A Kia transformou o pouco atraente Picanto em um carro interessante. Além de um design reformulado, ele ganhou nova plataforma, cresceu nas medidas e recebeu outra mecânica. Apesar de o motor ser um ex 1.0 de três cilindros – o que poderia passar a sensação de um desempenho modesto –, sua potência máxima é de respeitáveis 80 cv com etanol (77 cv com gasolina). É o 1.0 aspirado mais potente do mercado nacional. E, o que é melhor: com força abundante desde as rotações mais baixas graças ao comando de válvulas variável.

Isso permite boa arrancada e retomadas que chegam a surpreender. Pelo menos com esse câmbio manual de cinco marchas (a Kia oferece também uma versão automática). O carrinho é bem ágil no trânsito e está longe daquelas respostas típicas dos populares, que exigem muitas trocas de marchas e chegam a irritar o motorista. Além disso, o Picanto é bem econômico, apesar do tanque de combustível minúsculo (apenas 35 litros), que exige reabastecimentos constantes. A vantagem é que com pouco dinheiro é possível encher o reservatório.

O espaço do banco traseiro é bom para duas pessoas, mas incômodo para três. O porta-malas é modesto, porém suficiente para um carro de propostas urbanas: comporta bem compras semanais de supermercado; não as bagagens de uma família para viagens.

O ponto negativo ca para o preço, comprometido por conta da nova alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O valor de entrada do carrinho passou de R$ 34.990 para R$ 39.990. A vantagem continua sendo o pacote de opcionais que conta com ar-condicionado, sistema de som, direção elétrica progressiva, airbags frontais, vidros e travas elétricas, rodas de liga leve e volante forrado em couro, entre outros.

Por R$ 44.990, você leva o modelo intermediário, com transmissão automática de quatro marchas. Por esse mesmo preço, há ainda uma configuração com câmbio manual, teto-solar, freios ABS e seis airbags. Esta, sem dúvida, uma das mais interessantes opções. A versão completíssima, com tudo o que foi descrito anteriormente e câmbio automático, sai por R$ 49.990. Um preço já bem salgado para um 1.0.

 

Mesmo na versão de entrada, ele já oferece um pacote de equipamentos bastante interessante, e o interior – bem acabado – não parece o de um modelo 1.0 convencional. Mas o espaço interno e o porta-malas são limitados, ideais para um casal

CONTRAPONTO

● Tenho uma opinião contrária à do Douglas. Ele a rma que a “Kia transformou o Picanto em um carro interessante”, mas, para mim, o compacto perdeu muito de seu apelo nesta nova geração. Apesar do design belo e encantador e do desempenho realmente excelente para um modelo 1.0, esse carrinho cou caro demais. A geração anterior, há coisa de quatro anos, era uma oferta única: urbano, compacto, bem equipado e automático, custava menos do que alguns populares. Hoje, o mercado mudou, o Kia encareceu e virou apenas mais uma opção. E ciente para a cidade, como disse Douglas Mendonça, mas comum. Quer ver? Pelo que ele custa, você pode levar para casa um Fiat 500 completinho. Ou, se não zer questão do visual descolado e, de quebra, quiser um pouco mais de espaço interno, porta-malas e motor maior, dá para economizar uns R$ 3 mil e levar um Gol 1.6 i-Motion (automatizado) ou ainda um March 1.6. Com esse panorama, o Picanto manual não seria minha primeira escolha.

ANA FLÁVIA FURLAN | EDITORA

OS CONCORRENTES

1 – Fiat 500

“O design é mais diferenciado e o motor 1.4 faz diferença. Em itens de série, também leva a melhor, mas tem só duas portas” Roberto Assunção

2 – Nissan March 1.6

“O Picanto é muito mais bonito que o modelo da Nissan, mas o March é um carro maior e bem mais versártil que o Kia”

Flavio R. Silveira

3 – Gol 1.6

“A dirigibilidade do VW é melhor que a do Kia, sem dúvida nenhuma. E, com os mesmos itens, eles saem quase o mesmo preço”

Rafael Poci Déa