19/11/2019 - 15:00
Na segunda-feira, dia 17, a Audi anunciou o início da pré-venda do novo Audi Q3, que a princípio terá três versões com preços entre R$ 179.990 e R$ 209.990 (ou R$ 225.490 com opcionais) e entregas previstas para o fim de janeiro (leia mais aqui). Ontem, tivemos a chance de dar uma primeira volta no SUV, mas não exatamente como chegará aqui. E hoje pela manhã, vazaram os detalhes das versões, preços e opcionais (confira aqui).
Em um curto test-drive de pouco mais de 40 quilômetros pela exuberante chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, aceleramos unidades importadas da Hungria — de onde virá, pelo menos inicialmente, esta nova geração do crossover/SUV. Não daremos ainda as notas do carro, como de costume, uma vez que não é a versão correta/definitiva, e tem mecânica, suspensões e equipamentos diferentes.
NOVO CARRO, VELHA MECÂNICA
O Q3 avaliado tinha configuração europeia, com o novo motor 1.5 que desativa cilindros para poupar gasolina, e câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas. Porém, para reduzir custos, nenhuma dessas novidades estará nos modelos que serão vendidos aqui. E nem os motores 2.0 e a tração integral, ao menos por enquanto. Uma pena também, pois é a opção ideal para quem quer um carro com desempenho de fato empolgante e/ou a tração quattro que entrega mais segurança e esportividade, além de certa capacidade off-road.
O motor 1.4 a gasolina dos modelos que chegam em janeiro são os mesmos que equipam a geração que sai de linha, e com a desvantagem de não serem mais flex. E o câmbio será o mesmo atual, com apenas seis marchas. De certa forma um contrassenso, considerando que o SUV evoluiu tanto em plataforma e tecnologia (LEIA AQUI MAIS DETALHES).
De qualquer forma, o Audi Q3 1.4 “brasileiro” terá exatamente as mesmas potências e torque deste novo 1.5 avaliado, então o desempenho será bastante similar — afora a diferença de escalonamento do câmbio, claro, que o afeta. Ainda assim, o desempenho também será similar ao da geração anterior, já que a mecânica é exatamente a mesma.
REVOLUÇÃO NA CABINE
Dentro da cabine, o fato de adotar quadro de instrumentos digital — menos na versão de entrada, ao contrário do que a marca anunciou e publicamos anteontem — agradou, mas o layout do painel podia ter evoluído mais. Embora tenha mudado um pouco (e precisava, considerando que a Audi usa mais ou menos o mesmo visual há anos), dava para a marca ter sido mais ousada na mudança. De qualquer modo, ele ficou menos pesado e tem dois layouts principais, normal e esportivo.
O painel como um todo também está mais “fino”, mais próximo do para-brisa/coluna dianteira, o que ajudou a ampliar o espaço interno. Nesse ponto, o modelo ainda não impressiona, mas melhorou principalmente no espaço para as pernas no banco traseiro (mas quem viaja no meio ainda tem pouco espaço e se incomoda com o túnel centro alto). Legal que o banco traseiro é corrediço, permitindo aumentar o bagageiro (com sacrifício parcial ou até total do espaço traseiro)
Mas o maior ganho, sem dúvida, está no porta-malas, que era mesmo pequeno demais e agora é um dos maiores da categoria, como no mínimo 530 litros. E o acabamento interno, um dos grandes pecados da geração anterior, também evoluiu bastante, agora trazendo mais materiais macios e sofisticados.
A nova central multimídia (MMI Touch), agora com tela sensível ao toque, continua bonita e intuitiva de usar, como sempre foi nos Audi, e a operação foi facilitada pelos comandos na tela. Para algumas poucas funções com o carro em movimento, porém, a antiga era melhor, exigindo menor desvio de atenção. E a tela era melhor posicionada antes, mais no campo de visão, do que agora.
EQUIPAMENTOS
O Audi Q3 Prestige (R$ 179.990) já terá rodas aro 17, seletor de modo de condução, bancos em couro sintético, aletas para trocas de marcha no volante, sensores de luz e chuva, câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, faróis de LED e freios de estacionamento com auto-hold.
