01/01/2012 - 0:00
Honda ACX
Os dois conceitos da Honda apontam a direção para que possamos enxergar o futuro da marca. O ACX (acima) parece antecipar linhas e soluções que estarão no Civic de décima geração
Honda EV-Ster
O elétrico EV-Ster acelera de zero até 100 km/h em cinco segundos. Resgata a esportividade, mas de olho no futuro
A indústria automobilística japonesa tem passado por maus momentos nos últimos anos. Depois que eles começaram a se impor ao mundo com a qualidade e confiabilidade de seus produtos, a partir de meados dos anos 80, os anos 90 foram marcados pelo arrojo de seus designs: além de bons e confiáveis, eles passaram também a ser bonitos e atraentes. Com isso, entraram no século 21 mundialmente respeitados como um dos melhores fabricantes de automóveis do planeta. Pelo menos se destacavam como os que melhor conseguiam conciliar qualidade e preço atraente. Criaram marcas de carros de luxo, de superesportivos e passaram até mesmo a serem vitoriosos nas competições, que, por várias décadas, foram um universo absolutamente dominado pelos europeus, principalmente.
Mas a chegada do século 21 guardava também algumas surpresas desagradáveis. Primeiro foram os seguidos problemas em alguns de seus produtos, o que acabou maculando a imagem de segurança, resistência e durabilidade. Para a Toyota, esses problemas custaram a liderança do mercado norte-americano, que vende hoje cerca de 14 milhões de veículos. Problemas semelhantes prejudicaram a Honda, que amargou milhões de dólares em prejuízos. Além dessas questões técnicas com os produtos, que alguns especialistas atribuem ao crescimento exagerado que a indústria japonesa experimentou (e que acabou gerando um controle de qualidade deficitário de fornecedores). Os japoneses transformaram-se em alvo dos fabricantes dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, essa última, concorrente agressiva em todo o mercado mundial.
Toyota Fun-Vii
Nissan PIVO3
Honda Micro Commuter
Muitos microcompactos tecnológicos em Tóquio: o Nissan procura uma vaga e estaciona sem o motorista. No Honda, os painéis externos podem ser personalizados. Já o Regina, abaixo, é o estudo de um carro global
Suzuki Regina
Nissan Juke Nismo
O Nissan é uma versão esportiva do exótico crossover japonês
Mas os maus momentos não parariam por aí. Quando a indústria japonesa iniciava um processo de recuperação de sua imagem de competência – o que nunca lhes faltou, na verdade – veio o tsunami, em 2011. O país foi varrido por terremotos e onda gigantes que engoliram cidades inteiras, com milhares de mortos. Uma tragédia. Tudo foi afetado, desde o fornecimento de energia elétrica (com usinas nucleares fora de controle) até o completo desaparecimento de muitos fornecedores, que iam de componentes eletrônicos a pigmentos de tintas. Um caos que parou o país e as montadoras japonesas. A Toyota, que inventou o conceito just in time, pelo qual a fábrica trabalha sem estoque, baixando os custos de produção, viu-se – assim como as suas seguidoras locais Honda, Suzuki, Nissan e Mazda – desabastecida de componentes para a fabricação de seus automóveis e foi obrigada a fechar temporariamente algumas de suas fábricas mundo afora.
.Mas os japoneses, nesses últimos 35/40 anos, aprenderam muito. E aprenderam rápido. Ainda estão no processo de se reerguer de todas as desgraças que viveram nesses últimos anos sejam elas naturais, sejam técnicas. Nesse 42º Tókio Motor Show, nome oficial da mostra japonesa, toda essa narrativa anterior ficou clara: eles mostraram ao mundo que dispõem de muita tecnologia automotiva, com know-how adquirido nas últimas décadas, tanto de construção quanto de opções de propulsão, além de recursos para desenvolver toda essa tecnologia. A indústria japonesa deixou tudo muito claro na mostra de Tóquio.
Caminhando pelo salão, era possível perceber que eles não dispõem de recursos para exibições grandiosas como as do passado: os estandes das marcas nipônicas eram simples e pequenos pela grandiosidade da própria indústria. Tanto que o espaço de Makuhari Messe, anteriormente utilizado pelo salão, ficou grande. A organização optou pelos moderados 35 mil m² do espaço Tókio Big Sight, mais perto do centro da capital e adequado à situação atual.
Subaru BRZ
Acima, um Subaru. Abaixo, um Toyota. Mas trata-se do mesmo carro. A parceria entre as japonesas rendeu dois belos esportivos com motor 2.0 de200 cv
Toyota GT-86
O modelo esportivo tem portas dianteiras que abrem para cima e traseiras do tipo suicida. A versão definitiva chega no ano que vem
Subaru Advanced Tourer Concept
Suzuki Swift Sport
Mitsubishi PX-Miev II
Toyota FCV-R
Mazda Takeri
Uma versão esportiva do Swift, o crossover atualizado da Mitsubishi, o Toyota a hidrogênio e o próximo Mazda6
Ainda assim, com relação à desastrada mostra de 2009 (praticamente só existiam expositores locais, pois o salão aconteceu no meio da crise mundial e todos os expositores de fora cancelaram sua participação), 2011 foi um sucesso: 176 expositores de 12 países. As 14 fábricas japonesas (inclusive as de motos) eram representadas por 15 marcas. Entre as estrangeiras, 20 fabricantes que representavam 24 marcas.
Em um primeiro momento, para quem só visitou o salão de 2009, a impressão foi de sucesso total, mas, na prática, não foi bem isso que pudemos ver. Comparado aos salões dos anos 90, por exemplo, a diferença foi gritante. Além dos estandes modestos demais, o Tókio Big Sight estava dividido em duas grandes áreas distintas que ficavam cerca de 500 metros uma da outra. O visitante via uma parte, depois caminhava toda essa distância por corredores intermináveis para conseguir chegar ao outro lado e visitar o restante do salão.
Claro que as arqui-inimigas Honda e Toyota não estavam no mesmo bloco: cada uma tinha seu estande em um bloco diferente, aliás os maiores da exposição. Como as áreas ocupadas pela maior parte dos estandes era relativamente pequena, havia muito lugar vago nos 35.000 m² do pavilhão. Isso dava um ar melancólico ao evento. Mas para os japoneses o Salão de Tóquio foi uma boa opção de lazer: aberto ao público no dia 3 de dezembro, a mostra conseguiu reunir, até o dia 11 de dezembro quando foi encerrada, 842.600 visitantes. Longe das épocas áureas, quando chegou a receber mais de 1,5 milhão de pessoas, mas, ainda assim, um público respeitável.
Mas lembrem-se: eles ainda estão em recuperação. E pelo que mostraram em termos de tecnologia, certamente eles deverão voltar ao topo muito em breve. Nunca duvide da determinação do povo japonês.
A montadora alemã era uma das poucas ocidentais presentes. Apresentou o crossover que antecipa o futuro do design da marca e uma versão aventureira da perua Passat
Audi A1 Sportback
Entre os alemães premium, os destaques foram para a nova versão conceitual da família A, apresentada com carrocerias hatch e sedã e para o Audi A1 com quatro portas
Classe A Concept