24/10/2020 - 9:01
O que achamos de um carro depende muito do que nós esperamos dele. A realidade nem sempre corresponde às nossas expectativas. Ao programar esse Chevrolet Onix Turbo manual para teste, e frustrado por saber que o “esportivado” RS chegou apenas com câmbio automático, logo imaginei um esportivinho.
O visual cheio de vincos e as rodas pretas da unidade testada ajudaram a criar a expectativa de esportividade. Nesse ponto, a cabine me agradou: é bem equipada e tem acabamento que imita carbono, além de um bom espaço no banco traseiro e também no porta-malas (com 4,16 m de comprimento, ele é quase um hatch médio).
Gostei do computador de bordo com gráficos de consumo, média móvel dos últimos 50 quilômetros e muito mais. Além disso, o sistema multimídia é bastante fácil de usar (só não gastaria para ter internet: meu celular faz igualzinho).
Apesar do assento curto, o banco em peça única acomodou bem meu corpo, e junto com os ajustes amplos do volante, permitiu achar uma boa posição de dirigir. Na cidade, o torque entregue em baixas rotações economiza as trocas de marcha e dá agilidade, além de garantir um consumo excelente (de 11 km/l em nossa avaliação). Mas ele me conquistou foi na estrada – não como esperava.
+Teste rápido: Volkswagen ID.3, Fusca da era elétrica, está mais para Golf
+[EXCLUSIVO] Avaliação: ao volante do Fiat 500e, elétrico confirmado no Brasil
+Jeep Compass vs. Ford Territory e Chevrolet Equinox (comparativo)
+Avaliação: Volvo XC60 Polestar é um híbrido poderoso
O motor 1.0 de 118 cv é mais do que suficiente. O Chevrolet Onix Turbo manual acelera e retoma bem, e dá para fazer quase tudo em terceira marcha, de saídas de lombada a retomadas rápidas 60-120 km/h. Ele “puxa” bem, e às vezes a frente até destraciona.
Uma shift-light acende em baixa rotação, para economia, depois em alta, para performance. Mas, para ser esportivo, faltou uma transmissão melhor. Os engates são difíceis e não ajudam a trocar marchas rapidamente. E, para piorar, as relações longas privilegiam o consumo (“cortam o embalo” nas trocas).
Já as suspensões não são firmes como num esportivo, mas, depois que apoiam, controlam bem a carroceria. Falta também, para ser esportivo, uma direção mais direta e freios mais sensíveis.
No fim, a realidade não mostrou um esportivo, embora ande forte, mas um ótimo “compacto-médio” de uso familiar. O rodar silencioso agradou, e, a 120 km/h (2.500 rpm em sexta) a média com gasolina ficou em ótimos 17 km/l. Mesmo andando mais rápido, o motor impressionou pela atuação sempre bem silenciosa.
Não compraria este Chevrolet Onix Turbo manual como carro principal porque preciso de mais porta-malas. Como segundo carro, para uso urbano (não pego trânsito pesado) ou viagens curtas, sozinho ou com pouca bagagem, teria espaço na minha garagem, apesar de não ser o esportivo que esperava. Optaria pelo LT, de R$ 63.890.
Flávio Silveira | Editor
CONTRAPONTO
Sou dono de um subcompacto há oito anos, e, embora ele seja um “backup”, com pouco mais de 33.000 km, futuramente penso em trocá-lo. E este Chevrolet Onix Turbo manual encabeça a minha lista de pretendentes. Eu ando sozinho grande parte do tempo, não sou casado e tampouco preciso de um porta-malas volumoso.
Portanto, esse Chevy se molda perfeitamente ao meu uso. Apesar de não ser muito ligado em tecnologia, curti o wi-fi embarcado e pagaria pelo serviço, pois ele funcionou muito bem tanto na estrada quanto ao passar por túneis.
Concordo com o Flavio sobre o desempenho esperto do motor, que privilegia a dirigibilidade e os engates pesadinhos do câmbio manual. Entretanto, achei as respostas da direção de acordo com a proposta do carro.
Ao contrário do meu colega, enfrento congestionamentos e, mesmo assim, o pedal da embreagem é macio e não me cansou após um tempo ao volante. Essa experiência serviu para afirmar que ainda terei na minha garagem um Onix “turbão” manual. Ainda mais nesta belíssima cor laranja “Tiger” com as rodas opcionais em tonalidade mais escura.
Rafael Poci Déa | Repórter
COMPRE SE…
- Você quer um hatch com bom porta-malas, bom desempenho e muito econômico, e não faz questão de transmissão automática.
- Você é ligado em tecnologia, gosta de mimos e das últimas novidades no seu carro – nesse caso, opte pela versão LTZ avaliada.
NÃO COMPRE SE…
- Você busca um carro com câmbio manual e turbo principalmente pela esportividade. Aqui o turbo é principalmente para a economia.
- Você quer apenas um bom carro compacto para uso urbano. Neste caso, a versão com o motor 1.0 aspirado é ainda mais econômica.
CONSIDERE TAMBÉM ESSES CONCORRENTES:
VW Up Connect TSI R$ 57.090
Único outro hatch também turbo e manual, ele tem 105 cv e uma transmissão bem melhor, mas é menor e muito menos espaçoso e equipado
Chevrolet Tracker Turbo R$ 87.490
Se você prefere SUV, a Chevrolet também tem um, com exatamente a mesma mecânica turbo e manual, mas custa R$ 20 mil a mais.
Chevrolet Onix LTZ MT
Preço básico (TURBO) R$ 63.890
Carro avaliado R$ 67.390
Motor: três cilindros em linha 1.3, 8V, duplo comando variável, turbo
Cilindrada: 999 cm3
Combustível: flex
Potência: 116 cv (g/e) a 5.500 rpm (e)
Torque: 16,3 kgfm (g) e 16,8 kgfm (e) a 3.500 rpm
Câmbio: manual, seis marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,163 m (c), 1,730 m (l),1,476 m (a)
Entre-eixos: 2,551 m
Pneus: 185/65 R15
Porta-malas: 275 litros
Tanque: 44 litros
Peso: 1.075 kg
0-100 km/h: 10s2 (g) e 10s1 (e)
Velocidade máxima: 180 km/h (g/e)
Consumo cidade: 13,5 km/l (g) e 9,4 km/l (e)
Consumo estrada: 16 km/l (g) e 11,2 km/l (e)
Emissão de CO2 91 g/km
Com etanol = 0 g/km
Consumo nota A
Nota do Inmetro: A
Classificação na categoria: A (Médio)