Segunda-feira, 13 de julho, celebrou-se o Dia Internacional do Rock. A data é uma bobagem mais lembrada no Brasil do que de fato um marco global. O dia marca o aniversário do Live Aid, o festival mundial que chamou a atenção na década de 80 para a situação da fome na África. Mas a aproximação do tal dia do rock me fez pensar na relação entre o gênero musical e motores. Mais especificamente no modelo que representa um clássico do rock: o Ford Mustang.

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Talvez nenhum outro estilo tenha mais a ver com carros do que rock. Ok, talvez o hip hop hoje esteja muito ligado. Mas é uma conexão diferente. Mais visual e menos alma. Ninguém imagina Dominic Toretto e Brian O’Conner, os protagonistas da saga Velozes e Furiosos, rasgando as ruas de Los Angeles como raios de neon em hiper esportivos saturados de óxido nitroso ao som de guitarras.

Dominic Toretto (Vin Diesel) e Brian O'Conner (Paul Walker): os protagonistas de Velozes e Furiosos

Mais fácil imaginá-los correndo por aí sob as rimas pesados de algum rapper. Provavelmente culpa de Lil Jon & East Side Boyz cantando uma versão polida e educada de Get Low na abertura do game Need For Speed: Underground. Por outro lado, ninguém imagina um Dodge Charger cortando a aridez do Mojave num asfalto rachado e esquecido ao som de Kanye West.

Mas a contestação rebelde do rock parece mais intrínseca ao mundo dos automóveis. A paixão legítima pela liberdade proprocionada por um carro solitário cruzando o deserto é clichê musical. Mas, piegas ou não, é amor verdadeiro. E entre os modelos de carros, poucos foram tantas vezes personagens de músicas quanto o Ford Mustang. Há uma série de clássicos do rock sobre o muscle car. Mas nenhuma se compara a Mustang Sally.

A música foi composta por Mack Rice em 1965, meses após o lançamento do primeiro modelo de Ford Mustang no mercado americano. E nestes 55 anos de existência, a canção de Rice foi regravada oficialmente (ou seja, com autorização dos detentores do espólio artístico de Rice) quase 100 vezes. As versões mais famosas são de Wilson Pickett (regravada no ano seguinte, 1966) e da banda-fake-entretanto-genial The Commitments, do filme homônimo de Alan Parker.

Mas a própria origem da música traduz melhor que qualquer coisa a ligação entre a rebeldia roqueira e o carro. É que Mustang Sally surgiu de uma piada entre músicos. Era 1964 e Rice foi visitar sua amiga Della Reese, já renomada cantora. Rice chegou no momento em que Reese brincava com o líder de sua banda, o baterista Calvin Shields. Ela queria presenteá-lo com um Lincoln Continental. Mas Shields, então com 40 anos, mas de espírito jovial, retrucou que queria um Ford Mustang, que acabara de ser lançado.

O Lincoln Continental preterido por Shields en detrimento do Mustang
O Lincoln Continental preterido por Shields en detrimento do Mustang

Rice e Reese nunca tinha ouvido falar no tal Mustang. Mas Mack Rice tirou sarro de Shields por ele querer um carro menor que o oferecido. Tamanho não é documento, mas… Rice achou que a piada valia uma música, e colocou-se a escrever sobre uma mulher (Sally) que não quer saber de mais nada a não ser andar por aí com seu carro novo. Esse tal de Mustang.

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Inicialmente, Rice batizou a música de Mustang Mamma, mas Aretha Franklin aconselhou-o a trocar para o definitivo Mustang Sally, já que ele mencionava o nome no refrão. E assim o recém-nascido Ford Mustang deu os primeiros passos para se tornar um clássico do rock. E até hoje eu nunca consegui confirmar se Shields, que morreu em 2010, ganhou o Mustang.

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