, a Intense CVT, de R$ 68.990, e a Iconic CVT, de R$ 71.090.
Quando o sedã chegou ao Brasil em 2007, já não era mais apenas um modelo de baixo custo de uma desconhecida marca do leste europeu chamada Dacia. Já era fenômeno de vendas na França e outros países da Europa Ocidental. Uma aposta da Renault – dona da marca romena – que deu muito certo, graças à fórmula que oferecia mais espaço por menos dinheiro. Então ela decidiu lançá-lo também aqui, onde chegou com o logo da própria Renault. E também foi sucesso instantâneo.
O QUE MUDA NO VISUAL?
Olhando de fora, as mudanças do Logan 2020 não são revolucionárias. Trata-se apenas de um discreto facelift. Na dianteira, algumas mudanças no para-choque, DRLs em LED e grade com logo maior conseguem remeter ligeiramente aos Renault europeus mais recentes. E nas versões CVT, apliques plásticos nas caixas de rodas, o que chamam de design cross light, e inéditas rodas diamantadas aro 16. Na traseira, quase nada muda.
Já dentro da cabine, melhoraram parcialmente a ergonomia, reposicionando os comandos dos vidros traseiros, mas ainda falta um ajuste de profundidade do volante. O acabamento não é nenhum primor, e certamente não se destaca nem um pouco diante da concorrência – que também costuma decepcionar nesse ponto, mesmo em modelos mais caros como o Volkswagen Virtus. Uma boa novidade é a central multimídia aprimorada, enfim com Android Auto e Apple Carplay. Ela também tem tela capacitiva (multi-toque)
O espaço interno continua sendo um dos pontos fortes, graças principalmente à distância entre-eixos de 2,64 m – embora concorrentes como o Chevrolet Cobalt e o VW Virtus, entre outros, já tenham medidas próximas, ou até maiores (mas o Renault sempre tem o preço mais competitivo, considerando porte e pacotes de equipamentos). O porta-malas manteve 510 litros, e é um dos maiores do segmento.
O QUE OFERECE?
Hoje o Logan ainda é um carro ainda de baixo custo, em termos estruturais e de design, mas ao menos vem muito bem equipado. Entre as maiores novidades na lista de itens do Renault Logan 2020 estão os airbags laterais, que se juntam aos obrigatórios dianteiros, e as luzes diurnas (DRLs) de LED em todas as versões.
As nomenclaturas também são novas. A versão de entrada Life 1.0 (R$ 50.490) é um tanto pelada, mas, por outro lado, já tem as práticas DRLs e os quatro airbags, além de isofix, direção eletro-hidráulica, ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos, travas elétricas, chave canivete e rodas de 15 polegadas de ferro.
As versões Zen, com motor 1.0 ou 1.6, ganham multimídia, comando satélite no volante, sensor de estacionamento, ajustes de altura do banco e volante, computador de bordo, alarme, vidros “one touch” e Stop&Start (exclusivo 1.6 manual). Caso tenham câmbio CVT, ganham ainda controle de estabilidade (ESP), assistente de partida em rampas (HSA), rodas de 16 polegadas e molduras nas caixas de roda.
Há, ainda as versões topo de linha Intense CVT, que soma ar-condicionado automático, câmera de ré, faróis de neblina, vidros traseiros elétricos, retrovisores elétricos, piloto automático e rodas de liga aro 16 diamantadas, entre outros, e Iconic CVT, que adiciona bancos de couro, sensor de chuva e faróis.
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COMO ANDA?
Testamos o Logan CVT na região de Campinas, interior de São Paulo. Foi uma avaliação rápida, mais suficiente para tirar nossas primeiras impressões.
Na mecânica, o maior destaque é o câmbio CVT – os dois conhecidos motores 1.0 e 1.6, não mudaram, e nem precisavam, pois são bastante modernos – embora ainda sem turbo. Curioso é que, como já dissemos, a caixa automática CVT vem acompanhada das suspensões elevadas (4 cm mais altas) e apliques plásticos nas caixas de rodas.
