“Escolhi a cor simplesmente por achá-la bonita, e o interior bege traz leveza e não esquenta muito”

Ida Kaizer

Nem preto nem prata. A nova moda no mercado automobilístico é a cor branca. Os números comprovam: enquanto em 2009, no Brasil, o total de vendas de modelos nessa cor era 10%, em 2010 esse número passou para 13%, e a tendência é aumentar ainda mais. O “fenômeno” vem ocorrendo principalmente nos modelos de luxo, “a cor prata é hoje a cor menos vendida aqui”, afi rma Elis Corá, gerente da Autostar, concessionária BMW localizada em São Paulo.

A BMW antecipou essa tendência em 2010, quando colocou apenas carros brancos no seu estande no Salão do Automóvel. “Adotamos essa medida para, além de expor a beleza dessa cor, mostrar que a BMW está direcionada à evolução e sustentabilidade”, garante o porta-voz da marca, Marcelo Silva.

Outro fator que exemplifica a maior procura pelo branco é o sobrepreço de R$ 5 mil que a Hyundai cobra do comprador do Veloster que escolher essa cor. O tom, que tanto sofreu preconceito em São Paulo, por ser considerado exclusividade dos táxis, tornou-se sinônimo de luxo e requinte. Aliás, foi buscando exatamente isso que Danilo Azevedo comprou seu Fusion branco: “O carro fi ca mais jovial e com uma cara mais esportiva nessa cor. Ela fez toda a diferença!”, explica.

Esse luxo e exclusividade a que Danilo se refere tem a ver também com o fato de que as concessionárias têm oferecido cada vez mais modelos na cor branca com efeitos especiais, como o pérola. “O branco é associado à transição”, afi rma Peter Weil, professor doutor de antropologia cultural da Universidade de Delaware (EUA). Ou seja, as pessoas buscam uma imagem de requinte e ascensão, e é exatamente isso que essas cores com efeitos especiais costumam representar.

Já Ida Kaizer, proprietária de um Land Rover Freelander branco, garante que o que a motivou a optar pela cor não tem nada a ver com moda. “Escolhi essa cor por achá-la bonita, o interior bege traz leveza e não esquenta muito”, explica.

“Na cor branca, o Fusion fica com visual mais jovial e esportivo”

Danilo Azevedo 

 

Mas será que essa moda dura? Será que esses carros não vão virar um mico no mercado de usados? “Isso é tudo cíclico, tem época que branco é tendência; em outra, é o preto. É mais garantido que não vão perder dinheiro aqueles que pretendem ficar pouco tempo com o carro, pois, na hora da revenda, o carro ainda vai estar na moda”, é o que afirma o consultor financeiro da IHS, Fernando Trujillo. Glauci Toniato, gerente de marketing de produtos da Mercedes, discorda: “Aqueles que não têm condição de comprar o carro branco zero-quilômetro terão a chance de adquiri-lo no mercado de usados, o que garante que o produto não será um mico nunca”, afirma. Já a Porsche garante que “no momento a procura e a forma de agir do consumidor indicam que o aumento de carros da cor branca é uma tendência que pode se tornar, sim, uma constante”.

Para quem não quer se arriscar, vale a dica: os carros prata e preto continuam sendo um consenso no mercado brasileiro.