Achar um esportivo que rompa a barreira dos 200 cv sem ultrapassar outra barreira, a dos R$ 100 mil, não é fácil. Entre os nacionais, o único que chega (bem) perto disso é o Civic Si (193 cv), que custa hoje R$ 103.650. Já entre os importados, Hyundai Azera e Ford Fusion V6 cumprem a tarefa com preços na mesma faixa – mas, além de “caretas”, são muito grandes e confortáveis para serem esportivos (a nal, são, por de – nição, sedãs executivos).

É aí que entram Audi A3 Sport e Volvo C30 T5. Além do desempenho superior ao do Civic, oferecem belas carrocerias duas portas (para muitos, essencial em um esportivo), listas de equipamentos mais completas e o status das marcas europeias. E ambos na faixa dos R$ 110 mil. Se considerarmos que nossos hatches tradicionais em suas versões top (na casa dos R$ 80 mil), oferecem motores 2.0 com não mais de 150 cv de potência, estes importados não são tão caros. Então, entre o alemão A3 e o sueco C30, qual é o melhor? A princípio, a vitória do Volvo parece fácil – a nal, é mais equipado, luxuoso e potente. Mas é nos detalhes e, principalmente, dirigindo os dois, que o Audi mostra que a briga não é tão simples. Antes de ver o que os difere, é bom conferir no que se assemelham. Além do preço, da carroceria e do número de portas, ambos têm em comum, de mais notável, as medidas (quase idênticas), o limitadíssimo espaço interno, o difícil acesso ao banco traseiro, a tração dianteira e o motor turbo.

No C30 se sacri cou muito pelo design – e os apaixonados por suas linhas, fortes e inusitadas, juram que valeu a pena. Ele leva só quatro passageiros, e, apesar do bom entre- eixos (2,640 m), há pouco espaço para os joelhos. Além disso, o porta-malas é pequeno (233 litros) e a visibilidade traseira, péssima. No interior, o design clean impressiona, mas também tem seu preço: o porta-objetos atrás do belo console é um exemplo, pois não é nada prático colocar ou tirar algo dali. A lista de equipamentos é mais completa que a do rival, com destaque para os faróis de xenônio direcionais e o monitoramento do ponto cego (item necessário, em um carro com péssima visibilidade).

Eles têm desempenho de tirar o fôlego, mas o A3 Sport é mais desa ador

Mesmo não sendo um top de linha o A3 Sport oferece uma boa quantidade de equipamentos e carrega cinco pessoas, mas é mais apertado

No Audi, destaque para as borboletas no volante, que permitem as trocas sequenciais do câmbio automatizado de dupla embreagem. Um conjunto que faz diferenca e dá vantagem ao Audi

Com motor 2.5 16V cinco cilindros turbo, o C30 tem 230 cv e excelentes 32,6 kgfm disponíveis desde baixíssimas 1.500 rpm até 5.000 rpm) – números bem melhores que os do A3. Mas seu câmbio automático de cinco marchas com trocas sequenciais na alavanca é notável mais pela suavidade que pela agilidade. Já sua direção é pouco direta e o volante, grande demais – enquanto em relação à suspensão, rme, confortável e silenciosa, não há o que criticar.

Mesmo prejudicado pelo câmbio, o Volvo tem desempenho de tirar o fôlego. Mas o Audi, com um também turbinado 2.0 16V de 200 cv e 28,6 kgfm (de 1.700 a 5.000 rpm), pasmem, anda mais. Atinge 238 km/h (o Volvo chega a 235 km/h) e acelera de zero a 100 km/h em 6s8 (são 7s1 no C30). O resultado se deve não só ao bom motor com injeção direta, mas também ao câmbio automatizado de dupla embreagem e seis marchas, mais e ciente. E o Audi ainda possibilita troca de marchas por borboletas, quase indispensáveis em um esportivo – pois tornam desnecessário tirar as mãos do pequeno volante, com respostas diretas e leve (às vezes até um pouco demais).

O powertrain, en m, é tão esportivo que ca até difícil andar devagar no A3 – ele parece pedir para você acelerar sempre até o limite (enquanto o C30 satisfaz mais na estrada, em longas esticadas). Mas, apesar do excelente conjunto motriz, o Audi tem suspensões muito esportivas, é verdade, mas ligeiramente mais ruidosas e desconfortáveis. Pesa contra ele, também, a lista de equipamentos menos recheada (leia tabela). Já o interior, apesar dos cinco lugares, é mais apertado que no rival. Ele leva mais bagagem (bons 350 litros), mas a menor distância entre-eixos deixa o espaço para os joelhos, no banco traseiro, reduzido.

Já o belo e robusto C30 T5 tem suspensões menos ruidosas e desconfortáveis

Acima, o monitor de ponto cego: uma luz espia acende para alertar o motorista do perigo. Um equipamento extremamente útil em um modelo cuja visibilidade é praticamente nula por conta das linhas de design

A ousadia cobra seu preço no interior do C30, que acomoda só quatro pessoas. O porta-objetos, atás do console central vazado, é inacessível

Os carros oferecem desempenho esportivo, mas exigem bolsos bem recheados

O teto-solar, que garante claridade ao habitáculo, é item de série em ambos

No entanto, como nenhum dos dois oferece muito conforto para quatro (ou cinco) adultos, isso acaba não pesando na escolha. Nos produtos, temos, portanto, um empate. A escolha vai mais do gosto pessoal do que, de fato, da superioridade técnica. Recomendo um test-drive para ver qual o agrada mais. O A3 é arisco, provoca constantemente o motorista, gasta menos gasolina e tem um porta-malas maior. O Volvo é “pesadão”, tem um design ousado e exclusivo, uma lista de equipamentos superior e maior solidez. Mas a briga não acaba aqui: para quem pretende se iniciar nos esportivos importados, os custos de seguro, revisões e peças não podem ser deixados de lado.

Nos dois casos, as peças caras elevam a franquia cobrada pelas seguradoras

Ter um carro com faróis de xenônio, por exemplo, é mais seguro, mas eles custam mais de R$ 5 mil cada no caso do Volvo – cujo retrovisor esquerdo, rebatível eletricamente e com monitor do ponto cego, sai por mais de R$ 9 mil. Enquanto isso, um jogo de amortecedores do Audi sai por quase R$ 4 mil (leia a tabela de preços de peças). E como isso se re ete nos preços do seguro? Como se vê na tabela da próxima página, os preços das apólices, nos melhores per s de motorista, até que são razoáveis. Mas o seguro do Audi, para os piores per s, ca caro – bem mais que o do Volvo – enquanto o problema do C30 está na franquia alta (culpa, principalmente, dos preços dos parachoques e dos retrovisores, que podem ser dani cados em pequenas colisões).

Nos planos de manutenção para preservar a garantia, de dois anos para ambos, o Audi leva vantagem. Embora obrigue revisões mais frequentes, elas são mais baratas. Con ra os detalhes na tabela ao lado. Nos dois casos, gasta-se bastante para manter o carro em ordem. Mas, para quem procura prazer ao volante, vale muito a pena.

O C3 tem bancos de couro e uma série de ajustes elétricos (abaixo). Já no A3 Sport, a forração em pele é um acessório e as regulagens são todas por alavanca