O fôlego do motor 1.6, com 118 cv e 16 kgfm, é suficiente. Ele é bem aproveitado pela transmissão continuamente variável com sistema em que a polia é liberada de forma gradual para que o torque seja transmitido mais linearmente, sem grandes subidas de rotação e o efeito “enceradeira” visto em muitos câmbios CVT. Dirigindo de forma tranquila, pisando pouco, as rotações do motor não passam muito de 2.000 rpm – mesma faixa que fica a 120 km/h constantes na estrada – e a condução é bem suave, progressiva e confortável.
Já dirigindo de forma mais agressiva, ou em retomadas e ultrapassagens na estrada, o ruído sobe e o desempenho não agrada tanto. Se prefere guiar assim, melhor optar pelo modo manual. O câmbio CVT tem seis marchas virtuais, que podem ser acionadas deslocando a alavanca para a esquerda e depois movimentando-a para frente (reduções) e para trás (subidas). Não há aletas, mas as trocas manuais são úteis tanto quando se procura uma maior sensação de esportividade quanto quando você quer retomar velocidade com menos ruídos, sem usar muito do motor, mesmo que mais lentamente.
Em relação ao consumo, durante a avaliação fizemos 9,5 km/l no percurso principalmente rodoviário, com algumas avenidas sem trânsito no meio. Depois, em outro trecho completamente urbano, marcamos média de 7 km/l. Os números oficiais ainda não foram divulgados.
Pena que o Renault Logan 2020 insista na ultrapassada direção com assistência eletro-hidráulica que ainda é um tanto mais pesada e menos cômoda que as elétricas no uso urbano, principalmente nas manobras e balizas, e mais leve do que deveria na estrada. Embora a marca insista que na prática é igual a uma elétrica, não é. E ainda rouba um pouquinho do consumo.
Agora, o segundo ponto principal: sedã com suspensão elevada? Por que não, já que as valetas, buracos e estradas são as mesmas para quem anda de sedã, hatch ou SUV? Os quatro centímetros extras são muito bem-vindos em ruas e estradas cada vez mais esburacadas e nas valetas comumente encontradas em São Paulo.
Na verdade, a suspensão elevada surgiu como solução técnica para compensar o tamanho extra do câmbio automático: a caixa ia 4 cm mais abaixo, e aí reduzia a distância do solo para péssimos 10 cm. Assim, foi preciso erguer todos os carros com essa caixa em 4 cm para manter os 14 cm do solo das versões manuais (acabou-se com 14,5 cm).
No caso do Logan, acabou assim nascendo uma opção inédita de mercado, uma oportunidade. E a distância do solo, embora seja igual às das versões manuais no ponto mais baixo, usado para medida, ao menos nos balanços parte do assoalho acaba sendo maior. Não é um Logan Stepway, mas quase. Muitos não vão gostar de o carro ter ficado tão alto, mas a marca informa que os consumidores, em clínicas, gostaram das mudanças.
Apesar de mais altas, com modificações nos amortecedores e molas, as suspensões não pareceram interferir muito negativamente na dinâmica – mas também o Renault Logan nunca foi referência nesse ponto. Apesar de inclinar um pouco demais nas curvas, mais do que antes, o sedã se comporta de acordo com o que se espera de um carro da categoria, sem proposta esportiva. Enfim, as suspensões cumprem muito bem seu papel de isolar os buracos, e sem transmitir pancadas secas para cabine. Mas não são exatamente silenciosas.
VALE O QUE CUSTA?
Olhando para o mercado e os preços da novidade, não temos que a Renault soube ter humildade e não aumentar demais o preço de seu sedã. Assim, o Renault Logan 2020 segue bastante competitivo na categoria, oferecendo, como sempre, mais espaço por menos dinheiro. É isso sem abrir mão de um bom nível de equipamentos. A suspensão elevada não é uma má ideia, e podia ser aplicada também nas versões manuais, seguindo mais a lógica da utilidade do que do mercado.
O Logan 2020 continua sendo uma boa opção, uma compra racional. Mas pode ter dificuldade com a chegada dos novos Hyundai HB20 e Chevrolet Prisma/Onix Sedan, previstas ainda para o segundo semestre. Mas isso vai depender dos preços e conteúdos dos rivais, claro.