02/10/2020 - 11:32
O Euro NCAP apresentou os resultados dos primeiros testes realizados com os novos protocolos de teste para sistemas semiautônomos — de auxílio ao motorista, direção assistida ou assistência de direção. E a Tesla, que vende seus carros há tempos com o polêmico sistema chamado “Autopilot”, se saiu mal — a começar pelo seu nome.
Dez carros diferentes com tecnologias de nível 2 (confira aqui os diferentes níveis de automação dos carros) foram examinados pelo órgão europeu de segurança veicular. Os testes foram feitos com as funções “Highway Assist”, ou seja, sistemas que auxiliam o motorista na condução em estradas, mantendo a trajetória e distância dos demais veículos presentes (como o ACC).
Os testes realizados pelo Euro NCAP são pontuados em quatro níveis (very good, good, moderate and entry — muito bom, bom, moderado e básico). São, portanto, diferentes dos usados nos testes de colisão (com classificação de até cinco estrelas).
COMO É O TESTE
Os resultados dos testes da Euro NCAP para a avaliação dos sistemas de assistência ao motorista, ou direção assistida, foram examinados em uma combinação do regulador de velocidade ativo, ou ACC (também conhecido como piloto automático adaptativo ou controle de velocidade de cruzeiro ativo) — que ajusta a velocidade do carro em função da velocidade definida pelo condutor e dos veículos que circulam à sua frente) e do sistema de manutenção de trajetória (também conhecido como assistente ativo de faixa, assistente ativo de manutenção em faixa, etc.).
O trabalho é realizado há dois anos, mas agora usa novos procedimentos que não apenas verificam a eficácia dos aparelhos (como em 2018), mas também outros aspectos — a começar pela comunicação preparada pelas Casas para divulgar estes sistemas. E é aí que o bicho pega para a Tesla.
PROPAGANDA ENGANOSA
O nome também importa. Como aponta o Euro NCAP, ele pode ser propaganda enganosa: definir o Autopilot Tesla como um dispositivo que não exige aa atenção constante do condutor (conforme exigido pela regulamentação europeia em vigor) pode induzir o condutor a abusar do sistema, criando situações perigosas.
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Por isso, o órgão avalia também o nome do sistema e e sua descrição em materiais destinadas ao público e nos manuais de uso do carro. Outro ponto dos testes de assistência à condução é a indicação do estado do sistema (por exemplo, se está ativado ou desativado). E também é considerada a monitorização da atenção do motorista e as ações do sistema em caso de distrações.
Por fim, a instituição analisa também o comportamento dos sistemas após uma intervenção do condutor na direção — por exemplo, para evitar um buraco: o ideal é aquele que colabora, ajuda nas intenções do condutor e retoma o sistema após a manobra de evasão.
Outros ponto julgado está na adaptabilidade automática do regulador de velocidade ativo aos limites de velocidade e às características da estrada (por exemplo, no caso de curvas) e ao comportamento do carro no caso de um veículo mais lento entrar na sua frente.
OS RESULTADOS
Entre os carros submetidos aos testes Euro NCAP, os melhores resultados foram obtidos por três alemães: Audi Q8, BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe G obtiveram as notas mais altas, com quatro pontos de quatro e a classificação “muito bom”. Os três pontuaram, respectivamente, 78%, 82% e 85% nos testes de interação de sistemas com o motorista e 84%, 90% e 89% nas tecnologias de apoio à segurança do veículo.
O único modelo que obteve três dos quatro pontos, com a classificação “bom”, é o Ford Kuga, que obteve 66% nos testes de cooperação homem-máquina e 86% nos testes de segurança.
A avaliação foi “moderada”, no entanto, para o Nissan Juke (52% e 72%), Volvo V60 (71% e 50%), Volkswagen Passat (76% e 61%) e, surpreendentemente, também para o Tesla Modelo 3 — punido principalmente pela nome “enganoso” do sistema de assistência ao motorista e pela falta de envolvimento do condutor.
O Tesla, aliás, teve apenas 36% na avaliação da interação do Autopilot com o motorista, mas se recuperou com os 95% na seção Safety Backup (backup de segurança) — a maior pontuação registrada pelos dez carros testados. Por fim, o Euro NCAP avaliou os sistemas de assistência do Peugeot 2008 (61% – 40%) e do Renault Clio (62% – 43%) como apenas como “básicos”.