A JAC Motors apresentou hoje à imprensa o carro elétrico mais barato do Brasil, o hatch compacto iEV20. O modelo começa a ser vendido agora — mas só chega em janeiro — por sugeridos R$ 119.900. E ele não veio sozinho: a marca lançou, junto, outros dois SUVs, iEV40 e iEV60, uma picape e um caminhão. Todos 100% elétricos, mas só o iEV40 já está
à venda nas 21 concessionárias da marca.

A fabricante chinesa será, assim, a que oferecerá mais modelos elétricos no Brasil — sendo o caminhão e picape os primeiros de seus respectivos segmentos (se ninguém chegar antes de novembro e março de 2020, claro).

Para promover sua “virada elétrica”, a JAC inaugura uma concessionária “100% Electric” na Avenida Europa, que concentra as concessionárias de luxo na capital paulista. Faz sentido. Afinal, carro elétrico é, ainda, artigo de luxo.

Carros elétricos são ainda tão caros que, mesmo com consumo e manutenção muito mais baratos (a manutenção do iEV40 custa R$ 649,40 em 60.000 quilômetros), raramente valem a pena. Há vantagens como a ausência de ruídos e a isenção de rodízio de veículos e benefícios fiscais, e a JAC fez parceira com uma seguradora que garante preços 15% menores que os dos modelos a combustão, mas, ainda assim…

São R$ 120 mil em um hatch subcompacto que nada mais é que um J2 “convertido para eletricidade”. Bem, tá certo, não é só… Vamos lá.

City-car elétrico: iEV20

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Dos modelos apresentados pela marca, o mais barato é o iEV20, e também o mais interessante, até por ser mais compacto e urbano. Do J2 que lhe dá origem, ficam estrutura e diversos componentes estruturais e estéticos, internos e externos.

Há um belo upgrade no visual, com novas lanternas, grade e para-choques diferentes. O estepe pendurado na traseira da unidade avaliada foi descartado, e o compacto terá pneus run-flat (rodam mesmo furados).

Além disso, em relação ao J2, o iEV20 tem acabamento interno mais caprichado e uma bela lista de equipamentos, com ar-condicionado automático digital, painel digital (sem muitas configurações), central multimídia com tela flutuante, freio de mão elétrico…

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O motor tem 68 cv e 21,9 de torque, garantindo 0-100 km/h em 16 segundos (sim, é muito, mas para o uso urbano interessa mais a aceleração 0-50 km/h, que é de 4,9 segundos). A autonomia é de ótimos 400 km no modo low, que limita a máxima 65 km/h e aumenta a regeneração.

Ao volante, a primeira impressão é a de um carro ágil para o uso no trânsito, graças às disponibilidade de torque imediata típica dos elétricos. Do lado negativo, a regeneração de energia das frenagens no modo Eco poderia ser mais forte e a direção, mais refinada.

O porta-malas minúsculo não é empecilho para o uso urbano, cenário ideal para carros elétricos. Falando nisso, como o carro é absolutamente silencioso, para evitar atropelamentos há um alerta sonoro que pode ser ativado para ser emitido automaticamente em baixas velocidades (mas devia ser mais alto).

A picape urbana: iEV330P

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Primeira picape 100% elétrica do mundo, a cabine dupla da JAC tem bastante espaço para os passageiros e, ainda, uma caçamba como 1,8 metro de comprimento, que permite acomodar uma moto mesmo com a tampa fechada.

No total, são quase 5,6 metros de comprimento. Como em todos estes elétricos da JAC, a picape foi baseada em um modelo que já existia, adaptada ao powertrain elétrico.

A capacidade de carga da iEV330P é de bons 800 quilos, enquanto de baterias a picape leva outros 600 quilos. No total, pesa mais de três toneladas, então o motor não garante um desempenho empolgante. Nem é sua proposta.

A máxima e de 98 km/h, o que não é um problema considerando sua proposta principal, obviamente urbana. Andamos com a picape sem carga, e pareceu bem assentada no chão — afinal, as baterias ficam abaixo do assoalho.

Essa localização da bateria diminuiu bastante a distância do solo, e, com tração apenas traseira e autonomia de 300 km, a picape definitivamente não é para trilhas.

Por R$ 229.900, ela chega em abril e custará mais caro que uma Toyota Hilux topo de linha ou uma VW Amarok V6, mas não vem tão equipada e não tem desempenho ou capacidades off-road que possam ser comparadas. Mas tem custo de manutenção e rodagem muito menor, além do atrativo da imagem “verde”, que pode fazer com que compense para uso comercial em muitas áreas.

O modelo que andamos não tinha multimídia e estava com o visual antigo, que acaba de ser atualizado. Ela será vendida como você vê nas fotos acima.

Crossover: iEV40

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A marca o chama de SUV, mas sabemos que o iEV40, assim como o T40 do qual deriva, é um crossover — vai pouco além de um hatch aventureiro. Com motor a combustão, ele deu trabalho para a concorrência e venceu nosso comparativo, mas aqui a história é outra.

Como nós demais modelos, o câmbio tem apenas as posições N, R e D. Não há modo P, trocas sequenciais, nada disso (afinal, quase todos os elétricos têm apenas uma marcha à frente e uma à ré). Todos eles também mostram o fluxo de energia na tela central e dados de consumo em gráficos.

Em relação ao T40, como o iEV20, é basicamente o mesmo carro, mas com acabamento melhorado em vários pontos e adição de painel digital, freio de mão elétrico com auto-hold e etc.

O motor elétrico tem 115  CV de potência e 27,6 kgfm de torque, garantindo um desempenho com arrancadas rápidas, com 0-100 km/h em ótimos 9s8, mas logo perde o fôlego (primeira impressão, condições limitadas de teste). A autonomia é de 300 km, e, como nos demais, a regeneração poderia ser mais forte… ao menos no trânsito de São Paulo.

No resto, o iEV40 é um carro normal, como todos. O espaço interno é satisfatório e as suspensões, meio macias demais no T40, aqui ficaram até melhores.

A questão é que, por R$ 153.500 você pode comprar SUVs a combustão ou híbridos bem superiores. Não rodarão com o mesmo silêncio e com custo tão baixo, mas, de modo geral, oferecem muito mais. Uma escolha muito pessoal.

O SUV médio: iEV60

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Diferentemente dos demais, o iEV60 ainda não teve a versão a combustão – o T60 de nova geração – lançada no Brasil (chega em novembro) Foi também o único modelo de passeio que ainda não pudemos acelerar. Ele só chega em julho do ano que vem e terá 380 km de autonomia. Mas pudemos ver sua cabine, que pareceu espaçosa e bem acabada. Custará R$ 198.900.

O caminhão: iEV1200T

Um caminhão com capacidade de carga de seis toneladas completa a linha de elétricos da marca chinesa. O iEV1200T pretende atender as empresas de transporte que usam os VUCs na cidade e tem 200 quilômetros de autonomia. Chega em dezembro.

Recarga

Nenhum deles vem com o carregador ideal para usar em casa. A marca o vende em parceria com a empresa EDP por um valor sugerido de R$ 8.500 (há opção de aluguel  por R$ 300 mensais (contrato de 36 meses) no uso residencial. Com o equipamento, a recarga completa leva cerca de 7 a 8 horas.