NICK

MASON

“Descobri a importância dos carros na minha vida muito antes da música. Ser astro de rock nunca foi minha ambição”

Atravesso um pórtico de pedras, um portão de alumínio e uma porta blindada para entrar na fortaleza de Nick Mason. Para fãs de música, baterista e fundador do Pink Floyd. Para fãs de carros, um dos maiores colecionadores de modelos de corrida do mundo. Além da porta, há um monoposto vermelho e uma bateria com capas da Ferrari. É a síntese da alma do músico, um dos homens mais ricos de seu país.

Filho de um produtor de documentários, piloto e apaixonado por fotogra a, Nick entrou em contato com o automobilismo cedo. Na adolescência, aprendeu a fotografar e trabalhou como assistente do pai, registrando corridas e bólidos que marcaram época. “Descobri a importância dos carros na minha vida muito antes da música. Ser astro do rock nunca foi minha ambição.” Na década de 70, consagrado como baterista, virou piloto e passou a correr com um Austin Seven. “Meu pai pilotava um Bugatti antigo e cresci em um ambiente no qual os carros vintage eram culturalmente preciosos”, conta. Isso explica seu fascínio por modelos clássicos, que considera mais emocionantes que os atuais. “Em um carro de época, o divertimento ca dentro dos limites legais”, justi ca. “A nal, apesar do fascínio, tenho consciência de meus 67 anos”, brinca o baterista que, no dia a dia, dirige uma moto e um Audi RS6. A carreira de piloto continuou, mas não foi levada a sério. Mason diz que nunca almejou vitórias, mesmo nas cinco vezes em que disputou as 24 Horas de Le Mans.

No alto, o primeiro CD da banda e uma foto do grupo na época (Mason está identi cado pela seta). Mais abaixo, ele e sua bateria com capas da Ferrari. Acima, o músico encara as pistas em seu modelo preferido, a Ferrari 250 GTO, e a bordo do raríssimo Auto Union Tipo C 1936. Ao lado, posa com um boneco usado pelo Pink Floyd

O acervo de Mason incluiu 40 exemplares raríssimos, como um Panhard 1901, um Bugatti Type 35, um Jaguar D-Type e duas Ferrari, uma 512S e uma 250 GTO – seu modelo preferido. Mas ele recusa o rótulo de colecionador. Diz que seus carros são usados, não catalogados. “Como tudo, você começa vendendo um para comprar outro. Depois, sempre que vê algo interessante, você compra.” Ele costuma adquirir modelos que deseja pilotar e não os mais interessantes para a coleção. Há alguns anos, colocou seus carros “para trabalhar”. Com aparições em lmes e comerciais, eles custeiam parte das despesas que dão. Sem espaço para armazenar tantos exemplares, alguns cam em hangares e outros em museus.

Pergunto a Mason o que há em comum entre seus carros e sua música. “O dinheiro. Sem o dinheiro da música, não poderia ter os carros.”, brinca. Brincadeiras à parte, ele garante que fazer uma música ou pilotar um carro é sempre um prazer. “A felicidade é o denominador comum”, conclui.