Mas só o intermediário Audi Q3 Prestige Plus (R$ 189.990) terá itens relativamente “básicos” no segmento, como ar-condicionado de duas zonas, cluster digital, chave presencial, retrovisor eletrocrômico, além de luzes ambiente, porta-malas com tampa motorizada, faróis full-LED e lanternas de LED. As rodas são de 18″ e o único opcional é o teto panorâmico.
Já o top Audi Q3 Black (R$ 209.990) virá com o teto de série, e somará ainda, por esses R$ 20.000 a mais, bancos esportivos em couro Alcantara com ajuste elétrico, volante esportivo com base chata e assistente de estacionamento. As rodas são aro 19.
Itens de segurança importantes como a frenagem de emergência são opcionais no Audi Q3 Black (R$ 8.000 o pacote com ele e o controle de velocidade adaptativo), assim como o pacote de luzes customizáveis (R$ 4.000) e o acabamento interno em Alcantara (marrom, laranja ou cinza, R$ 4.000). Para mais detalhes dos equipamentos, clique aqui.
AO VOLANTE
Esta versão 1.5, como as anteriores e a futura 1.4, entrega o mínimo suficiente. Apesar de aparentar precisar se esforçar ao limite em diversas situações, o desempenho do Audi Q3 vai até um pouco além do estritamente necessário, mas não chega a empolgar. O SUV acelera de 0-100 km/h em pouco mais de 9 segundos, retoma velocidade com facilidade, e trabalha em silêncio.
O conhecido câmbio de dupla embreagem é rápido nas trocas e usa a roda livre (banguela automática) para poupar gasolina. Nesta versão que guiamos, como uma marcha a mais, marca 2.200 rpm a 120 km/h. O consumo do Q3 1.5 ficou sempre acima de 10 km/l no test-drive, sem preocupação de guiar economicamente, mas o do “nosso Q3” muito provavelmente será mais alto, considerando o powertrain.
No sistema de direção, as respostas são diretas, como em outros modelos da marca. A calibração é exemplar: se não capricha na esportividade, entrega bastante precisão e conforto.
Já as suspensões agradaram bastante pelo bom isolamento do solo e, na dinâmica, pelo equilíbrio de estabilidade e conforto. Além disso, trabalha silenciosamente. Mas nosso Q3 será tropicalizado e terá rodas com medidas diferentes, então teremos que esperar para ver como ele vai ficar depois desses ajustes.
CONCLUSÃO
Apesar de ter sido totalmente renovado em plataforma e tecnologia, com alguns novos recursos, mais espaço na cabine e um ótimo porta-malas, e apesar de ter evoluído em dirigibilidade, o Audi Q3 não trará ao Brasil as maiores novidades mecânicas, presentes nestas unidades avaliadas, nem as mais empolgantes versões 2.0. Ao menos a princípio.
De qualquer forma, o Audi Q3 de segunda geração está mais bonito, confortável e bom de guiar. Mas resta ver como ficará a calibração da antiga mecânica no novo carro. Os preços e os pacotes de equipamentos, revelados na última hora, manterão o SUV competitivo diante da concorrência.
Há novidades “quentes”, como o novo Range Rover Evoque , que adotou estratégia diferente — por enquanto custa bem mais caro, a partir de R$ 281.300, mas sempre 4×4 e com um 2.0 muito mais potente (250 e 300 cv). O Volvo XC40 também vai bem no mercado e está bem mais alinhado em valores (R$ 177.950 com 190 cv e mais equipado que o Q3 e R$ 203.950 a 240.950 nas versões com um motor bem mais potente, de 252 cv). O Q3 ainda enfrentará os rivais mais tradicionais — a quase-minivan BMW X1 e o já envelhecido Mercedes GLA. De qualquer forma, o novo Audi Q3 tem algumas boas qualidades para conquistar seu espaço nesse nicho de mercado.